sábado, 18 de abril de 2009

Investimentos de vulto

Tenho recebido por e-mail várias mensagens a focar que o TGV e o Aeroporto, assim como outros investimentos de vulto beneficiam, acima de tudo, as empresas de construção civil, os fabricantes de equipamentos e materiais de construção, a Banca que financia tais empresas e, não menos significativo, indivíduos, com poder de influência ou de decisão, que conseguem ultrapassar as dificuldades impostas pela pesada burocracia e abreviar os licenciamentos e, depois, aceitar as propostas de obras extraordinárias, não constantes do projecto adjudicado, com assinatura de «contratos adicionais», como referiu o Tribunal de Oeiras.

O caso dos contratos adicionais é frequente elevando os custos finais a valores que são quase o dobro da adjudicação inicial. Além das obras extraordinárias, há os contratos laterais, com expropriações e outros pretextos que encarecem as obras onerando injustificadamente o erário público , como se constata de estes exemplos: «Metro pagou 3,5 milhões a mais ao Salgueiros», «Caso edifício dos CTT: gabinete e domicílio de autarca do PSD alvo de busca», «Aeroporto e TGV vão fazer crescer pressões mafiosas», «Ferreira Leite quer saber destino dos "milhões de euros" anunciados pelo Governo», «PSD questiona destino dos fundos públicos», «Justiça não pune mais poderosos e influentes»

Mas, infelizmente, nesta sociedade eivada de vícios e de interesses egocêntricos, inconfessáveis, nem todas as dicas que recebemos ou que lemos na Comunicação Social, qualquer que seja a fonte, podem ser tidas como correctas, devendo haver o cuidado de as fazer passar pelo crivo do nosso conhecimento e raciocínio, após uma comparação com dados já conhecidos e analisada a sua verosimilhança e viabilidade. E um método de trabalho poderá constar de juntar o máximo de dados para procurar entre eles uma linha lógica que retire os pontos de contacto entre si e que poderá levar a uma interpretação mais perfeita. É neste sentido que aqui trago estes títulos de algumas notícias que me chegaram.

Quanto ao interesse da Banca nos grandes empreendimentos, atrás referido, foi confirmado na entrevista de Ricardo Salgado constante aqui e aqui, e bem explícita no título “Precisamos desesperadamente do novo aeroporto e do TGV”.

E quanto à impunidade de pressões e outras formas de interesse oculto nas grandes obras são significativas as palavras do líder sindical do Magistrados do MP referidas no artigo «Justiça não pune mais poderosos e influentes».

Todos estes dados acentuam a necessidade de meditar atentamente nas palavras de Cavaco Silva, quando se refere ao custo/benefício, e ver para quem são os benefícios reais.

4 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Mais um artigo muito bom e profusamente documentado!
Peça a merecer outros voos e audiências, à semelhança de outras que aqui tenho encontrado.

Já houve tempo e casos suficientes para o vulgar cidadão perceber que a podridão assentou arraiais no mundo da política partidária portuguesa. Naturalmente que os grandes financeiros e especuladores são amigos preferenciais dos mandantes do país, com os quais vão trocando favores e lavando-se uns aos outros numa dança de roda desbragada e soez.

Um abraço, amigo João.

A. João Soares disse...

Caro Jorge P.G.
Bem haja pelo seu comentário. É curioso como este tipo de posts afugenta os comentadores. Não sei se se sentem acanhados perante a clareza da exposição dos factos, que não necessitam ser comentados (!), ou têm receio de correr riscos de represália, ou preferem deixar andar e pensam que nada melhora por se ver com clareza estas coisas.
Como não será a minha opinião que tem peso para alterar o curso destas anomalias, prefiro expor opiniões variadas de gente de mais peso, a fim de deixar material que suporte reflexões profundas. Precisamos de pensar pela nossa cabeça e evitar ser arrastados por um linguajar vazio de conteúdo sem argumentos convincentes, como está a acontecer com os governantes acerca do Freeport, das pressões sobre a Justiça do combate ao enriquecimento ilegítimo e ao TGV e outras obras megalómanas.
Diga-me lá se o banqueiro Ricardo Salgado não fez pressão sobre os governantes quanto ao TGV e ao Aeroporto! Confirmou o que fora dito no início do post, defendeu os seus interesses.
É para estes factos, que passam despercebidos pela maior parte dos cidadãos, que é preciso estar alerta. Está tudo contra o português mais desprotegido que é o mais sacrificado pela crise. Num outro post foco esse aspecto da continuação da exploração dos distraídos e ignorantes que correm o risco de voltarem a ser explorados pelos bancos, seguros, agências de viagens, vendedores de automóveis, todos apoiados pelo Estado que usa nisso o dinheiro dos impostos.
É do interesse deles voltarmos ao consumismo doido, descontrolado, que leva o dinheiro de todos para os bolsos de uns tantos tubarões.
Os tubarões alimentam-se de peixe pequeno!!! E o Governo dá-lhes apoio.
Um abraço
João Soares

Luísa disse...

Estimadíssimo A.JoãoSoares,

oportunamente postado. Esta podridão dos senhores do poder está tão evidente nas suas atitudes que só não vê quem não quer.
Há denúncias, há evidências mostradas, há uma série de movimentações contra a corrupção instalada que acaba sempre silenciada.
Quem fala, rapidamente é silenciado...da mais variadissima forma!
Fazer a diferença fica caro, mas vale muito a pena pois deixa-nos dormi descansados!
Beijinho terno!

Luísa disse...

Estimadissimos AJoãoSoares,

tenho que dizer isto:
Este país de governantes bandalhos, oferece um portátil às criancinhas do primeiro ciclo, mas deixa-as passar fome!
Qualquer dia estarão em frente ao Magalhães, com o olhar desviado, as mãos trémulas, e sem vontade de falar, porque se apresentam na escola sem qualquer refeição tomada.
Senhores bandalhos do poder, acordem.O país precisa de gente séria que não distribua beijinhos e afins, mas que garanta o pão à mesa.
Obrigada João!
Falar é digno dos arrojadamente sérios.