quarta-feira, 12 de março de 2008

Prémio honroso para António Coutinho

Para contrariar a tendência miserabilista de cultivar o desânimo, o pessimismo, o derrotismo, pretendo contribuir, com a minha modesta influência, para que dar a volta e criar e desenvolver uma mentalidade mais positiva, enfatizando os casos que possam ser apresentados como exemplos atractivos de comportamentos que contribuam para se «levantar hoje de novo o esplendor de Portugal». Por isso trago aqui esta notícia do Público de hoje:

António Coutinho ganha Prémio Universidade de Lisboa
Ana Machado

António Coutinho, director do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), já sabia ontem que tinha ganho o Prémio Universidade de Lisboa. Mas não sabia porquê. Com a deliberação do júri pela primeira vez na mão, confessa que se sente orgulhoso: "De facto, reconhecerem o meu contributo para a criação de uma escola de investigadores na área das ciências biomédicas, com prestígio internacional, satisfaz-me muito", diz, enquanto lê uma das razões pela qual o prémio, no valor de 25 mil euros, lhe foi atribuído. O prémio, esse, já está destinado: vou ver com os meus filhos o Euro 2008".

Médico de formação, o investigador especializado em Imunologia confessa que tem saudades da bancada de laboratório: "Foi como deixar de existir. Desisti de muita coisa". Deixar a investigação é, para António Coutinho, de 63 anos, a parte má de coordenar há 10 anos um dos institutos científicos portugueses com mais projecção internacional. Só esta semana, cientistas do IGC conseguiram assinar dois artigos em duas revistas científicas internacionais de renome.

"Agora é o nome deles. Tenho tido muitas alegrias. Ver esta nova gente ter sucesso, ver o país científico a crescer, ver tudo mais moderno e mais aberto é o lado positivo", adianta sobre o que faz com que não lamente ter deixado uma carreira científica internacional para trás, depois de ter passado pelo Instituto Karolinska, na Suécia, ou pelo Instituto Pasteur, em Paris, França. E lembra que o IGC já contribuiu para a formação de quase 500 doutores.

Questionado sobre o que torna esta escola de cientistas especial, António Coutinho responde invocando as palavras de dois investigadores estrangeiros que há minutos tinha conduzido numa visita ao instituto: "A primeira coisa que me disseram foi que aqui o ambiente era muito agradável, acolhedor e que as pessoas pareciam muito felizes. Temos prazer na discussão intelectual, na argumentação. Acho que é isto que nos torna especiais".

E diz que aquilo que torna o IGC especial obriga a que não possa crescer mais: "É por tudo isto que o IGC não pode crescer mais. Não queremos sacrificar este ambiente. Enquanto eu cá estiver não vamos crescer mais", diz.

Sobre a ciência que hoje se faz em Portugal, Coutinho reconhece que cresceu muito nos últimos tempos: "Houve um grande acréscimo em qualidade e quantidade da produção científica".

Mas, como em tudo o que cresce, chega uma altura em que é preciso cortar: "Chegámos a uma altura em que é preciso podar, como as plantas na Primavera. Não se pode cortar à toa. Tem de se cortar só onde se deve e, à boa maneira japonesa, orientar o crescimento dos ramos para onde se quer".

O médico e investigador já sabe o que fazer ao dinheiro do prémio: "Vou ver com os meus filhos o Euro 2008".

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