Nos períodos mais festivos, são inúmeras as famílias que sofrem a perda de entes queridos e ficam com outros a seu cargo, deficientes dependentes para o resto da vida, em consequência de acidentes rodoviários.
As autoridades esforçam-se a contar e recontar a quantidade de mortos e feridos e comparam com os valores do ano anterior, como se as pessoas, com os seus sofrimentos e sentimentos, fossem coisas banais e não seres humanos com laços de afectividade e de responsabilidade em relação à família, a colegas e amigos. Cada caso é um problema grave e não apenas um número, mas os responsáveis não têm sensibilidade para assim pensarem.
No blogue Mentira, o bloguista «Mentiroso», tal como tem feito noutras épocas de previsível aumento da sinistralidade, mais uma vez se debruçou sobre o tema, no post Estradas Assassinas. Do seu texto ressalta que a obsessão dos políticos contra a velocidade e o álcool é uma confissão de incapacidade para analisar o problema na sua totalidade, focando apenas dois aspectos que nem são essenciais, pois são resultantes de causas mais complexas e abrangentes. E são estas que devem se atacadas com eficácia.
O «denominado excesso de velocidade», tal como é na realidade, não passa de ferramenta para a caça à multa. Tal excesso representa a ultrapassagem de limites estabelecidos por sinais colocados, muitas vezes, por mero capricho, como se pode verificar, por exemplo com sinais de 30 onde, se a preocupação fosse realmente a segurança de automobilistas e peões, não necessitava ser inferior a 60 ou, quando muito, 50. Este dislate já aqui foi referido várias vezes.
Na origem dos acidentes está, em muitos casos, o mau traçado e construção das estradas, a sinalização sem fiabilidade, desadequada que, estimulando o desrespeito e criando maus hábitos, pode originar acidentes quando eventualmente o sinal for correcto e deva ser respeitado. Hoje na maior parte dos casos o automobilista pensa «se ali está 30, posso ir a 100! A velocidade causadora de acidente é a «velocidade excessiva» isto é, aquela em que o condutor já dificilmente pode controlar o veículo. O excesso de velocidade deveria referir-se a esta, com um pequena margem de segurança para baixo.
Como os números revelam, as sucessivas alterações ao Código não têm contribuído para aumentar a segurança, diminuindo a sinistralidade, podendo deduzir-se que essa não teria sido a intenção do legislador, que parece ter-se apenas preocupado em agravar as penalizações em valores das multas e das coimas.
Teria sido mais eficaz uma campanha de sensibilização, bem preparada a levar a cabo de forma abrangente, começando nas escolas e nos clubes e outras organizações sociais. Haveria que evitar cartazes caríssimos e sem mensagem clara inteligível que apenas interessam à empresa contratada e , eventualmente, ao funcionário amigo que assinou o contrato. Há soluções mais eficazes e menos custosas.
Uma campanha de educação cívica através de todos os meios, que sensibilize para o respeito à vida própria e à dos outros, o cálculo do risco a ser controlado, o bom senso, etc., reduziria os erros que frequentemente se praticam. O uso do álcool passaria a ser comedido, dentro do razoável e, quando sob o efeito do seu abuso, o condutor consciente da sua debilidade, praticaria uma condução mais cuidada ou estacionaria o carro e seguiria ao destino noutro meio. Isto seria conseguido com uma sensibilização bem assimilada.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
A estrada continua um meio de morte
Posted by A. João Soares at 18:38
Labels: acidentes, estrada meio de morte, segurança rodoviária
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14 comentários:
João
Infelizmente é verdade, a estrada continua a matar em excesso. A estrada é, como sabemos, o espelho (in)cívico de alguns.
Bom Ano Novo e Próspero 2009.
Abraço
Amaral,
O civismo é essencial em todos os aspectos da vida. Quando falha é o desastre. A família e a escola são dois pilares importantes, seria bom que se reabilitassem.
Abraço e votos de um bom Ano Novo
João
João, meu amigo!
Seus temas são profundos e importantes, mas meu tempo está exíguo...mas você é uma pessoa correta e da maior honradez!
Feliz 2009!!!
Abraços
O português quando apanha um volante transforma-se e sente que tem algum poder, dai as brutalidades que vemos nas estradas.
Tem também razão na parte do desenho das estradas e na urgência de uma campanha mas de formação cívica para muita gente.
Um feliz ano de 2009.
Cara Vanuza,
Minha cara amiga , muito obrigado pelas tuas palavras. É agradável saber que alguém nos reconhece as virtudes!!!
Beijos e votos de um bom Ano NOVO
João
Caro Daniel,
Esse descontrolo ao volante e noutras posições de poder é falta de civismo, de carácter. Não é notório só nos condutores!!!
É preciso educar as crianças, mesmo que já tenham algumas dezenas de anos!
Abraço e votos de um Bom Ano,
João
Se vissem o que eu vejo todos os dias na "minha estrada" diária de acesso ao meu emprego...
Chamam-lhe a "estrada da morte", pois quase todos os dias á morre alguém.A imprudência é tanta, a autoconfiança é exagerada, o exibicionismo é algum...Assim, não podemos ter esradas seguras. A segurança depnde também do nosso comportamento.
Ainda bem que fazem menção ao tema!
Cara Luísa,
A segurança, como diz, depende do nosso comportamento. Cada condutor deve agir de acordo com as condições da estrada. Só no caso de haver uma vala transversal depois de uma curva sem visibilidade e sem ter sinalização adequada, poucos casos existem que o bom condutor não consiga prevenir.
A falta de civismo engloba aquilo que diz: imprudência, autoconfiança exagerada, exibicionismo, etc. O volante nas mãos transforma a personalidade das pessoas mal formadas. É como a tendência para os maus políticos abusarem do poder. Olhe o Mugabe no Zimbabué, e outros como ele, por cá.
Abraço e votos de Bom Ano
João
Caro amigo João,
este é um tema demasiado delicado, todos os anos há muitas mortes nas estradas portuguesas, principalmente nesta altura do ano e nas férias de Verão.
Na verdade e infelizmente estas tragédias devem-se a dois factores que sempre estão aliados, as más estradas e sinalização, e a inconsciencia de muitos condutores que por vezes matam quem até é cuidadoso e cumpridor.
E assim ficam todos os anos muitos lares destruidos, onde a alegria dificilmente voltará a ser a mesma.
Feliz Ano Novo e beijinhos,
Ana Martins
Comentário sábiamente redigido!Aprendemos todos os dias. A tolerãncia já não existe...Reeduquemos os nossos grandes-pequenos condutores.
Obrigada pela divisão de sabedoria!
Um óptimo 2009
Querida amiga e colega Ana Martins,
Temos que encarar de frente esta tragédia que, nas épocas mais festivas, destrói sadicamente muitas famílias, algumas sem terem a menor culpa da má formação moral de desleixados que não respeitam o direito de os outros circularem com segurança, que não deixam os outros chegar ao fim da viagem.
Pela importância deste assunto, todos devemos falar sobre isto até fazermos despertar e consciencializar, os menos atentos.
Já vimos que não pomos esperar muito dos governos nem dos tribunais para acabar com este flagelo. Temos que ser nós a exigir civismo dos outros para que respeitem os nossos direitos.
Beijos
João
Cara Luísa,
Quando estão em perigo as vidas de tantas centenas de mortos e milhares de feridos, alguns que ficam inutilizados para toda a vida, não se pode ser tolerante. Mas, infelizmente, nestes como noutros casos, os tribunais são demasiado tolerantes, condescendentes permissivos perante os culpados.
É um caso em que os cidadãos bem pensantes devem bramar contra este estado de coisas. Devemos partilhas as conclusões das nossas reflexões com a família , os colegas, os amigos, os companheiros de viagem, etc.
Beijos
João
Caro João:
Quantas vezes num acidente mortal, ou com sequelas para o resto da vida, vem a verificar-se a total ausência de culpa por parte das vítimas?
Andar na estrada, hoje, é andar em estado de permanente risco.
A imprudência e a inconsciência campeiam por todo o lado.
O volante é uma arma perigosíssima nas mãos de alguns.
Já não nos basta sermos prudentes.
Precisamos de ter a sorte do nosso lado para não irmos desta para melhor.
O egoísmo, a ausência de respeito pelo outro, a falta de perícia, acrescidas de condições climatéricas adversas e de uns copos a mais, geram misturas explosivas que podem levar a morte até à auto-estrada mais segura.
Infelizmente, a única coisa que modera certa gente, é o receio de encontrar um polícia da brigada de trãnsito que lhe passe a multa.
Não faço a menor ideia se esta situação irá inverter-se, algum dia.
Os pais nem os próprios filhos protegem, começando logo pela ausência da colocação de cinto ou cadeirinha apropriada no transporte de crianças.
Que fazer com pessoal deste calibre, insensível a tudo o que não seja o próprio umbigo?
Abraço
Querida Ana,
Na base da quase totalidade dos acidentes está a falta de civismo e incompetência para conduzir. Com civismo (respeito pelos outros, não criar riscos desnecessários para os companheiros nem para os outros utentes da estrada) e com competência técnica para a condução ficava tudo resolvido, pois a velocidade nunca seria exagerada, e seria condicionada ao estado da estrada e à visibilidade.
Hoje há uma notícia muito clara: um rapaz veio da Suíça festejar o Natal com a família, trazendo um caro que dava mais de 200. Exibicionista quis ostentar o seu carro e levou a passear duas amigas, acabando por se despistar a mais de 200 batendo nuns pinheiros de que resultou a morte dos três e a destruição total do carro.
Um «lindo» exemplo que devia fazer pensar muitos inconscientes que andam por aí a colocar em risco a vida dos outros.
Beijos
João
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