quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Criar emprego ou empregar reformados?

Transcrição de post do blog Zé povinho:

QUESTÕES DE OPORTUNIDADE

Numa ocasião em que o desemprego atinge proporções alarmantes em Portugal, é difícil de engolir algumas propostas deste Governo. Uma proposta verdadeiramente indecente é a do convite aos professores reformados para fazerem trabalho voluntário e não remunerado nas escolas.

A memória nos políticos não é reconhecidamente uma qualidade pela qual eles sejam admirados, mas todos nós lemos muito recentemente que entre os funcionários públicos que pediram reformas, a profissão que mais tinha recorrido a este pedido tinha sido precisamente a dos professores. O motivo mais invocado foi precisamente a discordância com a política educativa deste executivo, e mesmo com as penalizações agravadas nos últimos anos, a decisão pendeu em muitos casos para a reforma, mesmo que antecipada.

Quem se lembraria numa ocasião em que o desemprego é uma ameaça que a todos assusta, vir a propor a reformados que venham a desempenhar funções a título gratuito, diminuindo assim as oportunidades para os que estão já no desemprego?

Por vezes pergunto-me se os políticos que nos (des)governam vivem no mesmo planeta que os restantes portugueses, ou se se trata mesmo da falta de qualidade a que muitos aludem, e que os ditos fazem questão de demonstrar com a sua acção.

Publicada por Zé Povinho

NOTA: As considerações contidas no texto são de uma lógica cristalina. Mas parece que dos nossos políticos não se pode esperar lógica, racionalidade, memória, coerência, bom senso.

Assim o mostram, a cada intervenção, a cada sinal de vida. A ideia que deixam aos observadores é o oposto ao que, certamente, desejariam mostrar. Há realmente uma contradição entre as promessas de combate ao desemprego e esta intenção de ocupar postos de trabalho com reformados. Deve ser uma doença própria de políticos dado que o PR e alguns ministros já estão reformados e, para maior escândalo, com várias reformas.

Deviam analisar com cuidado os conselhos que lhes são dados em Pensar antes de decidir.

8 comentários:

Daniel Santos disse...

Mais difícil ainda foi ver o ministro dizer que o desemprego baixou.

A. João Soares disse...

Caro Daniel,
Se as palavras e as decisões dos governantes fossem verdadeiras e lógicas, a conclusão seria essa: deixou de haver desemprego e, para fazer face à oferta, torna-se necessário recorrer aos reformados!!!
Na política é assim: são reformados o PR, o ministro das Finanças, o das Obras Públicas, como foi o anterior das Finanças!!!
Grande País este!!!
Abraço
João Soares

Anónimo disse...

Nestes tempos de crise, em que o desemprego cresce diariamente e é oficiamente apenas de 8,2% apenas porque para o cálculo não entram todas as pessoas que estão realmente desempregadas, mas tão só as que estão registadas de momento nos Centros de Emprego. Será que quem não tem direito a "fundo de desemprego" e já perdeu a esperança de encontrar emprego não é um desempregado?
Para contrariar esta adversidade seria de esperar que se facilitasse o abandono da vida activa dos mais velhos. Mas está a fazer-se precisamente o contrário a pretexto da redução da natalidade e do aumento da esperança de vida (?). Assim, os mais jovens desempregados nunca mais vão encontrar emprego e viverão sempre encostados "à muleta" dos pais enquanto estes se arrastam melhor ou pior para o seu trabalho enquanto lhes for possível. Depois, quando os pais ficarem sem trabalho ou morrerem será a hora da verdade: Não será depois, sem hábitos de trabalho e sem experiência profissional, que os "jovens" trintões ou quarentões vão começar a trabalhar. Será então a altura desta sociedade globalizada e selvagem colher os frutos já maduros que semeou.

Um abraço!

Zé da Burra o Alentejano

A. João Soares disse...

Caro Zé,
Sem dívida que esta sociedade que está a degradar-se de forma continuada irá colher os frutos da semente que está a lançar no terreno. O desmazelo e o facilitismo, na voragem dos últimos tempos de corrida louca ao sabor da força da gravidade, é uma semente de joio e não de trigo. A colheita será um fracasso, uma desilusão, se alguém pode ter tido ilusões.
Quem vai sofrer as consequências desta herança envenenada é a geração que agora está na adolescência e será essa que tem todo o interesse em quebrar as grilhetas que estão a oprimir os trabalhadores do País. Dela sairão indivíduos geniais, em comparação com a vulgaridade de hoje, que levarão a sociedade para caminhos mais sólidos e produtivos, restaurando os valores que ninguém lhes ensinou mas que, à custa de reflexões realistas, conseguirão definir de forma a servirem de guia ao comportamento mais adequado a uma vida mais ética, mais moral e, por isso, mais humana.
Um abraço
João Soares

Anónimo disse...

Também acredito que a geração seguinte (ou a outra)vai ter que corrigir os erros que estamos fazendo agora, e, nessa altura irão ter uma impressão péssima dos seus avós (ou bisavós), irão questionar-se: COMO FOI POSSÍVEL TEREM SIDO TÃO INSENSATOS?
Um abraço
Zé da Burra

A. João Soares disse...

Caro Zé,
Oxalá que o golpe que irão dar nesta bagunça seja bem conduzido e não provoque confusões como as de 26 de Abril.
Um abraço
João Soares

Jorge P. Guedes disse...

Querem agora professores reformados de regresso, gratuito, às escolas! E ainda hão-de dizer que é para bem deles, para se sentirem activos e úteis!

É preciso muito descaramento!

Um abraço, amigo A.João.

A. João Soares disse...

Caro Jorge,
Há contradições em demasia. Neste caso não há conjugação com o desejo declarado de criar emprego. Os professores desempregados continuam sem trabalho se os reformados forem ocupar os lugares.
Um abraço
João Soares