Transcrição de post do blog Zé povinho:
QUESTÕES DE OPORTUNIDADE
Numa ocasião em que o desemprego atinge proporções alarmantes em Portugal, é difícil de engolir algumas propostas deste Governo. Uma proposta verdadeiramente indecente é a do convite aos professores reformados para fazerem trabalho voluntário e não remunerado nas escolas.
A memória nos políticos não é reconhecidamente uma qualidade pela qual eles sejam admirados, mas todos nós lemos muito recentemente que entre os funcionários públicos que pediram reformas, a profissão que mais tinha recorrido a este pedido tinha sido precisamente a dos professores. O motivo mais invocado foi precisamente a discordância com a política educativa deste executivo, e mesmo com as penalizações agravadas nos últimos anos, a decisão pendeu em muitos casos para a reforma, mesmo que antecipada.
Quem se lembraria numa ocasião em que o desemprego é uma ameaça que a todos assusta, vir a propor a reformados que venham a desempenhar funções a título gratuito, diminuindo assim as oportunidades para os que estão já no desemprego?
Por vezes pergunto-me se os políticos que nos (des)governam vivem no mesmo planeta que os restantes portugueses, ou se se trata mesmo da falta de qualidade a que muitos aludem, e que os ditos fazem questão de demonstrar com a sua acção.
Publicada por Zé Povinho
NOTA: As considerações contidas no texto são de uma lógica cristalina. Mas parece que dos nossos políticos não se pode esperar lógica, racionalidade, memória, coerência, bom senso.
Assim o mostram, a cada intervenção, a cada sinal de vida. A ideia que deixam aos observadores é o oposto ao que, certamente, desejariam mostrar. Há realmente uma contradição entre as promessas de combate ao desemprego e esta intenção de ocupar postos de trabalho com reformados. Deve ser uma doença própria de políticos dado que o PR e alguns ministros já estão reformados e, para maior escândalo, com várias reformas.
Deviam analisar com cuidado os conselhos que lhes são dados em Pensar antes de decidir.
Estás feito, Donald
Há 2 horas
8 comentários:
Mais difícil ainda foi ver o ministro dizer que o desemprego baixou.
Caro Daniel,
Se as palavras e as decisões dos governantes fossem verdadeiras e lógicas, a conclusão seria essa: deixou de haver desemprego e, para fazer face à oferta, torna-se necessário recorrer aos reformados!!!
Na política é assim: são reformados o PR, o ministro das Finanças, o das Obras Públicas, como foi o anterior das Finanças!!!
Grande País este!!!
Abraço
João Soares
Nestes tempos de crise, em que o desemprego cresce diariamente e é oficiamente apenas de 8,2% apenas porque para o cálculo não entram todas as pessoas que estão realmente desempregadas, mas tão só as que estão registadas de momento nos Centros de Emprego. Será que quem não tem direito a "fundo de desemprego" e já perdeu a esperança de encontrar emprego não é um desempregado?
Para contrariar esta adversidade seria de esperar que se facilitasse o abandono da vida activa dos mais velhos. Mas está a fazer-se precisamente o contrário a pretexto da redução da natalidade e do aumento da esperança de vida (?). Assim, os mais jovens desempregados nunca mais vão encontrar emprego e viverão sempre encostados "à muleta" dos pais enquanto estes se arrastam melhor ou pior para o seu trabalho enquanto lhes for possível. Depois, quando os pais ficarem sem trabalho ou morrerem será a hora da verdade: Não será depois, sem hábitos de trabalho e sem experiência profissional, que os "jovens" trintões ou quarentões vão começar a trabalhar. Será então a altura desta sociedade globalizada e selvagem colher os frutos já maduros que semeou.
Um abraço!
Zé da Burra o Alentejano
Caro Zé,
Sem dívida que esta sociedade que está a degradar-se de forma continuada irá colher os frutos da semente que está a lançar no terreno. O desmazelo e o facilitismo, na voragem dos últimos tempos de corrida louca ao sabor da força da gravidade, é uma semente de joio e não de trigo. A colheita será um fracasso, uma desilusão, se alguém pode ter tido ilusões.
Quem vai sofrer as consequências desta herança envenenada é a geração que agora está na adolescência e será essa que tem todo o interesse em quebrar as grilhetas que estão a oprimir os trabalhadores do País. Dela sairão indivíduos geniais, em comparação com a vulgaridade de hoje, que levarão a sociedade para caminhos mais sólidos e produtivos, restaurando os valores que ninguém lhes ensinou mas que, à custa de reflexões realistas, conseguirão definir de forma a servirem de guia ao comportamento mais adequado a uma vida mais ética, mais moral e, por isso, mais humana.
Um abraço
João Soares
Também acredito que a geração seguinte (ou a outra)vai ter que corrigir os erros que estamos fazendo agora, e, nessa altura irão ter uma impressão péssima dos seus avós (ou bisavós), irão questionar-se: COMO FOI POSSÍVEL TEREM SIDO TÃO INSENSATOS?
Um abraço
Zé da Burra
Caro Zé,
Oxalá que o golpe que irão dar nesta bagunça seja bem conduzido e não provoque confusões como as de 26 de Abril.
Um abraço
João Soares
Querem agora professores reformados de regresso, gratuito, às escolas! E ainda hão-de dizer que é para bem deles, para se sentirem activos e úteis!
É preciso muito descaramento!
Um abraço, amigo A.João.
Caro Jorge,
Há contradições em demasia. Neste caso não há conjugação com o desejo declarado de criar emprego. Os professores desempregados continuam sem trabalho se os reformados forem ocupar os lugares.
Um abraço
João Soares
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