Transcreve-se artigo do Público sobre um dos temas inseridos na tensão entre os ex-combatentes deficientes e o Governo, como era referido no post Ex-combatente deficiente em greve de fome, aqui colocado em 29 de Novembro.
Cavaco Silva ao lado dos militares deficientes na luta por mais apoios do Governo
Público. 20.12.2008, Luciano Alvarez
O PR já tinha dado sinais de que não está de acordo com os apoios dados a esta classe. Ontem deixou-o claro.
Cavaco Silva foi ontem claro como água: está ao lado das reivindicações dos deficientes das Forças Armadas no confronto que estes mantêm com o Governo de José Sócrates. Numa visita à sede da Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA), Cavaco fez mesmo algo que não é habitual nestas ocasiões. Tendo o secretário de Estado da Defesa, Mira Gomes, ao seu lado, o Presidente da República chamou-o para lhe dar conta das reivindicações dos deficientes. Os presentes aplaudiram vivamente. O governante não disse uma palavra.
A ADFA, que tem cerca de 15 mil associados, viu recentemente frustradas as suas expectativas na votação de duas propostas de alteração ao Orçamento de Estado de 2009, apresentadas pelo CDS-PP, que defendiam a reposição da assistência médica por completo e a actualização das pensões indexada ao salário mínimo nacional, que foram chumbadas pela maioria socialista.
Ontem, o chefe de Estado manifestou uma clara discordância com este chumbo dos socialistas, revelando que esta é outra matéria que o separa de José Sócrates. E disse-o várias vezes durante o seu discurso.
"A dívida de gratidão e o preito de homenagem para com aqueles que ficaram deficientes ao serviço da nação impõem prioridade no tratamento que lhes deve ser dispensado", começou por afirmar Cavaco Silva.
E se dúvidas houvesse nas suas primeiras palavras, salientou pouco depois: "Os que tudo deram ao serviço de todos nós têm de estar no topo das nossas preocupações. Mais do que um dever de Estado, é um imperativo de consciência reconhecer a excepcionalidade da situação que foi imposta a estes cidadãos."
"Um país sem memória é um país que não é digno da sua história nem merecedor do seu futuro", afirmou ainda o chefe de Estado, perante mais de 300 deficientes das Forças Armadas, chefias militares e deputados da comissão parlamentar de Defesa.
Admitindo que Portugal vive tempos difíceis, o Presidente voltou à carga no seu discurso, afirmando que "importa, contudo, assegurar o adequado apoio que os deficientes das Forças Armadas reconhecidamente merecem e impedir a degradação da sua condição social". E disse mesmo ser necessária "uma acção concertada dos vários departamentos do Estado" para apoiar os deficientes.
Cavaco Silva concedeu à ADFA o título de Membro Honorário da Ordem da Liberdade.
Antes, o presidente da ADFA, José Arruda, repetiu perante Cavaco Silva e o secretário de Estado da Defesa as reivindicações da associação, a maior parte na área da assistência à saúde, e lembrou que "há uma grande revolta" e uma "grande indignação". "Vamos vencer", acrescentou.
José Arruda lembrou que Cavaco Silva tem "dado desde sempre um grande apoio aos deficientes das Forças Armadas" e acentuou que também o chefe de Estado foi um combatente. "E os combatentes marcham sempre ao lado uns dos outros", acrescentou.
Frases de 2024 (30)
Há 3 horas
5 comentários:
Caro João Soares
São boas notícias. Espcialmente vindas de quem se tem pautado pelo silêncio conivente.
Na nossa História recente, o comportamento dos sucessivos PR tem seguido um padrão comum: serem cautelosos no primeiro mandato (para garantir o seguinte) e disparar a artilharia pesada no segundo mandato.
Ao que parece, Cavaco Silva já está a fazer a regulação do tiro para enforquilhar o alvo. Será?
Deveria este ou outro qualquer governo ter em grande consideração todas estas pessoas que deram o corpo e a alma pelo país.
Aguardava-se também por um maior respeito pelas forças aramadas em geral.
Caro Amigo Vouga,
Seria bom que o PR tomasse atitudes como esta, por sistema. Mas temos que ser realistas. Ele agora está ressaibiado com o PS por causa do Estatuto dos Açores e, por isso, toma destas atitudes!
Estas palavras que agora disse teriam muito mais valor se fossem ditas sistematicamente com método constante.
Enfim, é a política que nos oprime, de forma constante,mas com variações na exteriorização!!!
Não podemos acreditar nas palavras de políticos sejam eles quem forem.
Abraço
João
Caro Daniel Santos,
Infelizmente, os políticos (salvo eventuais excepções) não têm sentido de Estado e estão focados prioritariamente para os seus interesses pessoais, olhando apenas para o próprio umbigo e para o imediatismo. Olhe para os políticos que estão em grandes tachos como BPN, BCP, Bpp, etc.
Os deficientes das Forças Armadas foram sacrificados por decisões políticas, na altura legítimas, embora hoje sejam discutíveis. Obedeceram aos políticos e hoje veja a recompensa que têm!
Os actuais governantes, não têm a mínima consideração pelos funcionários públicos. Consideram-nos inimigos a abater, como se tem visto com militares, professores, juízes, polícias, etc.
Vai longe o tempo em que o sonho de pessoas da província era ser funcionário público, mas hoje têm toda a razão para colocar essa hipótese no fim das prioridades.
Abraço
João
ao Domingo, destaque o que melhor li durante a semana lá no meu blogue.
Coloquei em destaque esta sua opinião, com a devida vénia.
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