sexta-feira, 4 de julho de 2008

Humanidade sem terrorismo

Tenho aqui defendido a lógica que assiste a movimentos nacionalistas e independentistas e a conveniência de serem tomadas medidas de diálogo e negociação que conduzam a soluções aceites pelas partes, evitando actos de violência que vitimem pessoas inocentes, além de destruírem recursos de toda a ordem, com prejuízo para o desenvolvimento de melhores condições de vida.

É agora notícia a libertação dos reféns das FARC, em que está incluída a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt detida na selva em péssimas condições durante seis anos e meio. Este movimento de guerrilha com quatro décadas de existência que, na sua origem teve ideais sociais e políticos que não conseguiu fazer vencer por métodos democráticos e que quis impor com custos para a população, transformou-se gradualmente numa máquina de violência e de raptos que lhe vale ser classificado como terrorista.

As ideologias e os ideais de justiça social são sempre respeitáveis, mas a violência que assume feições anti-humanitárias não deve merecer apoios. Temos que separar as pessoas e as suas ideias dos crimes contra inocentes, da «justiça» pelas próprias mãos, de forma brutal e desumana. Por isso, acho interessante o pequeno artigo de Ferreira Fernandes no DN, em que critica um site de propaganda de um partido que comentava a libertação de Ingrid Betancourt como a de "um membro da classe política dominante». E deixa a interrogação: «Cada um destes 230 «membros da classe política dominante" portuguesa (…), deveria perguntar a todos os colegas: "Merece algum de nós passar 2323 dias preso, no mato e acorrentado, só por ser democrata ?"»

Diz o jornalista que «a liberdade de expressão não foi inventada só para a gente de bem». Mas é preciso saber separar os valores do respeito pelas vidas humanas, dos interesses partidários. Se somos democratas devemos evitar impor as ideias com recurso à violência. O preceito ‘amai os outros como a vós mesmos’, obriga a reciprocidade para com os opostos (os outros).

2 comentários:

Sei que existes disse...

Nada justifica a violência nem o desrespeito pelo próximo.
Beijocas grandes

A. João Soares disse...

Obrigado pela visita.
Cara Amiga. Não só pelo próximo, mas pelo «o outro», esteja a que distância estiver, tanto geográfica como ideologicamente! Todo o ser vivo e também o ambiente inerte, exigem o nosso respeito.
E, se formos inteligentes, temos muitas formas para resolver pacificamente as nossas questiúnculas. E convém encarar cedo as soluções para evitar o agravamento, a escalada (como se diz na estratégia militar).
Beijos
João