Transcreve-se o seguinte artigo de Manuel António Pina, do Jornal de Noticias de hoje que foca um tema já aqui abordado.
Uma boa causa
Por outras palavras, Manuel António Pina
As férias impediram-me de louvar aqui o novo "Estatuto do Deputado" publicado em Julho no DR que prevê que cada deputado passe a ter um assessor "pessoal", além dos que já têm os grupos parlamentares.
A medida contribuirá decerto decisivamente para os 150 000 novos postos de trabalho prometidos no programa do Governo, mesmo custando (adivinhem a quem) entre 4,6 e 7 milhões de euros por ano. Para já serão só mais 230 empregos, mas outros hão-de vir. Iremos, pois, eleger 230 deputados e estes elegerão depois, entre cônjuges, familiares e amigos seus e do Partido, mais 230 para trabalharem (ou, se for o caso, dormirem na bancada) por eles.
Nesta altura, o PS tem já 76 assessores a quem a AR paga 2,2 milhões de euros por ano; o PSD 53 (1,7 milhões); o PCP 24 (660 mil), o CDS 22 (660 mil), o BE 26 (524 mil), o que dá um total de 201 assessores e uma média de 0,87 assessores por deputado (quem não está com meias medidas é o BE 3,25 assessores por deputado).
Feitas as contas, cada assessor ganha, em média, 2000 euros por mês, o que, nos tempos que correm, não lhes deve dar motivo de queixa. Vai ser preciso, claro, fechar mais urgências, maternidades, hospitais e escolas e despedir mais professores e funcionários públicos. Mas é por uma boa causa.
NOTA: Merece muita ponderação por parte dos contribuintes a preocupação do Governo de «reduzir a despesa pública» a fim de regularizar a crise financeira devida ao défice orçamental. Mas, como o clã oligárquico não está disposto acomodar-se a sacrifícios (isto é, não aumento dos benefícios), quem acaba por pagar é o mexilhão da anedota, isto é, o POVO pagante, o contribuinte que não tem condições de fuga ao fisco. E é tudo por uma boa causa... segundo o ponto de vista dos oligarcas e companhia!!!
A Decisão do TEDH (396)
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