Muito tem sido dito e escrito acerca dos investimento faraónicos de discutíveis resultados para a o desenvolvimento da economia, fraca capacidade de recuperação do valor investido e posteriores pesados encargos de funcionamento e de manutenção das estruturas, fixas ou circulantes.
O TGV tem sido objecto de variados comentários, principalmente nas ligações internas de pequena extensão em que as composições não chegam a atingir a velocidade máxima que lhe daria vantagem. Os fundamentos que o poderiam tornar aceitáveis há 10 anos poderão não o justificar agora, em que tudo se modificou.
Em resposta à objecção argumentada pela presidente do PSD, o ministro das Finanças considerou ontem à noite "uma falsa" questão a polémica em torno dos investimentos na rede ferroviária de alta velocidade (TGV), defendendo que este projecto não terá impacto no défice ou na dívida pública em 2009. Referia-se às palavras de Manuela Ferreira Leite, presidente do PSD, na entrevista à RTP, em 15 à noite quando afirmou que, se formar Governo, riscará o investimento no TGV.
O ministro pode ter argumentos válidos, mas aquele que utilizou não convence ninguém que pense, porque o impacto a considerar não pode ser apenas o que se verificará no défice ou na dívida pública em 2009, sendo absolutamente indispensável projectar os impactos nos anos seguintes. É preciso ter uma noção o mais rigorosa possível sobre os custos e ganhos com o TGV nas próximas duas décadas, no mínimo. Não se deve ser inconsciente ao ponto de hipotecar Portugal e deixar encargos insuportáveis às gerações vindouras. O próprio ministro das Finanças acerca das previsões que apoiam as alterações do orçamento, escudou-se, alertando para que os números não devem ser considerados seguros, podendo surgir alterações imprevisíveis. Realmente não estamos em situações de embarcar em aventuras de muito alto risco
Numa época destas, um megainvestimento deste género só interessa às construtoras e dará trabalho a imigrantes, mas não contribuirá extensivamente para o aumento do poder de compra das populações. Não irá proporcionar maior produção às indústrias que permitam substituir importações e aumentar exportações.
Talvez a Presidente do PSD esteja mais dentro do bom senso do que o ministro das Finanças e o das Obras Públicas e Comunicações e este nem sempre se apoia em estudos isentos e rigorosos como se viu no caso da Ota, processo que teve de engolir e substituir pelo de Alcochete sem ter indigestão.
As eleições nos EUA
Há 4 horas
10 comentários:
Sou, por princípio, favorável à implementação de projectos que visem ganhos para o país a médio prazo. Portugal sempre se decidiu a realizar obras importantes quando essas já não eram suficientes, correndo assim sempre contra o tempo.
Não creio, porém, que o TGV seja tão importante assim num país periférico e pequeno.
O aeroporto de Badajoz, por exemplo, veio tornar o TGV ainda menos premente. É algo que me parece que o regime quer deixar como vaidade pessoal de ficar ligado ao progresso.
Opaís precisa de centrios de saúde, de ur`^encias hospitalares, de um sistema de saúde eficaz, de uma educação e de escolas capazes...
E nem quero saber se o TGV vai pesar muito ou pouco na vida real do povo.
Se não é factor de desenvolvimento da proução e do emprego, não se deve partir para ele. Tão simples quanto isto.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Caro Jorge P.G.,
Trata-se de um brinquedo que fica muito caro. O Governo deve tomar em consideração as opiniões dos outros partidos e de técnico isentos e apartidários. Os estudos contratados para defender o que o Governo pretende não merecem consideração como se viu no caso da Ota.
Mas os governantes têm dificuldade e resistir às pressões das construtoras. E estas têm do seu lado políticos experientes que conhecem como a máquina do Estado funciona e onde estão as suas vulnerabilidades. E os portugueses que se tramem !
É um projecto demasiado caro e pouco útil para vaidades. Como muito bem diz, é preciso calcular o seu efeito no aumento da produção nacional e na oferta de emprego durante o seu prazo de vida útil, e que os benefícios cubram o investimento e os custos de funcionamento e de manutenção. E não pode deixar se colocar na escala de prioridades em que constem as outras necessidades, como as que refere.
Um abraço e bom fim-de-semana
A. João Soares
Caro João Soares
O que está aqui em causa não é propriamente a bondade do projecto. É a imagem do Governo e da oposição. A Drª M. F. Leite, aparentemente, não percebeu este aspecto. Não fez o trabalho de casa ao preparar a entrevista. Deveria prever e ensaiar à exaustão as respostas às hipotéticas rasteiras de que iria ser vítima da parte de uma comunicação sicial totalmente vendida ao poder instituído.
Ao responder que não daria seguimento ao projecto do TGV, esqueceu-se do que dissera antes, enquanto ministra de Durão Barroso. E esqueceu-se de esclarecer que, pelo facto de a situação actual ser totalmente diferente, já não se justificava o projecto.
Assim, tendo razão, acabou por ser derrotada pelo caricato ministro "Jamais".
Caro Vouga,
Foca um ponto muito real e pouco discutido. Os políticos portugueses não pensam nos interesses nacionais, não têm Portugal como objectivo das suas decisões diárias; pensam nos seus interesses pessoais e depois nas lutas entre partidos, com o fim de denegrir os rivais para que estes não sejam os vencedores das eleições seguintes.
A vaidade, a defesa da imagem do partido, a arrogância a servir como bluff, são conceitos que estão sempre presentes.
Um abraço
A. João Soares
Infelizmente este país está viciado em investimento publico, é assim e a não ser que a crise passe nada se pode fazer.
Depois, não concordo com a das empresas de obras publicas. O amigo sabe que um projecto destas dimensões não é só ferro e betão. Associadas existiram centenas de empresas das mais diferentes áreas.
Um projecto como o TGV será para essas centenas de empresas um balão de ar, atenção que nem todas são só imigrantes a trabalhar.
Aqui ao meu lado, relativamente, onde trabalhei 8 anos nos escritórios, a mão de obra é totalmente portuguesa e as obras são de impacto nacional.
Regresso ao inicio, se com este pessimismo, se com esta crise, se não for o estado a investir, quem investe?
Dificilmente o sector privado investirá em algo que dinamize a economia.
Acredito que num futuro isto mude, mas até lá será assim, infelizmente.
Daniel Santos,
Mas há que calcular a relação custo benefício. Se o TGV acabar no seu funcionamento dar prejuízo, em sentido lacto contando com os utilizadores, seria preferível dar o salário aos trabalhadores e deixá-los em casa.
Construir só para se ver? Só para propaganda? Só para fachada?
E se esse dinheiro fosse para melhorar as condições das escolas, dos hospitais, dos centros de saúde, das maternidades, dos tribunais?
Há investimentos de menos vulto mas com utilidade para os portugueses de amanhã, dando trabalho e negócio a muita gente e empresas de hoje. Só que não dão tanto nome aos políticos.
Poderia dizer-se muito da forma como os dinheiros públicos são esbanjados.
Abraço
A. João Soares
João
Penso que nesta altura de crise, em Portugal, em Espenha em todo o mundo a atitude mais correcta será suspender a obra "desastrosa" do TGV.
Mas porque é que muitos não a querem ver suspensa? Porque vai dar muito dinheirinho às empresas dos amigos. Ah pois é.
Boa semana
Abraço
Esta obra faraónica do TGV, apenas interessa ao PS, porque é ano eleitoral, e a Jorge Coelho. Porquê?
Porque não tenho dúvidas que é a Mota/Engil que vai ficar com a obra. Duvidam? Então, porque é que o rapaz foi para Presidente da Mota/Engil? Estes negócios estão no papo!
Um abraço
Compadre Alentejano
Amaral,
E, lá no fundo da escala, Portugal será o mais prejudicado. E Portugal somos todos nós. Por isso, não podemos ficar indiferentes a estas brincadeiras com brinquedos de luxo quando o dinheiro falta para serviços públicos essenciais.
Um abraço
A. João Soares
Compadre Alentejano,
Este é um assunto que justifica muita atenção.
Sugiro uma visita aos comentários no outro blogue, Do Miradouro.
Um abraço
A. João Soares
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