Estamos em guerra. David contra Golias. O «resto do Mundo» contra o «Ocidente». Quem está a ganhar?
Em termos monetários e financeiros que o Ocidente muito gosta de usar e atirar para a mesa de discussões, sem dúvida, que é o «resto do Mundo», porque despende menos recursos e causa mais engulhos ao adversário.
Diz Ferreira Fernandes, com a sua ironia natural, que considera estar em guerra quando nos aeroportos em público tem de tirar o cinto. Agridem a sua privacidade e intimidade, obrigando-o a despir uma peça de roupa em público. Para terem a certeza de que não é um terrorista suicida.
Mas isto não fica por estes pequenos gestos. Agora tivemos a maior vitória da al-Qaeda, mais significativa do que a de 11 de Setembro de 2001. Ficou totalmente provado que apenas podem ser levados a cabo grande eventos se os poderosos permitirem. O Lisboa-Dakar ficou no ovo. A prudência de uma população civilizada considera muito positivo que a organização da prova desportiva não insistisse na sua realização, para evitar eventuais riscos de perdas humanas. Uma vida tem um valor não mensurável.
Não é de excluir a ideia de que, dentro em breve, poderá deixar de se realizar um grande prémio automobilístico da Fórmula 1, ou mesmo os jogos olímpicos.
Como prevenir tais casos? Haverá quem aconselhe negociações prévias com os principais grupos e obter a sua abstenção a troco de dinheiro. Seria imoral diriam uns, mas outros dizem que os poderosos sempre nos sacaram dinheiro, como se vê com os governantes a sacarem impostos e a servirem-se deles em grande parte para seu benefício próprio e dos amigos (Cavaco referiu o escândalo dos proventos dos gestores, embora não falasse das reformas acumuladas, obtidas em pouco tempo de serviço).
Recordemos uma batalha recente desta guerra, que se passou ao nosso lado. O primeiro-ministro britânico recusou participar no circo da cimeira Europa-África, se estivesse presente Roberto Mugabe. Perdeu, porque deixou de participar numa festa muito badalada. Mas Mugabe, apesar disso, levou a melhor e esteve cá embora o nosso MNE ter admitido ser melhor que ele não viesse. E que beneficio resultou dessa presença, para a população do seu País, ou para o Mundo? Só ele teve vantagem por ser mais publicitado. E que benefício teve a população do Quénia (agora com massacres) na deslocação da sua delegação a Lisboa? Qual o benefício havido para os povos africanos, em troca dos dinheiros gastos pelos seus políticos na vinda à Cimeira? O resultado foi o que era de esperar: o dinheiro gasto teria sido mais útil a matar a fome aos desgraçados que morrem de inanição.
E o que faz o Ocidente? Pensa que controla a ONU que não consegue impedir a violência e os problemas fronteiriços, Marrocos-Sara Ocidental, Caxemira, Etiópia-Eritreia, Darfur, Somália, etc. Utiliza a NATO para enviar forças para manutenção de paz, onde, passados alguns anos esta continua tão ausente ou mais do que antes, como Afeganistão, Iraque, Kosovo, RDCongo, etc.
Onde está o poder real? Como resolver os pequenos e grandes conflitos? Está provado que não é com o poder marítimo, aéreo ou terrestre que apenas têm servido os interesses dos fabricantes de material bélico e para destruir riquezas arquitectónicas e arqueológicas e matar pessoas inocentes, que tudo serve para lhes aumentar o sofrimento.
Parece estarmos numa encruzilhada da via seguida pela humanidade em que é preciso analisar muito bem a situação vigente e procurar uma estratégia nova, realista, aplicável, aceite por todos para continuar o percurso em direcção a um futuro que dê melhores garantias de coexistência de toda a humanidade, respeitando as diferenças e incentivando a cooperação para melhor vida para todos. Espera-se que salte para o público um pensador que faça uma obra em que se baseiem os decisores da política dos Estados e das grandes instituições internacionais. Rezemos para esse milagre acontecer.
A Decisão do TEDH (399)
Há 39 minutos
7 comentários:
Achei o seu blogue com assuntos de muito interesse.
João
Penso que nesta guerra do quem perde quem ganha, nunca ninguém ganha na totalidade nem ninguém perde na totalidade. Passo a explicar. Há muitos interesses envolvidos e se hoje parece que um ganha, amanhã perde e vice-versa. Como se resolvia? Se todos remassem para o mesmo lado, se todos quisessem a Paz, se ninguém tivesse telhado de vidro, se ninguém necessitasse de mostrar que tem mais poder que o seu vizinho.
Bom fim-de-semana
Abraço
Ainda bem que gosta.
Espero a sua visita com assuidade. pois procuro ter assuntos novos em cada dia.
Abraço
Caro Amaral,
A sua quantidade de «ses» mostra a dificuldade, ou mesmo impossibilidade de haver paz. Mas a solução não é impossível se os desentendimentos forem resolvidos em diálogo com a ajuda de um terceiro, aceite pelas partes em conflito e que actue como árbitro, imparcial.
As guerras têm particularidades curiosas, pois delas resulta progresso técnico e criam no vencido força de ânimo para trabalhar a sério na reconstrução. Os vencidos da segunda guerra mundial, Alemanha e Japão, tiveram uma recuperação exemplar depois das destruições da guerra.
Mas nada paga muitas das destruições de património e a perda de muitas vidas.
Quando me referi que o Ocidente está a perder em relação aos terroristas, apenas me circunscrevia à liberdade de acção. No caso do rali, houve que desistir, podendo vir a acontecer o mesmo à Fórmula 1 e aos Jogos Olímpicos e a qualquer evento que reuna muita gente, Como, por exemplo, a bênção dominical do Santo Padre no adro da Basílica de S. Pedro.
O caso do Rali é muito desagradável não só pelo facto em si mas pelo que pode representar na vida pública em Países ocidentais. E não vejo os políticos com serenidade e competência própria para encontrar um solução eficaz e sustentável. Par o Bush a solução seria um bombardeamento, do tipo cilindragem de um qualquer País de que ele não goste!!!
Que os deuses nos protejam!
Abraço
A guerra move milhões, infelizmente
Bom ano 2008, e que tudo corra á medida do seu desejo
Saudações amigas
C. Valente,
Obrigado pelos seus votos que retribuo.
As guerras dão muitos lucros aos industriais e aos comerciantes de armamento e aos políticos corruptos que cedem às suas pressões. Por isso e como o vil metal tem muita força, será difícil evitar totalmente as guerras. Mas a força da opinião pública há-de reduzi-las progressivamente.
Um abraço
Recebido por e-mail com autorização para aqui inserir:
Caro João Soares:
Este tema foi bem escolhido e deveria merecer muita reflexão e debate nestes meios de difusão de ideias e acontecimentos actuais.
Não dou razão a Amaral quando diz que, em relação esta questão, não há um perdedor e um ganhador absoluto. No caso da não realização do Lisboa-Dakar quem ganhou em toda a linha foi o terrorismo, ao provocar tal situação!
Mas o Presidente de França, com o poder e prestígio que ainda mantém, deveria ter evitado uma derrota tão grande do Ocidente perante a Al-Qaeda. Como disse o piloto Carlos Sousa, poderia deixar iniciar o Raly, com a parte portuguesa e marroquina mais ou menos assegurada, em termos de segurança, e fazer o acompanhamento a nível de informações, com vista a evitar o tal atentado da organização terrorista. Esse "gabinete de crise" decidiria, na véspera de entrar na Mauritânia, se havia ou não condições de segurança para continuar.
Na minha opinião, o Presidente francês deve estar convencido que estando agora de boas relações com Khadafi, poderá ter condições para voltar à versão inicial do Paris-Dakar. Só que o Presidente de França com tal desiderato do tipo "nacionalista", acabou por fazer um mau serviço ao Ocidente no combate ao terrorismo, que deverá ser encarado de forma permanente e concertada entre todas a nações do mundo civilizado.
Manuel Amaro Bernardo
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