Transcrevo do blog Ali-se este post da autoria de Alice Valente que julgo merecer uma meditação muito empenhada, para melhor compreensão do futuro que querem para Portugal, para os nossos netos e mais descendentes.
Clube Ministério Educação
Clube Ministério Educação e a «oferta» de escolas a empresas
O Governo e o Ministério da Educação, comportam-se como um grande Grupo Económico ao descobrir a pólvora através das enormes potencialidades do Ensino com seus professores e alunos como a massa mais facilmente a ser impulsionada ao consumo. E assim este clube ministerial descaradamente, oferece, comercializa e utiliza as escolas deste país, para servir empresas como se de um seu negócio se tratasse.
Há uns meses através ouvi uma notícia que dizia, que as profissões mais bem sucedidas num futuro próximo, seriam as do ensino e as da saúde. Compreende-se, assim, a obrigação e a sua salvação. E, relativamente ao ensino, com estas 30 novas academias anunciadas ontem pela ministra da Educação, a maior das fraudes para com o Ensino e a Educação aí está: o Ministério da Educação gasta 400 milhões de euros para empresas (Apple, Cisco, Linux, Microsoft, Oracle e Sun), irem para as escolas, formar e formatar alunos.
Notícia do Público de ontem:
Ministério da Educação celebra com empresas protocolo para criação de academias de tecnologias da informação
Notícia do JN de 8 Junho:
Educação: 30 empresas das tecnologias de informação vão certificar competências dos alunos
E, no espaço de um mês, de uma certificação Duplex (com Cisco):
Uma formação que passa por alargar as Networking Academias Cisco por todo o país, prevendo um aumento das actuais 150 para 400 até 2011.
«Vamos formar essas academias em várias áreas de actividade da nossa sociedade. Em ONGs, em Centros de Novas Oportunidades, em Escolas, em prisões, em todas as áreas onde pudermos levar esses conhecimentos, nós teremos o maior gosto em colaborar com a Cisco, para levar os conhecimentos Cisco, e as competências Cisco a mais portugueses», explica José Sócrates, Primeiro-Ministro.
As Academias serão instaladas em Universidades, Politécnicos e outras escolas e vão dar uma dupla certificação.
«Significa a possibilidade de um jovem ou mesmo um adulto que frequente estes cursos e os conclua com êxito poder vir a obter um diploma que certifica as suas competências escolar e profissionalmente. O chamado Diploma de Dupla Certificação. Hoje, as certificações profissionais organizam-se dentro deste Catálogo Nacional de Profissões e a inclusão destes cursos neste catálogo significa que os jovens que os frequentem ou os adultos vão poder dispor de um diploma, que é um diploma de reconhecimento formal escolar e profissional», refere Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação…..
Maria de Lurdes Rodrigues passa agora para uma certificação Triplex ao afirmar:
(…) grandes empresas que apostam nas escolas, como pólos ou centros de formação, e pode acontecer, que possam ter possibilidade de estágio nestas grandes empresas, mas sobretudo haverá uma oportunidade de estágio e de trabalho para jovens com esta formação certificada por estas empresas.
(…) Ficam com uma espécie de tripla certificação, porque terão a certificação de nível secundário, a formação profissional do nível secundário… e terão um triplo certificado e que é o certificado reconhecido por estas empresas (por estas indústrias). [ouvir mais]
Vaidades e interesses, políticas e um modelo Triple Helix como relação entre governo, academias (escolas ou universidades) e empresas (com indústrias das ciências no que é tecnológico).
Está implícito, para quem quiser entender, que não será necessário aos jovens, esforçarem-se, estudarem para aprender ou terem grandes resultados, porque os talentos fabricam-se em conformidade por quem muito bem os quer e os poderá vir a usar:
(…) O que podem as empresas fazer para identificar as suas potenciais «estrelas» ou colaboradores de elevado desempenho? Podem começar por atirar fora os testes de QI e outros semelhantes para “medir” o intelecto.
(…) O Hay Group possui uma das mais extensas bases de dados do mundo sobre competências e comportamentos de liderança.
O Hay Group trabalha com muitas das organizações, públicas e privadas, que lideram o sector da Educação. Estamos orgulhosos do nosso expertise neste sector.
E hoje, dia 1 de Julho, realiza-se em Lisboa, o Forúm Hay Group 2008, no VIP Grand Lisboa Hotel & Spa, um evento para comunicar e apresentar as boas práticas das empresas consideradas as Mais Admiradas de 2008.
O Dr. Nuno Brito, Director Corporativo de Gestão Estratégica de Relações Humanas da EDP será o orador convidado, que falará sobre a Gestão de Talento à Escala Global.
Basta assim, ordeira e globalmente, aceitar ou estar no Hay Group (Portugal incluído) a satisfazer as directrizes de Bilderberg‘s portugueses do Clube ou Bildeberg Group.
ALICE VALENTE
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1 comentário:
Cara Alice Valente,
A situação aqui descrita e bem documentada faz-me recordar de uma conversa em que pensei ter havido exagero do meu interlocutor, mas que pelos vistos estava a falar verdade.
Tratava-se de um investigador universitário dos EUA que por razões familiares deixou a carreira académica e procurou emprego na terra onde vive, acabando por ser admitido numa grande empresa de seguros de saúde, onde apesar de ser doutorado em Física Nuclear, lhe exigiram uma licenciatura específica para aquele ramo.
Explicou que para altos cargos exigem uma formação académica adequada, mas como teve oportunidade de saber quando procurava emprego, para os em+regados de linha, as habilitações gerais pouco ou nada interessa. Aceitam analfabetos ou pouco menos, a quem ensinam como devem desempenhar as tarefas que lhes vão ser atribuídas, «assinam» i~um contrato com a lista das tarefas, não lhes vão exigir nada diferente, mas são avaliados pelo desempenho e se não cumprirem bem são demitidos de imediato.
É o espírito Bilderberg ou Hay Group a funcionar: cérebros no topo e o resto autómatos, sem capacidade crítica.
Cá estamos a entrar nessa fase de escravatura industrial. Mas os nossos dirigentes ainda estão desorientados e baralham tudo. Acabaram com as escolas técnicas de outrora e puseram toda a gente na calha para encher as universidades, mas agora, sem acabaram com essa apetência pelos «canudos» estão a baixar ao nível da preparação de autómatos ignorantes de tudo o que não interesse às suas tarefas, já previamente orientados pelas empresas.
Qual será o resultado de um indivíduo saber apertar bem um parafuso se não percebe os efeitos desse aperto no conjunto do maquinismo?
Temo pelos cidadãos do futuro e, portanto pelo País, que são eles.
Já aparecem sinais preocupantes nos concursos da TV, que evidenciam a ignorância de muitos licenciados maior do que a dos antigos portadores do diploma da 4ª classe.
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