sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um lógico apoiante da eliminação do sigilo bancário

Depois de em post anterior ter sido referida a antinomia entre transparência e segredo, e na sequência da notícia "Nunca pedi dinheiro a ninguém e nunca recebi dinheiro de ninguém", garante Vara deduz-se logicamente que a pessoa referida tem todo o interesse em que haja transparência na sua situação e, para provar o que aqui diz, que defenda a abolição do sigilo bancário, pois sem ele ficará tudo claro e será confirmada a sua afirmação que dá título à notícia.

No entanto, outra notícia Vara assegura que não cometeu crime já é de mais difícil credibilidade, porque tudo depende do seu interesse em se confessar ou não em público e da sua noção daquilo que deve ser considerado crime. E ao ler-se o artigo Corrupção, habituação recorda-se um ditado com ressonância parecida « a ocasião faz o ladrão» embora o significado não se ajusta muito bem. Mas a habituação embota a perspicácia da avaliação dos sentimentos, e dos comportamentos.

E a propósito de habituação à corrupção, há quem afirme que a Face Oculta se refere a algo comezinho", "banal", "corriqueiro", "trivial", "usual", "vulgar". Parece que andamos todos ludibriados com «bocas foleiras» de nova criminalidade como "homicídio de carácter", "assassinato político", "assassínio de carácter", "homicídio por audiovisual", etc. São «argumentos» demasiado demagógicos e sem a mínima consistência, usados quando um político é apanhado com a boca na botija sem qualquer hipótese de segredo ou transparência que lhe possa valer. E com essas, lá desaparece um resto de possível confiança que ainda pudesse existir..

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro João,

deixo aqui este pequeno extrato de notícia do JN:

«"Processos como este revelam que justiça não está a funcionar", diz Ramalho Eanes
O ex-presidente da República, Ramalho Eanes, manifestou-se hoje preocupado por processos como o da Face Oculta, que considerou serem reveladores do mau funcionamento da justiça, um dos alicerces fundamentais da democracia.»

abraço

Jorge M.

A. João Soares disse...

Caro Jorge M.

São muitos os sintomas q+de que a Justiça não funciona, talvez por deficiente legislação ou por incapacidade de magistrados, ou por partidarização do sistema. O certo é que se pode fazer uma lista grande de «casos», «operações», mediatizadas que deram zero de resultado. Qual o custo acumulado do julgamento do processo da Casa Pia? Facturas falsas, apito dourado, furacão, Freeport, aterro sanitário da Cova da Beira, Portu cale, etc

Abraço
João

Amaral disse...

João
Há já algum tempo que não deixo aqui nenhum comentário. Mas tenho passado por cá. No entanto, tenho tido muito trabalho.
Este caso e tantos outros só confirmam a roubalheira desbragada que vai pelo país, e o desinteresse dos nossos governantes em lhe pôr travão.
Bom fim-de-semana
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,

Cada um comenta quando pode ou acha oportuno. Não se preocupe.

Se aquilo que a notícia diz foi verdade, o Vara tem todo o interesse em deixar de haver sigilo bancário para demonstrar essa verdade e eliminar qualquer suspeita contra ele.
Ou será que isso não é verdade e ele terá conveniência em manter a capa encobridora do sigilo?

Mas, com tais sigilos e impunidades não podemos confiar em nenhum político, apesar de poder com isso atingir haver eventuais homens honestos. Mas estes, por seu lado, devem defender-se para não entrarem no rol dos «menos bons», devem lutar por um sistema que elimine e penalize a corrupção, o enriquecimento ilícito e outras malandrices que prejudicam Portugal e os portugueses. Se os maus forem todos condenados (como defende o Presidente afegão), os que forem sérios e honrados serão apreciados e venerados pelo povo. Mas sem essas condenações, as suspeitas atingem todos os políticos, mesmo os eventuais bons.

Um abraço
João