terça-feira, 28 de abril de 2009

Agricultura desprezada

Os Produtores de Leite estão descontentes e prometem manifestar-se na rua contra a má distribuição dos dinheiros vindos da União Europeia, tal como aconteceu com os que foram recebidos na CEE. Vale a pena ler o artigo do JN com o título "Dinheiro da UE vai parar à costa do Estoril".

Ao reagirem contra as más decisões da tutela mostram que já despertaram, ou estão a despertar da letargia em que o País tem vivido, como mergulhado em coma induzido por um constante martelar de palavras vazias de conteúdo mas douradas com promessas irrealistas, sem pernas para andar. Estão a seguir as sugestões que têm vindo de pessoas que foram eleitas pelo povo e sentem o seu dever de alertar os mais distraídos.

Mário Soares disse e tem falado várias vezes em consonância com o tema de que o povo tem de usar o seu direito de manifestar a sua INDIGNAÇÃO. Cavaco Silva disse e tem insistido que nada se ganha com a RESIGNAÇÃO. Manuel Alegre, deputado e ex-candidato a PR, criticou a ABDICAÇÃO CÍVICA . Agora (24horas de ontem) Ramalho Eanes diz que os portugueses devem ser «MAIS EXIGENTES» com os governantes e que não podem deixar adormecer «a capacidade de se revoltarem» e, quando necessário, «substituir governantes».

Os agricultores, uma das actividades menos propensas à indignação, mais resignadas, mais dadas à abdicação e à esperança por «milagres» e menos dadas à exigência e à revolta, estão dar sinais de alvorada e de estarem conscientes de que devem lutar pelos seus direitos, em benefício de Portugal, hoje demasiado dependente das agriculturas estrangeiras por a nossa estar moribunda, em grande parte devido ao desvio dado aos dinheiros que lhe eram destinados, como diz o artigo citado.

2 comentários:

Magno disse...

Se por um lado os produtores de leite se queixam e bem de perda de rendimento com a vende de leite.
O consumidor pode - se queixar que o preço do leite português é cada vez mais caro na ordem dos 130 escudos, o mais barato.
Pois até as próprias marcas brancas de grandes retalhistas, o preço ronda os 100 a 110 escudos.
É uma vergonha, pior que no tempo de Balsemão quando havia escassez de leite.
Não existe motivo para esta disparidade de preços, até o próprio leite açoreano que por norma é um pouco mais barato que o leite produzido no próprio continente, também chega ao mercado a preços altos em relação ao passado.
Estamos a falar de um bem essencial, é este o preço de se estar na União Europeia???
Em que medida servem as ajudas da União Europeia??
Que interesses ajudam???
A qualidade, a segurança alimentar???
Ou apenas grandes tubarões???
Abraço,
Magno.

P.S. Apenas apresentei os valores em escudos para se ter em conta o elevado preço de um simples pacote de leite...

A. João Soares disse...

Caro Magno,
Creio que isso não tem a ver com a UE, mas com o descontrolo deste País. Há circuitos de comercialização muito complexos, com muitos intermediários e todos eles com amizades políticas. E como os políticos são muito venais, estão dispostos a apoiar os seus amigos na exploração do cidadão consumidor.
A propósito da venalidade, veja-se a impossibilidade, por falta de vontade ou de isenção, em combater a corrupção e o enriquecimento ilícito, bem como o aumento do limite dos apoios em dinheiro líquido aos partidos e seus agentes.
Esta podridão sem moral nem ética nem civismo resulta em pagarmos tudo muito mais caro que na Europa civilizada enquanto os salários são os mais baixos, excepto dos políticos e ex-políticos.

Como sanear esta epidemia? É um tema para meditar e preparar a solução adequada - assunto que os nossos filhos e netpos têm de resolver rapidamente.
Um abraço
A. João Soares