A realidade, esse contratempo
Por Manuel António Pina, no JN
Deitar foguetes é um bom remédio para as depressões colectivas, o problema é ter que apanhar as canas.
No mesmo dia em que começava na AR o debate do Orçamento de Estado para 2008, e o Governo festejava, e a Maioria aplaudia, as prestações da economia portuguesa e as suas, a UE divulgava estatísticas que colocam Portugal no último lugar da Europa do crescimento do PIB "per capita". Enquanto, nos 27, PIB, produtividade e emprego continuam a ir por aí fora, aumenta, em todos esses factores, a distância de Portugal para a última carruagem do comboio europeu, o que quer dizer que estamos hoje pior do que estávamos em 2005, ano da graça da maioria absoluta do PS.
De perto, o panorama é ainda mais negro. Assim, a produtividade da nossa economia terá crescido apenas um terço da média europeia (0,5% contra 1,5%). Mas, como o emprego aumentou na UE mais do dobro do que em Portugal e a produtividade tem em conta o PIB por trabalhador, aqueles 0,5% são, na realidade, bem menos.
A solução pode ser, como faz a ministra da Educação com o abandono escolar, trabalhar "para a estatística" e despedir mais gente. Com o mesmo PIB a dividir por menos trabalhadores, aumentará milagrosamente a produtividade da economia portuguesa. E haverá novas razões para foguetório.
NOTA: Como disse o ex-PM Pinheiro de Azevedo, «é só fumaça». E o pior de tudo isto, por colocar fora do horizonte a hipótese de uma reforma profunda nas mentalidades, principalmente dos dirigentes, é que, como ele dizia «o povo é sereno», mas infelizmente continua demasiado sereno, silencioso e apático, talvez demasiado esperançado num milagres providencial, o que elimina as esperanças realistas.
Abril: canções de protesto (1)
Há 2 horas
6 comentários:
Caro amigo,
não foi isso que ouvi na AR na discussão do Orçamento de 2008...
O meu amigo não deve acreditar nesse senhor, que tem o hábito de escrever sobre a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra... lá sim, aquilo vai bem mal...
Convido-o a tomar um café da manhã...
Vá ao meu perfil e apareça...senão o café esfria!
Abraço
Caro Mário Relvas,
É como diz. Temos que acreditar nos nossos celestiais líderes governamentais!!! Portugal é modelo de desenvolvimento!!! Há dias aparecerem notícias tendenciosas a dizer que os três Países com mais rápido desenvolvimento são a China, a Índia e a Federação Russa. É uma injustiça, um erro jornalístico não terem colocado Portugal em primeiro lugar em conformidade com as palavras que foram ditas na AR nestes dias recentes. O pouco que destoa é a oposição que é uma vergonha, nem sequer alinhando com o Governo, nem aplaudindo os governantes!!!
Ah caro amigo, como a ironia, por vezes, é uma terapia eficiente.
Um abraço
Se puder, vou ajudar a fazer a festa.. mas tenho medo de foguetes, sempre tive.. É uma sensação de que a cana vem cair na minha cabeça..Cada maluco com a sua mania... bom fim de semana..
Cuidado com as canas e ... com os sacanas!!! E a AR é um ninho deles. Lá se governam da melhor maneira à custa do esvaziamento dos nossos bolsos e do nosso estômago. Basta de apertar o cinto!!!
Abraço
O que não se compreende de modo algum é que ainda haja quem pudesse ter esperado outra coisa, estando-sedo esforço em que os governos do Cavaco se empenharam em arruinar o futuro do país e com a demonstração dos governos que se seguiram em não destoar. Que se passar´? será que não acreditam no que vêem ou que teimam em não acreditar? Será o povo português tão mentalmente atrasado a ponto de não poder compreender coisas tão simples como 1+1=2?
O povo, se compreende, tem medo de opinar. E não é só o povo analfabeto. Tenho uma lista de mais de meia centena de correspondentes por e-mail, mas desses, são poucos os que me dão sinais de visitarem os blogs e, em conversa com aqueles que conheço pessoalmente, tenho de concluir que têm MEDO de estarem a correr perigo com essa visita. Já nem refiro a comentários, mas à simples visita!!!
E isto já não pode atribuir-se ao medo da Pide que já foi extinta há mais de 33 anos!!!
É este o nosso povo, fechado, desconfiado, matreiro, pronto a beneficiar algo com a corrupção dos outros, admirando os maiores vigaristas, prestando-se a conluios e conivências.
Há tempos um sociólogo dizia que numa investigação com jovens de bairros degradados, o desejo de futuro os miúdos era serem jogadores de futebol ou passadores de droga. E, perante isto, que fazem as escolas?
Um abraço
Enviar um comentário