Na sequência de posts acerca de sinais positivos vindo das gerações mais novas, trago aqui este que acho interessante quanto a criatividade e inovação nas ideias e projectos sociais.
Segundo notícia do DN, Estudantes projectam hotel de turismo étnico no bairro problemático da Cova da Moura, no concelho da Amadora.
Quarenta alunos do terceiro ano de arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa deslocaram-se a este bairro, para elaborarem um trabalho de Arquitectura em que criam um hotel de turismo étnico que possa lançar uns ares de contemporaneidade naquele bairro carenciado.
Os professores Madalena Menezes e Manuel Vicente, tiveram a ideia e propuseram a jovens futuros arquitectos do terceiro ano imaginar um equipamento com funções culturais e lúdicas, capaz de aproximar os moradores e os visitantes de uma zona que era desconhecida de todos eles.
Da primeira visita todos ficaram sensibilizados pelo desequilíbrio contrastante entre o interior e o exterior do bairro, e também pelo "ar genuíno" e pela "vivência de rua" da comunidade local, maioritariamente oriunda de Cabo Verde e com escassos recursos financeiros.
Como disse o professor Manuel Vicente "Quisemos levar-lhes a modernidade, a contemporaneidade, para que a Cova da Moura pudesse transformar-se a partir de dentro, com as pessoas a quererem mudar e a olhar para o bairro como um sítio agradável e confortável". Acrescenta que "Isto foi apenas um exercício, mas seria óptimo que houvesse um investidor inteligente com vontade de introduzir pequenos focos de 'infecção' como este, que fossem trabalhando o tecido existente segundo uma transformação orgânica, sem 'colonizadores' do exterior".
Um dos alunos, João Simões, cujo trabalho encantou a Associação Cultural Moinho da Juventude - uma das mais conhecidas da zona -, foi um dos estudantes a responder ao desafio, tentando criar um "espaço público de referência" que pudesse servir de exemplo às restantes construções e inserir os hóspedes entre os residentes.
Fascinado por um edifício localizado no interior de um dos principais quarteirões da Cova da Moura e por um pequeno largo resguardado junto ao mesmo, o estudante concebeu vários volumes, ocupados sobretudo por quartos diferenciados (de 'singles' a apartamentos para famílias), um café aberto para duas ruas, um restaurante, uma florista, um supermercado, um banco, uma livraria de consulta livre e uma sala polivalente que se poderia transformar em auditório e abrir para a praça.
Uma piscina com vista para o bairro, no topo de um dos edifícios, e dois longos bancos e uma grande árvore, no largo resguardado pelas construções, reforçam a intenção de evitar qualquer afastamento entre visitantes e moradores.
"Neste bairro a vida parece realmente funcionar. Talvez o que falte é um espaço de celebração desta comunidade, um espaço onde se possam reunir, festejar", escreve João Simões na descrição do seu trabalho, que, a par das propostas dos colegas, poderá ser hoje conhecido na Cova, durante a celebração da festa cabo-verdiana "Kolá Son Jon".
Haverá entre os moradores do bairro capacidade para angariar fundos para um investimento como o imaginado por João Simões? Ou haverá algum investidor estanho ao bairro que queira abraçar a ideia e dar um salto pela positiva na recuperação da imagem do bairro? Falar mal de um bairro problemático é fácil, mas também não parece difícil apoiar a sua modernização, colaborando na melhoria das condições de vida e convívio dos seus residentes e visitantes. Só é preciso vontade e coragem. Há investimentos com maior risco.
Deixo aqui os links dos três últimos posts sobre as potencialidades dos jovens. No post mais antigo podem ser encontrados links de muitos outros posts.
- Jovens em voluntariado louvável
- Jovens excepcionais
- Jovens válidos são esperança para o País
Almirante Gouveia e Melo (XXXVI)
Há 37 minutos
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