quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Governo despreza o povo soberano

Por abordar o tema já aqui tratado, transcreve-se o seguinte artigo de opinião.

Arrogância à solta
Por Alexandre Pais, jornalista, no Destak de 071009

José Sócrates podia ter aproveitado a sua última visita a Montemor-o-Velho para dar um exemplo de tolerância e de humildade democrática. Um exemplo que travasse até a arrogância crescente de alguns dos seus ministros, como os da Economia e da Administração Interna, que ainda há dias deixaram os repórteres a falar sozinhos em cenas caricatas que nem o bom senso nem a presença das câmaras de televisão os fizeram evitar.

Mas não, o primeiro-ministro reagiu com pouco «fair-play» a mais uma manif dos sindicatos, fazendo acusações ao Partido Comunista e tentando apenas, com um sorriso amarelo, disfarçar o seu agastamento. É verdade que a insatisfação popular que os manifestantes pretendem salientar não é generalizada? É. E provam-no as sondagens. Mais uma razão para que Sócrates compreendesse que a democracia é isso mesmo: manda quem deve e grita quem quer.

NOTA: Se, em Democracia, o povo é soberano, não se compreende o pânico dos governantes perante a mínima manifestação popular traduzido na forma insensata e nada democrática como reagem. Ou será que, na realidade prática, não estamos em Democracia? Imitando a forma como alguns ministros têm respondido a perguntas de jornalistas, talvez seja de responder «como é óbvio!»

7 comentários:

Amaral disse...

João
Democracia? 25 de Abril?
Acho que o modelo está gasto. Foi Montemor, foi Covilhã, são rusgas a sindicatos, é de novo o processo Casa Pia...
É muita "merda" (desculpem-me a expressão) junta e já fede.
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
É curioso que as sondagens não estão a penalizar o governo na proporção dos queixumes que se ouvem por todo o lado. Será que os interrogados nas sondagens temem represálias e respondem «politicamente correcto»?
Na falta de à vontade com que os governantes enfrentam ou se esquivam aos manifestantes e aos jornalistas há sintomas muito visíveis de pânico. Não têm a «consciência» tranquila e sentem a razão dos descontentes. Daí o mascararem a fraqueza com a arrogância, o autoritarismo, as acções do tipo da ditadura da Birmânia (Myanmar).
Podem dar graças a Deus por não haver uma oposição política organizada e eficiente.
Abraço

Anónimo disse...

Caro João Soares,

em relação ao comentário que colocou no aromas, digo-lhe que tem razão, mas estou a articular outro blogue e transferirei para lá os posts não referentes ao autismo.

Espero que compreenda e comente de vez em quando algo mais específico ali.

Abraço

Jorge P. Guedes disse...

Gosto desta jornalista, que deu nas vistas pelas suas polémicas com Pinto da Costa, o senhor todo poderoso do reino das Antas.

Aqui, foi branda, talvez porque esteja farta de sofrer na pele as custas do livre exercício da sua profissão a que se acha, naturalmente, com todo o direito.
Mas ainda assim não deixa de dizer em tom "light" as verdades que o actual senhor de S.Bento sempre recusa com um sorriso cínico afivelado.

Os meus cumprimentos.

A. João Soares disse...

Varo J. G.
Temos que nos habituar a «ler» as críticas em tom «light» ou «soft» e procurar perscrutar o âmago das questões, porque os controles do Poder estão a ser demasiado agressivos, não permitindo clareza nas alusões e insinuações. Começa a ser conveniente seguir a linha dos escritores os espectáculos de revista do tempo da «outra senhora» que conseguiam dizer tudo de forma soft que tínhamos de saber decifrar. E o Poder dessa época, mesmo com a PIDE e a CENSURA, não conseguiu evitar as críticas e a formação de uma opinião geral que levou ao 25 de Abril sem qualquer dificuldade oposta por defesas do regime. Os actuais políticos, sem abundância de inteligência, não se consciencializam da realidade de que o absolutismo não pode imperar nos tempos modernos.
Um abraço

Anónimo disse...

Caro AJS,

Democracia, a palavra que serviu e ainda serve para todos os desvarios.

"A Liberdade de uns termina onde começa a dos outros."

Efectivamente todos os governos são confrontados com críticas e esperas às suas chegadas. Sou de acordo que estas esperas sejam livres, mas civilizadas, sem insultos brejeiros. O direito à indignificação e à diferença está garantido constitucionalmente, mas também o CP prevê sanções a insultos...Não é de hoje.
Quanto ao caso dos dois agentes que foram recolher infos antes da visita do 1º ministro sabe que isso acontece sempre a amndo da seguramça pessoal. Isto é um claro aproveitamento político que só fará com que as informações passaem a ser cada vez mais bufadas e obtidas por modos mais escondidos.Nada difícil...
Repare que eu sou um crítico qd tenho que o ser, mas aplaudo quando tenho que o fazer, perante as razões que descortino no meu ponto de vista em relação à importância para o país e não para mim!

Saudações

A. João Soares disse...

Caro Mário Relvas,
A prioridade não deve ser dada à segurança do PM em sobreposição à privacidade e aos direitos dos cidadãos, que pela Constituição são os detentores da soberania, sendo o PM um mandatário desse povo para governar o País.
Do Myanmar (Birmânia) chega uma lição brilhante para os nossos polícias. Houve dezenas de oficiais e centenas de militares que se recusaram a cumprir as ordens da ditadura para usar de violência contra os monges e populares manifestantes contra o regime. Vão ser julgados. Eles já sabiam que isso ia acontecer. Mas não quiseram ser criminosos contra os direitos humanos. Isto acontece numa ditadura.
E cá? O que acontece cá? Os polícias, na sua sanha de violência e tortura, estão à espera de uma oportunidade para saltar em cima dos discordantes do Poder. São piores do que os da ditadura birmanesa. E os seus chefes não têm mentalidade democrática, sendo semelhantes aos generais do Myanmar.
No acto de escrever sobres estes casos, não se justifica que douremos a pílula da «democracia». Pelo menos teoricamente, não devemos amaciar os direitos das pessoas que são o pilar da DEMOCRACIA e tudo deve ser encarado com essa óptica.
Os militares birmaneses que recusaram devem ser louvados pelos organismos internacionais que se interessam pelos Direitos Humanos, da mesma forma que os portugueses que desprezarem estes direitos devem condenados.
Abraço