domingo, 15 de junho de 2008

Como vai a Justiça e a ordem pública?

Apanhado a guiar sem carta pela oitava vez

JN. 080615, Pedro Fontes da Costa

Um indivíduo, de 40 anos, residente na Palhaça, Oliveira do Bairro, foi ontem condenado a 12 meses de prisão efectiva por ter sido apanhado a conduzir pela oitava vez sem carta de condução.
Aquele indivíduo, desempregado, que, ontem, foi julgado em dois processos diferentes, mas relativos ao mesmo crime, ainda tem pendente a leitura de um processo e o julgamento de outro, relativos à prática do mesmo crime. Bem conhecido da GNR e do Ministério Público (MP) do Tribunal de Oliveira do Bairro, já foi condenado a penas de multa, prisão suspensa e efectivas, uso de pulseira electrónica mas, de acordo com a procuradora adjunta do MP, as medidas aplicadas não foram suficientes para acabar com a prática reiterada do crime de condução sem habilitação legal. "Arranja desculpas esfarrapadas, revelando um total desrespeito pela vida dos demais cidadãos, escudando-se sistematicamente na sua família para praticar o crime. Devia pensar no mau exemplo que está a dar aos seus filhos", afirmou a procuradora. Por sua vez, a juíza revelou que ele, além das oito vezes que foi detido a conduzir sem carta, foi condenado três vezes por furto e outra por desobediência, pelo que, referiu, "atendendo à personalidade do arguido, a pena de prisão de 12 meses não se suspende. Espero que se consciencialize de que não há impunidade", disse. O arguido confessou os crimes. Disse ser melhor condutor do que muitos encartados e que se sente perseguido pela GNR. "Conduzo sem carta por necessidade. Não é para ir à discoteca, mas para levar os meus filhos, quatro menores, ao hospital ou ir à farmácia", sublinhou.

NOTA: Justiça dissuasora? Justiça educadora? Justiça para a segurança dos cidadãos cumpridores? Ou justiça punitiva? O que se passa no País e como interpretar o sistema? Porquê não impedir tanta repetição da infracção?
O próprio título da notícia é preocupante, pois coloca a tónica em ter sido APANHADO e não em ter conduzido sem carta. O crime é deixar-se apanhar?

Afinal, a carta de condução é mesmo imprescindível? Segundo o gosto que o MAI tem mostrado pelas estatísticas, este caso demonstra, estatisticamente, que o que é perigoso é ter carta de condução, pois este homem não teve acidente e considera-se bom condutor, e a (talvez?) totalidade dos acidentados possui carta!!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Soares

Só não percebi como é que este homem não é membro deste (des)Governo...

A. João Soares disse...

Caro Vouga,
Quando li a notícia, fiquei na dúvida se não seria membro do Governo, pois eles costumam abusar de fantasiosas imunidades. E gabam-se de excessos de velocidade de maus estacionamentos alegando que foi por necessidade resultante das suas funções.
O seu comentário dá-me outra pista para compreender este caso: A lei é igual para todos, os governantes e deputados dão maus exemplos, logo os cidadãos devem exigir que lhes sejam aplicadas as mesmas leis, isto é, que tal como os políticos não as cumpram, desde fumar no avião até ao trânsito.
Um abraço
A. João Soares

Anónimo disse...

Caro João Soares

Diz muito bem. E o exemplo que nos dão os nossos (des)governantes é tão mau, que hoje em dia é desprestigiante ser cumpridor. Daí todos se gabarem, para parecerem importantes, das maiores trafulhices. Porque é preciso ser-se pobre, ou muito laparoto, para se ser um cidadão exemplar. A honra e o cumprimento do dever caíram no ridículo.

A. João Soares disse...

Caro Vouga
São tristes sinais dos tempos. Como irão viver os nossos netos se não emigrarem ou não fizerem uma profunda revolução na sociedade?
Abraço
A. João Soares