segunda-feira, 14 de abril de 2008

Que se passa. Poema de Vicky

Trago aqui mas um poema de Viçoso Caetano, o Poeta de Fornos de Algodres, a adicionar aos que foram aqui publicados, de que se referem, por exemplo, Democracia, A (minha) Mensagem e Ao Combatente do Ultramar Português, todos impregnados de um grande Patriotismo e profundo Amor a Portugal, o que nos dias de hoje vem sendo raro.

QUE SE PASSA ?

Afinal isto não é uma ameaça,
É antes o prelúdio da desgraça
Que a falta de decoro e de respeito,
De algum modo assim se denuncia
Nas palavras de um Homem insuspeito
Que veio por a nu a hipocrisia
Que and´aí a torto e a direito
A encher “bocas” com a Democracia.
Como s´esta palavra, com efeito,
Não fosse de conceitos tão vazia
Que´o Zé Povo simples e escorreito
Nela já só vê demagogia….

E por mais que lhe digam qu´é perfeito
O sistema que a poucos privilegia,
Em contrição, bate com a mão no peito
E jura com um ar insatisfeito,
A que empresta alguma ironia,
Que jamais votará na utopia.
Pois quem quer que venha a ser eleito,
Outro não é, senão mais um sujeito,
Que “come” da mesma confraria,
Uns milhõezitos que são uma ninharia.

Viçoso Caetano (O Poeta de Fornos de Algodres)
Fev2008

11 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Magnífico! Bocagiano, sem exageros!

A voz da razão, sem rodriguinhos de forma mas com conteúdo suculento!

gostei muito, mesmo.

Um abraço.
Jorge P.G.

Anónimo disse...

Não é só cá em Portugal... os países da Europa mediterrânica não atravessam bons momentos...Mas aqui é demais...

Poeta D'Algodres ao poder.Já!!

Tem que para lá ir alguém.Se não vai para lá o poeta, que seja o Alberto João Bocassa, que assim ninguém se metia connosco e os cubanos da Europa levavam para tabaco.

Desabafos...

A. João Soares disse...

Este rapaz, talvez de 75 anos, é um patriota de verdade, sente os problemas na alma e nas válvulas cardíacas. Que Deus lhe mantenha o coração a bater, mas, com as aflições que sente com o que se passa, está em risco de sucumbir às emoções.
Caro Viçoso Caetano, que continues com boa disposição e saúde por muitos anos. Em Maio, conversaremos no nosso encontro da Primavera.
Abraços
A. João Soares

Amaral disse...

João
Belo poema que retrata bem de forma irónica, à Bocage ou à Eça, a sociedade vil da classe política.
Boa semana
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Viçoso
Em vésperas de comemorar os 34 anos do 25 de Abril, vale a pena recordar a linguagem do PREC (Processo revolucionário em curso), com referência à «ameaça» e às «mãozinhas de reaça» que procurava sabotar os avanços da «democracia».
Este poema de V.C. é oportuno e não é de todo inocente. Nada acontece por acaso. Como se diz no post anterior «A 'lei da rolha' está aí», a ditadura está entre nós, quando surgem esforços para a instalação de uma democracia puramente democrática, surgem as «mãozinhas de reaça» para permitir a continuidade da corrupção, da imunidade, da impunidade da «elite» política e económico-financeira. Os que pretendem a verdadeira democracia, transparente e orientada para o benefício dos cidadãos, são amordaçados, como acontece com o ten-cor Luís Alves de Fraga, anedoticamente sujeito a um processo disciplinar, apesar de reformado. É a tal mão a impedir a verdadeira democracia.
Aqueles que se esforçam na defesa de uma Política com P maiúsculo, ao serviço do povo soberano e contra as injustiças sociais, deparam-se com a ameaça movida pela oculta «mãozinha de reaça» dos lacaios do poder autoritário e arrogante.
Parabéns amigo Viçoso por trazeres aqui, a este modesto espaço, com oportunidade, este estímulo para a reflexão dos visitantes.
Abraço
A. João Soares

Mariazita disse...

Meu caro João
Semana atarefada, esta!!!
Os cuidados de saúde roubam muito tempo...
Independentemente da oportunidade com que este poema é aqui apresentado – na verdade ele é oportuno hoje, ontem, amanhã…- tenho que apresentar os parabéns ao poeta, que peço lhe transmita em meu nome.
Como sabe (???) sou amante de poesia. Este poeta, que eu só conheci através do seu blog, é dos BONS!
A construção dos versos, a facilidade na colocação das palavras, o ritmo forte que imprime à mensagem…é realmente muito bom.
Aproveitei para rever (reler) os outros poemas por ele escritos e por si apresentados anteriormente, deliciando-me uma vez mais.
Já enderecei parabéns ao poeta; agora cabe-me louvar a sua atitude, trazendo aqui um poeta pouco conhecido, mas de grande valor.
O cariz político dos seus versos é incisivo!
Quem não puder pegar em armas (no verdadeiro sentido da palavra) que use o dom da escrita: as palavras não matam, mas desmoralizam muito.
E precisamos de usar todos os meios para alcançar os nossos objectivos.
Beijinhos
Mariazita
Visitar A casa da Mariquinhas é sentir uma lufada de ar fresco. Confirme, e deixe comentário

A. João Soares disse...

Este poeta, beirão de rija cepa, infelizmente, produz pouca poesia, mas bem pensada e muito bem elaborada. É pena que não seja mais produtivo, mas tem outras ocupações em que predomina o culto das relações com os amigos. Tem um coração muito amplo, um relacionamento afável e uma grande vontade de contactar os amigos e de os apoiar nem que seja apenas com palavras de bom conselho.
Agradeço à amiga Mariazita as suas simpáticas palavras. Beijos
A. João Soares

Al Cardoso disse...

E eu que creio nem conheco este poeta da minha terra!!! Ou se calhar ate conheco e nao estou a ligar o nome a pessoa.

Bem haja pela divulgacao.

Um abraco dalgodrense.

Magno disse...

Do coração mais bonito e sincero da Beira Alta, vêm um poema que traduz o que nos vai na alma!
Parabens!

A. João Soares disse...

Caro Al Cardoso,
É natural que não conheça. Tem cerca de 75 anos, frequentou o Liceu de Viseu, esteve muito tempo em Moçambique, e tem vivido em Lisboa, com algumas idas a Viseu onde tem casa para férias.
É um homem com uma vocação muito activa para as relações públicas e que tem em cada conhecido um amigo.
Abraço
A. João Soares

A. João Soares disse...

Caro Magno,
Ponho em dúvida que esteja aí o coração mais bonito e sincero da Beira Alta!!!, mas sem dúvida é uma linda região da nossa bela beira Alta!!!
Como sugere, o local de nascimento, mesmo que nele se não viva muitos anos, deixa uma marca indelével nos genes.
Parabéns a Fornos de Algodres, pelo poeta Vicky. Só é pena que não produza mais poesias.
Um abraço
A. João Soares