sexta-feira, 20 de março de 2009

Impasse no Poder. Ineficácia do regime

O Provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, está no cargo desde Junho de 2000 e já devia ter sido substituído há 8 (oito) meses. Se o regime funcionasse bem, na data em que terminou o mandato devia ser dada posse ao seu substituto já anteriormente escolhido. Mas, passados 8 meses, ainda não foi decidido quem o irá substituir.

Segundo a revista “Visão”, nos últimos meses têm sido propostos pelo PS nomes como Freitas do Amaral, António Arnault e Rui Alarcão. Mas estes foram rejeitados pelo PSD, que apresentou Laborinho Lúcio. Por sua vez, este nome foi descartado pelos socialistas. Acima dos interesses de Portugal, os partidos colocam as suas ambições e desgastam-se em tricas, esmagando os interesses nacionais.

Infelizmente, os políticos esqueceram que Política é a ciência e arte de bem gerir os interesses dos Estados para benefício dos cidadãos. Preferem ver a política - com p minúsculo - com a «habilidade» de se governarem a si e aos boys dos partidos e caçar o máximo de votos, mesmo que os métodos utilizados prejudiquem seriamente os cidadãos.

O próprio Nascimento Rodrigues diz que este “braço de ferro” assemelha-se, a uma “comédia à portuguesa” e “desprestigia os decisores políticos, intranquiliza o funcionamento normal da Provedoria e deixa os cidadãos cada vez mais descrentes da qualidade da nossa democracia”. Oito meses é tempo demais para se poder continuar a ter paciência, e para se poder ter confiança em tal democracia! “O país acha admissível que o provedor continue refém destas circunstâncias até ao fim do ano ou, quem sabe, até depois?”

Perante as palavras de Nascimento Rodrigues, o porta-voz do PS, Vitalino Canas, vestindo a habitual capa de «His master’s voice», em vez de dar aos portugueses justificação credível para o atraso de 8 meses, como não tem tal justificação confessável, tentou virar o bico ao prego e dizer que lamenta as declarações do Provedor de Justiça. Coitado do porta-voz! Presta-se a cada uma! E, possivelmente, estará convencido que convenceu alguém isento e de boa vontade.

Só admiro a paciência e sentido de Estado de Nascimento Rodrigues. Muitos em seu lugar teriam fechado a porta e entregue a chave ao Presidente da AR, para a entregar a quem entendesse.

Não existe nos maiores partidos a noção do que é negociação, pensando o do Governo que ela se resume a impor a sua própria opinião em defesa dos próprios interesses partidários e ignorando os do País.

Alguns títulos das notícias de hoje sobre este tema:

- Nascimento Rodrigues acusa PS de “apetite” pelo cargo de Provedor de Justiça
- Vitalino Canas lamenta declarações do provedor de Justiça
- PS pressiona PSD e diz que fez “proposta de nome forte” para provedor de Justiça -
- PSD está em risco de ser excluído da escolha
- Processo de escolha do novo Provedor da Justiça «está a ser mal conduzido», diz Menéres Pimentel
- BE confronta Sócrates com vazio no cargo de provedor de Justiça desde Julho

2 comentários:

Ana disse...

Caro João:
Não podia estar mais de acordo com tudo o que diz sobre mais esta lamentável demonstração duma forma canhestra de fazer política.

Quem pode, manda.
E quem não pode, mas ambiciona mandar, também não demonstra sentido de Estado.

Não é só cá. É esta nova classe política que floresceu em todo o mundo, que apanhou tudo de mão beijada, que subiu ao poder porque "passa uma boa imagem" e lança uns sound bytes para gáudio do povo.
Aqui a Dra Ferreira Leite está em nítida desvantagem já que, nem é excatamente uma barbie, nem tem jeito para o sound byte.

O que o partido lhe exige é que ganhe eleições para distribuír cargos aos que já estão na fila.

Com este sistema não vamos a lado nenhum, como muito bem diz o Dr. Medina Carreira.
Os partidos estão realmente transformados em "casas de má fama".

Abraço

A. João Soares disse...

Cara Ana,
A generalizada falta de sentido de Estado leva as pessoas a considerar os partidos como bens cita em "casas de má fama" como outrora se dizia. Agências de emprego para dar futuro aos maus alunos das famílias amigas que tiveram o cuidado se se inscreverem nas Jotas.
O PR Cavaco já se mostrou espantado como a juventude não aprecia a política! Quis mostrar-se ingénuo, e essa atitude da juventude mostra que os jovens com valor estão a orientar-se por uma vida honesta, com respeito por valores éticos, e por isso afastam-se da tal «má fama».
Tenho aqui referido em vários locais que se impõe com urgência a criação de um CÓDIGO DE BEM GOVERNAR aceite por todos os partidos. Deverá se elaboradop por iniciativa do PR e com a colaboração de representantes de todos os partidos. Será a melhor forma de restaurar a confiança nos políticos.
Antes de se reformularem atitudes e comportamentos e entrar na Política com P maiúsculo, em que as pessoas pensem mais no País, no bem-estar de todos os portugueses do que nelas próprias no seu enriquecimento rápido e nos tachos posteriores, não merecem a nossa confiança. O que merecem é o VOTO EM BRANCO, como cartão vermelho para toda a camarilha. Isto sem ofender os políticos que eventualmente sejam excepção.
Um abraço
João Soares