Do muito que foi dito e escrito sobre a crise podem tirar-se várias conclusões, das quais, embora não seja especialista, mas como vítima dos erros dos decisores, penso poder salientar que ela resultou de erros sucessivos de particulares, empresas e instituições financeiras que, chegaram ao ponto de rotura, com a apatia dos poderes governamentais. O ponto comum de todos esses erros está na ausência de valores éticos, morais, cívicos e sociais, que podem integrar-se no conceito alargado de civismo. Ambição, endeusamento do dinheiro foram além dos limites do possível, graças à indiferença do poder controlador do Estado.
Viveu-se de ilusões e ingenuidades. Agora que surgiu um remendo heterodoxo com governos capitalistas defensores da economia de mercado, a intervir nessa mesma economia, com o dinheiro dos contribuintes, como se fosse dirigida pelo Estado Central. Um sinal de viragem nas ideologias de economia política?
Deu como resultado imediato: a alteração da ilusão dos agentes económicos mais ligados à finança. E ela ficou visível na subida das bolsas ontem, 13, e que o PSI 20 subiu 10,2% e hoje subiu, mas muito menos, 4,46%. É a especulação, ávida de dinheiro fácil a seguir as suas tradições. E quem comprou e originou tais subidas, venderá amanhã para realizar as mais valias de que se alimenta, e a bolsa cairá. Se não for amanhã, será nos próximos dias. E a ficção continuará, indiferente aos receios que sentiu nas últimas semanas.
Mas, infelizmente, não há sinais de uma análise séria das causas do fenómeno, não surgem poderes fortes decididos a introduzir nas finanças mundiais alterações que criem uma nova gestão financeira ajustada às condições da globalização e que garanta segurança impeditiva de crises frequentes e graves. É preciso muito saber e muita coragem porque os viciados no sistema actual hão-de lutar para impedir alterar aquilo que lhes deu fortuna, hão-de evitar que lhes matem a galinha dos ovos de ouro. Mas, se tais alterações não forem incrementadas, os ricos serão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres até que surja a «revolta dos escravos».
Por isso, não se pode dizer que a crise está vencida, mas apenas, com muito optimismo, poderemos concordar com o título de notícia do JN de que o «Socorro à banca deixa a crise em suspenso», apenas em suspenso e por tempo não definido.
Obviamente, candidato
Há 1 hora
7 comentários:
Amigo João, excelente artigo!
Penso, como muitos, k estará longe de terminar. A ansia de particulares (muitas vezes justa, outras nem por isso) em aceder a...; o não escrúpulo de instituições financeiras (banca, seguradoras, fundos de investimento; institutos de financiamento, etc.); com o recurso a publicidade altamente agressiva; a apatia (a k faz referência) dos governos, que terá a ver com a falta de regulação mas não só... (estar em cima e criminalizar quem fizer por isso), levaram ao estado economico-financeiro em k se encontra a ecúmena. Vai levar tempo...
Abraço!
Como diz, vai levar tempo. Estas alterações no sistema financeiro, ou se fazem com rapidez e causam perturbações difíceis - o que não é desejável - ou então exigem um consenso, um acordo entre os principais partidos para, sucessivamente, introduzirem pequenas alterações coerentes e convergentes para o fim em vista. Se não houver esse acordo, as forças contrárias às alterações fazem entupir os canais e é um pára-arranca que só traz prejuízos e os mais prejudicados são sempre os mais pobres, o mexilhão que sofre quando o mar bate na rocha.
E o que vemos é que os governantes ficam satisfeitos quando pregam um pequeno remendo no sistema e ele resulta no imediato.
Abraço
João
Caro João Soares
E o mais grave é que este (des)Governo está a preparar-se para fazer aquilo por que todos esperávamos: abrir os cordões à bolsa em período pré-eleitoral. Como se Portugal, no meio desta tormenta, fosse o único navio a flutuar sem problemas. Por outras palavras, Portugal é um paraíso (socretino, bem entendido).
Todos sabemos que não há dinheiro para nada, que o (des)Governo não pode garantir nada. Mas os ministros anunciam obras e mais obras. Anunciam benesses e mais benesses. Tudo para que o povo não se aperceba de que o desastre é inevitável.
É mais que evidente que, com estas medidas demagógicas, o cidadão Pinto de Sousa vai governar com mais uma maioria absoluta.
Mal ganhem as eleições, estes (des)governantes vão dar o dito por não dito. E vamos pagar muito caro pela imprudência de acreditarmos em demagogias baratas.
Caro Vouga. Na nossa juventude as cópias faziam-se a papel químico ou stencil no momento da elaboração do documento. Depois vieram as fotocópias que permitem em qualquer altura fazer cópias de qualquer escrito ou boneco.
O actual governo está a copiar as tácticas que utilizou nas eleições anteriores, com promessas desmedidas porque não fazia tensão de as cumprir. O povo acreditou e deu-lhe o voto. Agora só acredita em promessas dele quem quiser, e depois não venham queixar-se de que foram ludibriados. Mas com o povo adormecido e em coma induzido que temos, não me admiro de que lhe dêem a maioria absoluta. Também não tem adversário à altura. No PSD, por tradição destes últimos anos, nem os militantes acreditam no dirigente que escolheram. Em poucos anos já mandaram embora o Santana, o Mendes e o Menezes e já se preparam para correr com a Manuela!!! Pobre País que tais eleitores tem.
Mas não falta dinheiro para dar a bancos mal geridos a fim de suprir as incapacidades ou desonestidades de maus gestores, maus mas bem pagos!!!
Um abraço
João
Em suspenso, sim... Todo sistema, como tudo na vida, tem começo, meio e fim... Penso que a humanidade está carente de mudanças e essas geralmente são dolorosas, mas, necessárias...
Beijos de luz e um dia muito feliz, meu amigo!
Este impaciente vento
Solta a espuma de um escuro mar
Mistura o pranto e o riso
Aprisionados em sal solto no ar
Indomável é a tua vontade
Alimentas o fogo da solidão
Percorres caminhos incertos
Dás inquietação a uma oração
Boa semana
abraço
Cara Mundo Azul,Zélia Nicolodi,
A mudança faz parte da Natureza, A vegetação e os animais não têm sempre o mesmo aspecto. As estações do ano causam mudanças. Mas nunca se afastam do objectivo, da finalidade que lhes é intrínseca. Na humanidade, por que errar é humano, estamos a abusar dos erros, por mero capricho, sem coerência, sem obedecer à finalidade que deve ser a procura de uma vida melhor para os seres humanos devidamente integrados num ambiente que deve ser respeitado.
Esses erros grosseiros estão cada vez mais visíveis e mais frequentes nas decisões dos políticos que se esquecem da sua razão de existir, que é a procura do máximo de felicidade para toda a população, e não apenas para a corte que os rodeia.
Beijos
João
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