sábado, 21 de fevereiro de 2009

Virtualidades da Internet

Circula um e-mail com uma lista de 14 personalidades que, após passarem pelo Governo ou por funções semelhantes do Poder político, instalaram-se em bancos ou empresas de capital público, ostentando agora fortunas colossais, à custa dos impostos pagos com apertos de cinto dos contribuintes.

Uma sucessão de comentários acompanhava o e-mail.

Infelizmente, corresponde à triste realidade portuguesa dos tempos que correm! Compartilho a opinião de que já seria tempo de alterar este estado de coisas!... Mas os maus hábitos criados viraram «ciclo vicioso» e não vislumbro quem, quando e como poderá quebrá-lo!... Duvido que se consiga isso por mais que se façam «circular» e-mails deste teor!... Tem que ser algo mais altitroante!!!

Em resposta a este comentário surgiu um outro: Hoje, parece não ser viável resolver estes problemas com golpes militares. Poderá haver outro género de golpes. Mas, quer num quer noutros métodos, é indispensável criar um espírito de adesão na Nação, pois, em democracia, é preciso contar com a participação do povo, mesmo que pouco activa, mas pelo menos de carácter psíquico. É preciso, por outras palavras, criar efeito de massa. E, para isso, é indispensável acordar a população da letargia, da «abdicação tradicional», em que tem sido mantida. Portanto, a circulação por e-mails dos erros e abusos dos responsáveis é importante, é indispensável.

Não se pode esperar que os jornais contribuam para o despertar do povo que vive em coma induzido. Não são os jornais que mostram que a juíza que foi encarregada do caso Freeport é amiga muito chegada de Almeida Santos, mas circula nos e-mails uma fotografia deles a trocarem gestos de carinho na mesa de presidência de uma reunião pública. Logo, o caso Freeport será encerrado da forma mais «soft» para evitar lesões no PS.

É vulgar dizer-se que as guerras começam com as mesmas tácticas da anterior. Com os políticos e os economistas vê-se também um apego exagerado aos procedimentos anteriores com sucessivas ampliações dos vícios que mais úteis são aos seus interesses pessoais.Foi com o abuso crescente de actos ilegítimos e imorais que se chegou a esta crise que está a abalar o mundo.

Os meios electrónicos, a Internet estão a ter uns efeitos que já há muito estão a ser utilizados na actividade política. Em 2004 nas Filipinas, o Presidente Joseph Estrada «suspeito» de corrupção e de outros crimes vulgares em políticos, salvo eventuais excepções, acabou por se demitir e dar lugar a Gloria Macapagal Arroyo, depois de muitas manifestações convocadas em poucas horas por mensagens SMS em que era referido o local, a hora e as palavras de ordem. À hora de almoço, aparecia nos telemóveis a mensagem convocatória e, à hora marcada, convergiam para o local pequenos grupos que acabavam por totalizar muitos milhares. Tudo se orienta para que SMS, e-mails, blogues e outros sistemas de comunicação via Internet vão ser as armas do futuro, para combater corruptos, mentirosos, etc.

A nossa população vive ensonada, em letargia profunda, e é preciso levá-la a acordar e a raciocinar pela sua cabeça para não se deixar «levar» por promessas falsas de indivíduos que não mostram realizações mas não param de prometer coisas belas e atraentes e zangam-se quando alguém mostra que uma promessa não foi cumprida.

Apesar de tudo o que se diga, que até poderá ser exagerado e emocional, temos que fazer justiça aos políticos, que são uma amostra, embora eventualmente não a melhor, da sociedade portuguesa. Portanto, é natural que sofram dos mesmos vícios e virtudes, não obstante neles os vícios serem mais exagerados porque as tentações do enriquecimento rápido são mais fortes. Veja os casos de políticos bem instalados na Finança cujos nomes têm merecido destaque na Comunicação Social e circulam pelos e-mails. Não se pode negar a sua «inteligência» muito prática, embora nada tenham produzido para o Pais, nos termos referidos há dias por Belmiro de Azevedo. O partido a que pertenciam ou pertencem não tem significado, porque os políticos são todos iguais, salvo eventuais excepções.

E, perante este panorama de competências, daqui a 10 anos, Portugal estará, possivelmente, muito pior, a não ser que haja um movimento nacional como o que nas Filipinas derrubou o Presidente Joseph Estrada, em 2004, e colocou em seu lugar Gloria Arroyo. Mas nós estamos mais atrasados nesse campo do que as Filipinas!!!

Enfim, não faltam pretextos para reflexões nem cabeças pensadoras que se debrucem para verem um pouco além do horizonte ou do capuz que encobre muitas irregularidades. No fundo, em cada português, não morreu a esperança de dias melhores, embora não saiba ainda a fórmula de atrair a bênção celestial para que o milagre ocorra. E, como consta atrás, os SMS, e-mails, blogues e outros sistemas de comunicação via Internet vão ser as armas do futuro. Será bom que sejam utilizadas de forma judiciosa para bem de Portugal.

4 comentários:

Amaral disse...

João
Realmente em Portugal já não sabemos onde fica o célebre entroncamento, o dos fenómenos. É tanta a corrupção, os compadrios, o factor cunha que o país parece anestesiado.
Bom fim-de-semana
Abraço

A. João Soares disse...

Amaral,
Não se pode perder a esperança. O milagre tem de ser realizado pelo povo, pelos Portugueses. Há que acordar as gentes, terminar com o efeito da anestesia, do coma induzido. Há que evitar que as pessoas se deixem embalar pelo canto das sereias que tudo vão prometer nas campanhas eleitorais que se aproximam. A alternativa será pensarem pelas suas cabeças, estarem informados para decidirem da maneira que acharem melhor.
Um abraço e bom fim de semana.
João Soares

Kruzes Kanhoto disse...

Quase aposto que são todos gestores sérios e competentes e que essa foi a razão da sua escolha pelos novos empregadores.

A. João Soares disse...

Kruzes Kanhoto,
A razão da escolha assenta em critérios pessoais ou partidários que, como tudo o que é humano, está sujeito a erros. Cada pessoa usa óculos de sua cor, vê as coisas pela óptica que mais lhe interessa. Mas ter sentido de Estado é colocar os interesses nacionais acima dos interesses partidários e pessoais. O País não suporta estar sempre em campanha eleitoral com o Governo a pensar em votos e a eles condicionar todos os actos da governação.
À Internet cabe a função de alertar para os desvios para os interesses particulares em prejuízo dos nacionais.
Um abraço
João Soares