sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Estão a candidatar-se a quê

Cuspir no voto que pedem

DN 090925. por Ferreira Fernandes

Há duas semanas, aqui, espantei-me com a fórmula com que Francisco Louçã se apresenta, agora: "Sou socialista, laico e republicano." Perguntei: então, quando é que deixou cair o "revolucionário"? É que eu não me lembro de ele ter declarado essa passagem, de revolucionário para ex-revolucionário, corte que marca um antes e um depois, e que permitiria, por exemplo, ser um leal membro de um governo a que ele, ainda há pouco, chamava burguês.

Faltava a Louçã - dizia eu, então -, "a ele, que dá tanta importância à ideologia, que o diga na teoria, antes de ser definitivamente comprovado, na prática, que mudou." Repito: gostava de ouvir Francisco Louçã dizer já não ser revolucionário e que acredita que eleger deputados para a Assembleia da República (esta mesma, a democracia representativa) é a melhor forma de governar (já sabemos, eu, Churchill e mais uns quantos, que má, mas a melhor).

Sim, Louçã? Alguns portugueses precisam, com urgência (até domingo), que Louçã tire isso a limpo. Digo alguns porque eu, não. Não preciso, ouvi o cabeça de lista do Bloco de Esquerda por Castelo Branco, onde o BE pode eleger um deputado, dizer que "a democracia representativa está falida". Então, está a candidatar-se a quê?

NOTA: A coerência pode não ser indispensável na política que ignora a ética, mas, por respeito ao eleitor, ela será conveniente, pois com a lógica, deverá ter em consideração a inteligência daqueles a quem é pedido o voto. Os políticos não devem partir da hipótese de só eles serem inteligentes, até porque muitas vezes não o são.

1 comentário:

Mentiroso disse...

O Churchil tinha razão e estava apenas ainda a descortinar a verdade, cujos belos frutos só mais tarde se vieram a conhecer. Há outros métodos de governar que não se limitam a fazer eleger deputados, que não deitam cerca de 60% dos votos dos eleitores para o lixo, dizendo em seguida que têm governos maioritários e que o governo representa a vontade doa eleitores. É tudo uma mentira que só serve os interesses desses que não representam a vontade popular. Assim, o bolo é a dividir apenas pelos parasitas de uma ou de duas oligarquias e nunca por todos os que foram votados.
Claro que com a jornaleirada desinformadora existente, não são muitos os que o conhecem e poucos os que reconhecem, mas muitos os que encobrem. é como se esconde quem aturou com o país para a retaguarda por não ter usado os fundos de coesão e matou que se fartou com a falta de médicos. Se mesmo assim foi eleito não ,ais a acrescentar. E assim vai Portugal. E irá, até que se seja capaz de pensar pela sua própria cabeça em vez de emprenhar pelos ouvidos.