Agora que, a propósito das confusões políticas no Zimbabwe, semelhantes às de outros pontos da África, se fala tanto nas características próprias de cada civilização, e que cada uma tem o direito de evoluir ao seu próprio ritmo, sem interferência paternalistas de neocolonialistas, transcrevo para aqui dois pequenos textos extraídos do jornal gratuito «Global Notícias», de hoje, que enfatizam duas formas diferentes de encarar a luta contra a poluição atmosférica, reduzindo as emissões de carbono e procurando energias alternativas menos poluentes. O primeiro texto refere-se à Grã-Bretanha e o segundo a Portugal. A leitura é suficiente, não sendo necessária qualquer nota.
No Reino Unido:
Vinho e óleo de cozinha nos carros da realeza
O príncipe Carlos, preocupado com a ecologia, converteu os seus veículos para que funcionem com bioetanol. O príncipe tem como objectivo reduzir as suas emissões de carbono em25%.
O Aston Martin que a Rainha Isabel II ofereceu ao príncipe Carlos no dia do seu 21.º aniversário foi convertido para poder funcionar a sobras de vinho. E os seus outros veículos – vários Jaguar, um Audi e um Range Rover – necessitam de óleo de cozinha para poder andar. A informação foi divulgada no relatório anual de contas da Clarence House, segundo o qual o príncipe reduziu em 18% as suas emissões de carbono.
Mas estas não foram as únicas alterações efectuadas pelo príncipe ecológico. A água da chuva, por exemplo, é usada para as descargas na casa de banho da sala em que Carlos recebe o público, em Highgrove.
Além disso, os trabalhadores no Palácio de St. James, em Londres, receberam bicicletas para se deslocarem.
Até as vacas da sua propriedade, perto de Highgrove, estão a fazer o seu papel, segundo indicou o secretário pessoal do príncipe ao jornal britânico The Guardian: “Os nossos animais libertam menos metano porque são mais bem alimentados e comem mais erva.”
O objectivo do herdeiro britânico era reduzir as emissões de carbono em 12,5% até 2012, mas, depois do sucesso de 2007, essa meta foi revista, sendo agora de 25%. Para a atingir, Carlos efectuou as alterações nos seus carros e planeia usar, sempre que for “prático e possível”, voos comerciais e não os aviões privados.
Da mesma forma, em 2007, usou por duas vezes os comboios normais e não o real. Cada vez que este é usado – em 13 ocasiões no ano passado – custa mais de 26 mil libras (mais de 32mil euros). Para compensar, o príncipe gastou 23 mil libras (quase 30 mil euros) a comprar emissões de carbono, num total de 600 mil libras (757 mil euros) gastos em medidas sustentáveis.
Além disso, o príncipe angariou 122 milhões de libras (mais de 150 milhões de euros) para iniciativas como a conservação da Amazónia.
Em Portugal:
Veículo eléctrico impedido de circular
O veículo não circula por falta de autorização do Instituto dos Transportes.
Uma viatura eléctrica, adquirida pela “Rota da Luz”para passeios turísticos, está parada em Aveiro porque não foi transposta para o Direito português uma norma comunitária.
O pequeno “autocarro”, de oito lugares, está homologado a nível europeu e até foi importado de Espanha com benefícios fiscais, por não utilizar combustíveis fósseis.
Viaturas idênticas circulam em Espanha nos roteiros turísticos de Barcelona, Granada e Córdoba, mas, apesar da constante subida do preço dos combustíveis, a região de turismo “Rota da Luz” vê-se impedida de utilizar aquele transporte colectivo na via pública, tendo de continuar a consumir gasóleo para mostrar Aveiro aos turistas.
Pelas suas pequenas dimensões e características não poluentes, o veículo seria apropriado, nomeadamente, para passeios pelas ruas estreitas de centros históricos, como é o caso do típico bairro da Beira-Mar, e em percursos ambientalmente sensíveis.
Segundo o presidente da Rota da Luz, Pedro Silva, a razão para o veículo não circular prende-se com a respectiva falta de autorização do Instituto de Transportes, que sucedeu à Direcção-Geral de Viação. Esta entidade, por seu turno, também não a pode conceder, já que a norma comunitária pela qual a viatura está homologada ao nível europeu, não foi ainda transposta para o Direito português.
Adquirido em Barcelona, embora de fabrico chinês, o veículo consome apenas o equivalente a um euro por cada 400 quilómetros, tendo uma autonomia de 80 km.
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