A formação do actual Governo ocorreu de forma pouco ortodoxa, levantando dúvidas quanto à sua capacidade de sobrevivência. Trata-se de um país independente que não deve ser observado com ares de paternalismo que faça recordar os tempos do colonialismo. Mas a sua juventude. a inexperiência dos seus políticos, as tradições da população e os traumas da história recente fazem que estejamos atentos ao que se passa.
Por outro lado, um País recém criado como Estado independente, pode criar as suas estruturas de forma pura e inovadora respeitando a sério os princípios da democracia. Daqui podem vir casos a lamentar ou, o que será muito positivo, boas lições ensinando como se pratica a Democracia. Poderemos vir a aprender muito com Timor-Leste
Os governantes não precisam ser homens excepcionais, sumidades de inteligência muito acima do normal ou cientistas com vasto currículo. Têm que ser pessoas normalmente honestas, com vontade de fazer crescer o seu país, de melhorar as condições de vida do seu povo, sempre com verdadeiro sentido de servir o Estado. Não podem esquecer que a base da democracia assenta numa estrutura imprescindível e que deve ser eficiente de controlo apertado e eficaz dos órgãos do poder e de quem os desempenha. É essa função de controlo que define a democracia e não o direito ao voto, pois votar também acontece em Cuba, na Venezuela, no Zimbabwé e acontecia no Iraque de Saddan.
O Parlamento de Timor-Leste aprovou ontem um voto de confiança ao Governo e chumbou uma moção de rejeição apresentada pela Fretilin e apoiada pela coligação KOTA-PPT, o que levou Mari Alkatiri a afirmar que "o Governo não tem legitimidade", e que "o primeiro-ministro de facto só tem 24% dos votos".
A isto o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, respondeu que a partir de 2008 "será um Orçamento no qual serão introduzidas as coisas que a Oposição disse que faltavam neste e sobre as quais tem razão". E declarou mais: "estamos a andar no bom caminho, no sentido de aceitarmos que a democracia é assim e que as boas propostas são aceites, partam de quem partirem", dizendo-se "satisfeito porque Timor tem uma Oposição forte que vai fiscalizar bem o Governo".
Estas palavras acerca da essência da Democracia e do papel da oposição e da aceitação pelo governo das propostas que receba, poderão constituir uma boa lição para o Mundo Democrático, na linha já aqui exposta.
A Decisão do TEDH (395)
Há 13 minutos
2 comentários:
João
Não concordo nem discordo de todo deste seu post.
Timor parece não querer sair da crise, parece não querer amadurecer. Habituaram-se a andar em guerrilha e agora é o que se vê.
Quanto às eleições, elas ditaram um resultado. Em qualquer outro país, penso eu, o partido mais votado seria convidado a constituir governo. Em Timor isso não aconteceu. Certo? Errado? Eles lá sabem, mas que fica sempre a suspeição, fica. Que isso dá brado a que a Fretilin esteja sempre à espera da mínima falha, dá.
Não digo que Xanana não seja uma boa escolha, mas seguramente não é o único capaz em Timor.
Bom domingo
Abraço
Caro Amaral
As suas reflexões são totalmente razoáveis. Há uns poucos viciados no poder que não largam as cadeiras para o partido mais votado. Falam em democracia mas desprezam a vontade do povo soberano. Onde irão parar? Não se sabe, mas acaba mal. Depois viciaram-se a ser meninos bonitos com direito a todo o apoio internacional e não pensam governar-se seriamente. E, para pior, têm petróleo o que significa que aparecerá a corrupção e o enriquecimento ilegítimo e a ditadura para os do Poder não largarem o tacho. Roberto Mugabe também era um democrata no início!!!
Abraço
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