Transcrição:
Governo da Assembleia
Correio da manhã. 28 Novembro 2009. Por Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
Ontem foi o primeiro dia do resto da legislatura. A Oposição em bloco impôs o adiamento da entrada em vigor do Código Contributivo, a extinção do pagamento especial por conta, a antecipação do reembolso do IVA e a obrigatoriedade de juros de mora pelo atraso de pagamentos do Estado. Sócrates diz que não pode haver um "Governo de Assembleia", e não aceita a ideia de que o Parlamento aumenta a despesa, cria um problema orçamental e o Governo a única coisa que tem de fazer é executar.
O eurodeputado socialista Vital Moreira comentava que "a principal arma das oposições unidas contra o Governo vai ser a arma orçamental, por via de propostas que aumentam a despesa pública e diminuem a receita, fazendo disparar o défice orçamental e o endividamento público". Vital lança um apelo ao Presidente da República para que não se conforme com a "estratégia suicidária de estoirar com as finanças públicas".
Ficou claro que a Oposição é que tem a maioria no Parlamento e que o PS não está habituado a lançar pontes para evitar situações de bloqueio. Neste cenário de governação por iniciativa parlamentar, o poder do Presidente da República sai reforçado, e o Governo com o poder diminuído vai ter de gerir um Estado com um défice gigantesco e suportar o ónus de uma economia anémica.
NOTA: É uma brincadeira de putos no jardim do condomínio a atirarem fisgadas aos vidros dos apartamentos a ver qual acerta mais, sem se importarem que os pais (neste caso os filhos e netos) tenham de pagar os danos causados.
Se, por um lado, o partido do governo deve evitar a arrogância e lançar pontes para o diálogo, a negociação, à procura de soluções mais ou menos consensuais, evitando bloqueios, para bem de Portugal, por outro lado, a oposição deve mostrar o seu sentido de Estado, a sua capacidade para vir a governar, mostrando saber conversar para encontrar as soluções mais adequadas à actual situação, para benefício do País. O campeonato infantil de fisgadas, e o esticar a corda até criar o suicídio colectivo, não traz lustre para nenhum dos partidos, cria desprestígio para os políticos e destrói a pouca confiança que ainda poderia existir.
É lamentável que os partidos só tivessem estado de acordo na aprovação da malfadada lei do financiamento dos partidos em boa hora vetada pelo PR, por ser um estímulo e um álibi para a corrupção e para a lavagem de dinheiro sujo.
Como podemos ter apreço por tal gente?
Tem aqui lugar contar que ouvi, no ano passado por esta altura, que em Espanha o 1º de Dezembro iria passar a ser feriado, em homenagem aos conspiradores portugueses que em 1640 fizeram a Restauração. Mas porquê homenagear tais portugueses que correram com os espanhóis? Porque fizeram o grande favor a Espanha de a libertar do encargo de governar, gentes preguiçosas viciadas, sem vergonha e com outros defeitos que a tornam ingovernável em condições de progredir. Claro, com políticos como os que temos!
A Decisão do TEDH (396)
Há 1 hora
1 comentário:
Caro João Soares
Embora concorde com o chumbo, pareceu-me um tanto descabida a aliança que lhe deu asas. Pareceu-me que os deputados estiveram mais interessados em tomar uma posição de força do que encontrar soluções adequadas para as dificuldades que se avizinham.
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