quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Carência de mão-de-obra

Nas notícias de hoje ressalta o problema da carência de mão-de-obra nas empresas de construções. Mas parece que do mesmo facto se queixam muitas outras, de outros ramos, grande parte delas com tipo de trabalho mais suave e menos arriscado. É assunto que apesar de ser previsível desde há muito tempo merece ser meditado e ponderado pois o índice de desemprego é elevado e a imigração muito volumosa a ocupar postos de trabalho que os nacionais recusam.

Segundo a notícia do Jornal de Notícias, o problema nas empresas de construção do Norte, deve-se a diferenças de salário que levam os operários a irem trabalhar para Espanha onde ganham 2,26 vezes mais (1200 contra 531,50€). Parece que os nossos gestores não são muito esclarecidos e não sabem motivar um dos principais factores da empresa. Esta precisa de capital, de equipa de gestão, de trabalhadores, de clientes e da simpatia da sociedade do meio em que se insere. O capital, indispensável para o arranque da empresa, para instalações e equipamento, depressa é amortizado e passa a ser criado pela própria empresa, através da acção da gestão e dos trabalhadores. A gestão tem uma importância permanente, no funcionamento de todos os factores que se conjugam para a facturação e os consequentes lucros. Dos trabalhadores, que convém estarem motivados sentindo que a empresa é sua e enriquece com o seu trabalho honesto, competente e dedicado, sai a produção que será tão boa em quantidade e qualidade, quanto o for a sua motivação. A eles interessa que a empresa tenha bons resultados para sua satisfação, e garantia de continuidade do emprego e, também, para maiores salários e prémios. Os clientes, satisfeitos, são uma garantia de bom futuro para a empresa e essa satisfação resulta da perfeição do trabalho feito pelos operários e pelo seu enquadramento. Quer os clientes quer os operários satisfeitos com a empresa tornam o meio social afectivamente ligado à «sua» empresa. E esta tem obrigação de apoiar alguns aspectos sociais da localidade para aumentar essa interacção, sendo justo aqui referir o exemplo dos «Cafés Delta» em Campo Maior».

Mas o tema deste texto leva-nos mais além do caso dos salários da Construção e deixa uma quantidade de interrogações acerca da falta de vontade de trabalhar, isto é, de ganhar a vida com o próprio esforço e ocupação da capacidade física e intelectual para produzir os recursos financeiros indispensáveis para viver. E isto passa-se apesar da reorganização do ensino, do programa das «novas oportunidades» e das anunciadas reduções dos subsídios.

A falta de vontade de trabalhar não é apenas devida aos subsídios viciantes e incontrolados, embora haja sobejos sinais de terem grande influência. Já aqui referi, há tempos, um caso de uma candidata a emprego dizer que «por esse salário não estou interessada, pois recebo quase isso do subsídio e não preciso de cumprir horários nem de aturar patrão». E também o caso daquela licenciada que estava há seis anos à espera de «emprego compatível com a sua licenciatura», e entretanto vivia à custa dos pais. Em grande parte, falta, desde tenra idade, educação cívica do dever de trabalhar, do direito ao trabalho, da gestão da própria vida, da procura da auto-suficiência.

Não é agradável ver jovens desempregados enquanto muitos empregos de fácil e agradável desempenho estão nas mãos de imigrantes. Parece que a mentalidade portuguesa está a degenerar para a subsidiodependência a alta velocidade e, quando o subsídio não é suficiente, surge o recurso a actividades ilegais, por vezes de cariz criminal.

O assunto merece ser devidamente analisado por quem de direito, a fim de ser procurada a terapêutica adequada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já questionei alguns jovens. Uns dizem que não trabalham por tão pouco. Outros dizem que são preteridos em relação aos estrangeiros e falam em impostos... salários mais baixos...

Cumprimentos