A «lei da rolha» está a generalizar-se e a consolidar-se. Os 34 anos decorridos sobre o 25 de Abril, não foram suficientes para instalar uma autêntica democracia, com as liberdades inerentes e os direitos humanos que estão a ser exigidos em todo o mundo, de Leste a Oeste.
Na DREN (Direcção Regional da Educação do Norte), houve o processo contra o professor Charrua (Ver aqui e aqui) que acabou por ser arquivado (Ver post) devido à pressão da comunicação social e popular.
A directora do Centro de saúde de Ponde de Lima foi demitida (ver aqui e aqui) por uma questão mal definida com ares de autoritarismo.
Na DREN foi também objecto de notícia o encerramento de uma escola (ver notícia) que entretanto tinha sido contemplada com um prémio internacional, mas já não existia quando devia recebê-lo.
O Dr. António Caldeira, por querer esclarecer pormenores ligados à licenciatura do PM teve um processo jurídico, entretanto arquivado (ver post).
Outros casos houve, com posteriores recuos eventuais, sendo o mais recente sido processo disciplinar contra o coronel na reforma Luís Alves de Fraga (ver notícia), seguido de nova versão do RDM (Regulamento de Disciplina Militar) (ver aqui e aqui) orientada para amordaçar todos os militares mesmo na situação de reforma.
E, novamente, a DREN aparece novamente como notícia (ver aqui), pela mão da sua directora Dr.ª Margarida Moreira que processa órgãos de Comunicação Social por terem divulgado a notícia sobre a violência havida da escola Carolina Michaelis, no Porto.
Já não se pode dizer «o rei vai nu», não se pode dizer o que está mal e precisa de ser rectificado, não se pode referir aquilo que deve ser melhorado a fim de as autoridades responsáveis serem alertadas e estimuladas para um desempenho mais eficaz, em benefício dos portugueses.
E, a propósito de recuos, depois de tantos verificados em vários ministérios – saúde (encerramentos de urgências, maternidades, centros de saúde, etc), educação (TLEBS, avaliações de professores, estatuto de alunos, manuais, etc), obras públicas (Ota, deserto, etc) – surge agora o caso dos descontos abusivos aos reformados sobre o subsídio de férias e de Natal.
Recuar é um sinal de bom senso e de seriedade, mas ter de recuar muitas vezes é prova de que as decisões não foram devidamente preparadas e apoiadas em estudos correctos e num esforço de previsão dos efeitos que delas decorriam.
domingo, 13 de abril de 2008
A «lei da rolha» está aí
Posted by A. João Soares at 11:53
Labels: avanços e recuos, liberdade de expressão, más decisões
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10 comentários:
Já comentei no "Do Miradouro", aquele abraço do Beezz.
Beezzblogger.wordpress.com
Beezz,
Agradeço a sua simpatia
Abraço
A. João Soares
João
Por sinal amanhã postarei uma notícia sobre o meu novo livro 25/34 (abril/anos).
Pois é parece que sim que a rolha anda-nos a tapar a boca. Foi para isso que fizeram o 25 de Abril?
A Democracia quer-se madura, adulta, quer-se livre e às vezes parece que não o é.
Boa semana
Abraço
Meu caro João
Todas estas ordens e contra-ordens só mostram aquilo que todos nós sabemos: incompetência!
Concordo inteiramente com o seu parágrafo final.
Se as decisões não fossem tomadas em cima do joelho não haveria necessidade de tantos recuos.
O que transparece é que "deita-se o barro à parede" e logo se vê: se ninguém reclamar fica assim mesmo!
Uma vergonha.
É de rir à gargalhada essa de a Drª.Margarida Moreira processar a comunicação social por causa do caso da Carolina Michaelis!
Tem que processar também a Internet. Antes que a notícia viesse a lume, já eu tinha visto, logo de manhã, o vídeo, e sem os rostos desfocados. E como eu tantas outras pessoas.
Enfim, são os governantes que temos.
Cada vez se torna mais urgente substitui-los.
Beijinhos
Mariazita
Visitar A casa da Mariquinhas é sentir uma lufada de ar fresco. Confirme, e deixe comentário.
António Barreto no Público:
... ... ...
NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas, sinceramente, não
sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta
é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das
empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite
que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas
poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu
ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função
Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro
José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra
autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal
que Portugal conheceu nas últimas três décadas
TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável
para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos
cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação?
Acordo? Só se for medo...
António Barreto \ Público'
Amaral,
Os últimos 34 anos merecem uma análise com qualidade científica sobre os comportamentos das pessoas e das instituições. Como não admira, houve algo de positivo mas muitos erros produziram uma sociedade mais desigual e injusta, ao contrário dos objectivos pretendidos pela Revolução.
Mais do que o direito à indignação que, sendo um sentimento íntimo, ninguém pode controlar, há o direito de expressão que a Constituição permite e consagra. Considero ser um dever de cada um contribuir para o melhor futuro de Portugal, alertando para aspectos da vida imposta aos cidadãos que têm necessidade de ser aperfeiçoados, corrigidos, para daí advirem vantagens e serem eliminados inconvenientes desnecessários e nocivos. Contribuir para limar arestas é um dever de cada cidadão que procure deixar de ser um elemento do género descrito por Guerra Junqueiro quando diz que somos:
«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas…".
Os tempos não estão de bom augúrio para quem desempenha cargos de Poder e é indispensável muita serenidade para não se desprestigiarem com actos de desespero ou de injustificada arrogância. O povo vai acordando e deixando de ficar indiferente a actos iníquos.
Um abraço
A. João Soares
Cara Mariazita,
Com um pouco de ingenuidade e muita esperança, gostava que os poderosos passassem a ter mais senso, mais realismo, melhor conhecimento dos problemas que afectam as pessoas mais carenciadas. Para isso devim descer dos seus altos pedestais, saltar as barreiras do curto espaço dourado em que vivem e vir cá abaixo sentir o palpitar dos corações do povo que vive aflito sem saber que ginástica fazer para viver sem sufocos permanentes.
O povo precisa de quem pense nele e o ajude e não de quem o veja apenas como maldoso que é preciso controlar apertadamente e lhe saque os poucos cêntimos que tem no bolso.
Beijos
A. João Soares
A lei da rolha só pode ser vencida pela ausência do medo, meu caro amigo João Soares.
Um abraço para si.
Jorge P.G.
Totalmente de acordo, caro Jorge Guedes,
Mas, infelizmente, o medo existe muito difundido por aí. Muitas vezes, ele é bem visível em pessoas que julgávamos mais afoitas.
Não podemos ser como os políticos, temos de conhecer as pessoas reais pois é com elas que temos de contar, para o bem e para o mal.
Mas, já vão aparecendo caos que mostram que a ousadia está a aumentar, como os professores mostraram na sua grande manifestação, e têm agora o prazer de ver os efeitos de não se terem calado. Pelo contrário, os bem comportados militares têm o resultado do medo, com os seus vencimentos reduzidos a metade daqueles que há pouco mais de 10 anos ganhavam o mesmo que eles!!!
Está mais do que provado que os recuos do Governo se devem a manifestações de desagrado por parte das populações prejudicadas.
Infelizmente, nem toda a gente se compenetrou destas realidades.
Abraço
A. João Soares
O professor que um antigo aluno quer punir
DN 19-04-19
Manuel Carlos Freire,
Luís Fraga. Um inédito processo disciplinar a este coronel reformado deu-lhe mais visibilidade
que os anos de professor universitário ou como autor do blogue «Fio de Prumo», onde as suas
críticas suscitam admiração entre os militares.
Luís Fraga deu aulas ao agora generaL Luís Araújo, chefe do Estado-Maior da Força Aérea
O coronel reformado Luís Fraga, a quem a Força Aérea instaurou há dias um processo disciplinar por críticas feitas aos generais da FAP, foi professor de Deontologia Militar na Academia do ramo - função onde recebeu os três últimos louvores.
"Modelar na sua estatura moral íntegro e leal", "oficial muito respeitador, aprumado, sério e frontal na defesa dos seus pontos de vista", "extraordinariamente culto (…) soube expressar de forma inequívoca o
mais digno sentido do dever", pelo que "devem os seus serviços serem considerados extraordinários, relevantes e distintos", escreveram os generais Costa Santos, Geraldo Estevens e Ramos Lopes nos anos 1990.
Apesar desses adjectivos, os 30 anos de serviço militar de Luís Fraga incluem uma pena de três dias de prisão disciplinar – que lhe dividiram a carreira: ao meio. "Antes fui oficial de Administração Militar, os 15 anos seguintes fui professor nas escolas da Força Aérea", primeiro no Instituto de Altos Estudos (IAEFA) e depois na Academia (AFA), lembrou o militar que, além da Deontologia Militar, também deu aulas de História Militar, História Contemporânea De Portugal e Sociologia Militar.
Foi na Academia da Força Aérea, onde acabou como director do Ensino Universitário, que Luís Fraga teve como aluno (1981/82)o então capitão Luís Araújo, hoje chefe do Estado-Maior da FAP (CEMFA) e
o responsável pelo processo disciplinar instaurado àquele professor universitário. "Há 28 anos que nos conhecemos e somos amigos" desde que ficaram ambos como professores no IAEFA. Agora, "tenho de distinguir duas pessoas no general Luís Araújo: o homem e o general CEMFA".
Esta situação tem algumas semelhanças com a que culminou na pena de prisão disciplinar, aplicada em 1979 pelo então coronel Alvarenga Sousa Santos (que depois chegou a CEMFA). "Continuei a falar-lhe
com respeito e consideração (...) porque julgo que ele foi vítima, tal como eu, do processo [pós-PREC] que se vivia na altura." Mas o assunto nunca veio à baila nessas conversas posteriores: "Ainda tenho pendente, há 28 anos, uma conversa com o general Alvarenga", disse o coronel. com um sorriso.
Luís Fraga recorda depois um episódio com outro general da FAP, em 1968, ocorrido em Moçambique - mas sem consequências:
"Com um aviso de muito pouco tempo sobre a hora da chegada, passou por lá o general Machado de Barros, para ficar 24 horas em visita de inspecção às unidades sedeadas na Beira. Recebi-o na messe sem
qualquer tipo de alterações à rotina diária e, depois do almoço, fui falar com ele enquanto bebia o café. Explicando-me sobre a situação da messe, disse-lhe: 'Espero que esteja tudo do agrado de v. Exa, meu general, pois acredito que se está bem para nós, que aqui passamos 24 meses de comissão, estará muito bem para V. Exa, que aqui passa só 24 horas'. Ele olhou para mim, com uns olhinhos perspicazes, e só me disse: 'Está tudo muito bem, senhor tenente, muito bem mesmo'."
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