segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Cinfães. Autarquia com mérito

Os detentores de cargos políticos, no acto de posse, juram pela sua honra desempenhar com lealdade as funções que lhes são confiadas. Mas, por aquilo que chega ao conhecimento do público, parece que uma grande parte deles tem pouco respeito pela própria honra e um conceito muito discutível de lealdade e a quem esta deve ser dirigida.

Este espaço tem pretendido ser positivo e construtivo, alertando para as correcções necessárias nos assuntos que parecem delas carecer e chamando a atenção para a ênfase que deve ser dada aos casos exemplares, aos que interpretam adequadamente o sentido de honra e de lealdade na forma como desempenham o serviço público de que estão incumbidos, isto é, aquilo que fazem com competência e seriedade em benefício os cidadãos.

Com esta orientação, tal como aqui já foi feito acerca de outros casos positivos convergentes para um melhor futuro do País em benefício dos vindouros, transcrevo a segunda parte do Editorial da Revista Sábado de 21 de Agosto e aproveita para felicitar os cidadãos de Cinfães pelo Presidente da Câmara que elegeram, o qual constitui exemplo para todos os seus pares.

Aos leitores deste espaço que tiverem conhecimento de casos semelhantes peço que me informem, via e-mail, pois seria de interesse para o País termos uma extensa galeria de políticos-modelo.

«UMA AUTARQUIA NÃO SERVE só para financiar clubes de futebol ou para construir rotundas – serve para governar no interesse das pessoas que estão mais próximas. Governar é fazer escolhas e o presidente da Câmara de Cinfães fez esta semana as suas. Olhou para o lado (em vez de olhar para o líder do partido, como fazem muitos autarcas) e reparou em três coisas: uma vacina contra a meningite custa 71 euros por cada uma das quatro doses necessárias; o custo não é comparticipado pelo Estado; e só 48% dos pais da região levaram os filhos ao centro de saúde para receberem a vacina.

«Como está em Cinfães e não em Lisboa a ver as coisas de longe, a autarquia percebeu que isso acontecia por causa da falta de dinheiro. Uma câmara não pode resolver o problema do desemprego, nem o problema dos salários baixos, nem o problema da crise económica provocada pelo preço do petróleo. Mas pode resolver pequenos problemas como este de forma simples: oferecendo a vacina. O custo total para a autarquia não passa dos 60 mil euros. Vejam lá: não dava para contratar um bom jogador de futebol nem para construir uma rotunda decente. Mas dá para fazer política como ela deve ser feita.»

5 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Inteiramente de acordo consigo, este belo exemplo serve na perfeição para ilustrar aquilo que desde há muito penso: os melhores políticos do país ainda são alguns edis que não se ajoelham perante o Partido.
E mais, são os partidos, muitas e muitas vezes, que a eles devem a vitória nas autárquicas.
A eleição de deputados por círculos regionais impõe-se, como se faz entre tantos países da Europa com uma democracia amadurecida e bem mais avançada em todos os aspectos.
Que estes exemplos cresçam e se multipliquem até que o Zé Povo abra os ohos e exija ter legítimos representantes de facto, e não só de jure.
PARA QUE O PAíS SE NÃO AFUNDE IRREVERSIVELMENTE COM A DITADURA DA PARTIDOCRACIA.

Um abraço para si e uma boa semana.
Jorge P.G.

A. João Soares disse...

Obrigado por esta achega muito interessante.
Tal como está, um eleitor de um concelho do interior não sabe qual é o deputado a quem deve recorrer para fazer uma sugestão ou pedir uma opinião ou apoio. Não há representantes que mereçam este nome. Muitos dos eleitos nada sabem da região que teoricamente representam.
Quanto às relações dos autarcas com os partidos, está provado que eles não dependem dos partidos mas ao contrário. Casos de Oeiras, Gondomar, Lisboa, Felgueiras, Penalva do Castelo (há anos), são claros.
Abraço
João

Anónimo disse...

Caro AJS,
começo por dizer que não precisávamos de contratar jogadores brasileiros, ou outros estrangeiros, se aproveitássemos a juventude portuguesa, ou incentivássemos as denominadas "camadas jovens" que se esforçam nos clubes de todo o país, em vão. Em especial nos grandes. Mas alguém ganhará com isso, é claro!
As famosas rotundas são um dos piores exemplos da nossa política autarca. Portugal tem rotundas a mais. Talvez por isso as pessoas fiquem zonzas e não consigam fazer evoluír este nosso país.
Em relação à acção do P. da C. de Cinfães é um bom exemplo do combate à exclusão. Não faço ideia de que partido é, nem me interessa.
Infelizmente a maioria das câmaras estão de tal maneira endividadas que até simples supositórios teriam que ser comprados a crédito. Mas temos 10 estádios de futebol. Aqui temos dois -o outro, bem bonito está de má saúde.
Uma boa acção da câmara, mas que deveria ser uma preocupação da administração central, visto ter a tutela da saúde.
Cumprimentos

Nuno Raimundo disse...

Boas...

É verdade, e quem tem governa com respeito e mérito deve ser felicitado. Neste caso se fosse a minha cidade talvez lhes desse um novo "voto" de confiança.

abr...prof...

A. João Soares disse...

Nuno R,
Concordo consigo. Mesmo quem tenha decidido passar a votar sempre em branco, deve fazer uma excepção para quem tenha dado provas de dedicação aos eleitores em geral, principalmente aos mais carentes, para aqueles que governam com a consciência de que devem, a cada momento, orientar as suas acções para dar o máximo benefício à população, sem olharem de forma diferente para amigos e compadres.
Abraço
A. João Soares