sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Gastos com reformas e pensões

Há muito que surgem reparos acerca da falta de apoio a idosos, havendo casos demasiado críticos. Um médico contou que no hospital Amadora Sintra chegou, por meio do 112, uma senhora com 81 anos, solteira, sem família, vivendo só, que sempre tinha trabalhado como empregada doméstica. Depois de ecografia, electroencefalograma e TAC, foi diagnosticado AVC, com paralisia do lado direito e incapacidade de falar e foi-lhe dada alta. Razão indicada, no hospital não há camas para pessoas com mais de 80 anos.

A notícia de hoje de que «Gastos com reformas aumentam mais de 1,1 mil milhões» é mais um indício preocupante do que possa estar a germinar na mente dos políticos.

No post «PS defende morte e ausência da vida???» é transcrito o artigo de Mário Crespo «O horror do vazio» a esses indícios podem alinhar-se outros, que se juntam ao caso do hospital, à carência de apoio a muitos idosos e à proposta de Almeida Santos acerca da Eutanásia.

A notícia de hoje diz que o Estado gastou 20,6 mil milhões no ano passado com pensões. As da Segurança Social aumentaram mais de 1,1 mil milhões de euros em comparação o ano 2008.

O custo das pensões tem subidas médias de seis por cento. No ano passado, Portugal gastou 20,6 mil milhões de euros em pensões, quase 13 por cento do Produto Interno Bruto.

A notícia é assustadora quando interpretada em confronto com os outros indícios. Provavelmente, como a Segurança Social, faz as contas aos euros e actuará de forma comercial, tende a fazer apenas investimentos pouco volumosos por não serem rentáveis, com pessoas que já não produzem e apenas são um peso para o orçamento como agora é sublinhado na notícia. Quando um idoso adoecer, o Estado não correrá o risco de ter de gastar muito com ele, como se viu na velhinha com AVC e aproveitará uma oportunidade para dizer que o caso é incurável e aplicar-lhe-á a eutanásia de forma mais ou menos discreta!!!

Moralmente é inaceitável, mas dizia um conhecido político que ética e política são incompatíveis. E há quem ouse fazer futurologia, com o seguinte prognóstico. Quando um reformado, for pela primeira vez ao médico, mesmo que tenha uma doença grave, ouvirá do médico dizer: leve esta aspirina e tome com um copinho de água, e se não passar volte cá. Claro que isso não o cura e ele volta e, então, o médico diz: Não esteja preocupado, antes de se deitar tome este comprimido com um pouco de água tépida e vai ver que amanhã estará bom e nada lhe doerá. E ele no dia seguinte não sente mais dores nem nada! Está já do outro lado. Com isso, o Estado poupa na pensão de reforma, nos serviços de saúde e noutros eventuais apoios a idosos. Os herdeiros tomam posse da herança mais cedo. O crime compensa, o amor ao dinheiro e a falta de ética e de sentimentos dão resultados desse género.

Hoje, a generalidade dos médicos não colaboraria nisto mas os estatutos de ética da ordem virão a ser actualizados e os funcionários do Estado têm que cumprir as ordens superiores. O caso atrás referido dá força a esta hipótese, aparentemente macabra. Isto parece duro, mas talvez seja uma profecia de um futuro mais ou menos próximo. E a dureza será amaciada com palavras de humanitarismo alegando o alívio de sofrimento incurável.

Os cidadãos deviam estar atentos a tais sinais e reclamar antes que seja tarde. Mas a apatia e o desinteresse leva a aceitar os primeiros casos e a deixar consolidar os procedimentos de que depois seremos vitimas.

6 comentários:

Diogo disse...

«Os cidadãos deviam estar atentos a tais sinais e reclamar antes que seja tarde»


Não basta reclamar. é preciso actuar. Afinal, os políticos também são mortais!

Mentiroso disse...

Excelentes observações, mas não é crível que muitos as compreendam e depois será tarde demais, como de costume. Além disso, como disse o comentador precedente, «Não basta reclamar. é preciso actuar».
Um estado democrático caracteriza-se por certas normas que são mundialmente bem conhecidas, mas claro que os portugueses não as conhecem. Não conhecem nada por serem mantidos na escuridão por uma corja de jornaleiros que escolhe o que acha que deve informar e mesmo assim o pasteuriza tornando-o inócuo. Quem tiver memória reconhecerá que se é muito mais desinformado na actualidade do que se era no tempo do chamado «lápis azul»: foi para isto que quiseram liberdade de desinformar?
Algumas das normas do estado democrático são: ensino eficiente e de acesso igual para todos (base da riqueza nacional), acesso à justiça, serviço de saúde igual para todos e reformas com limites mínimo e máximo universais. Os cuidados médicos e dos idosos ocupam o primeiro lugar dos dispensados pelos estados; o avanço democrático mede-se também pela esperança de vida.
Ora, ainda ontem ouvimos nos noticiários televisivos o vigarista-mor Cagão Feliz a contabilizar as despegas do estado português com a saúde, as reformas, os desempregados e outros afins. Dizia ele que mais de metade da população vivia dessas ajudas e que isso era insuportável, recomendando que se cortasse o máximo nelas. O que o aquele impostor não disse foi que havia pensões escandalosas que deveriam ser reduzidas podendo distribuir-se cada uma por mais de uma dezena das reduzidas. Também não disse que para que as pessoas não necessitassem dessas teria sido preciso que os governos tivessem preparado o país para o futuro em vez de terem roubado os fundos que deveriam ter tido esse destino e que actualmente as empresas estão incapacitadas para a concorrência e até para pagar salários decentes.

A. João Soares disse...

Caro Diogo,
Actuar. Na Itália já demonstraram que ninguém está suficientemente seguro, nem o Berlusconi nem o próprio Papa. Por cá já se fala em fabricar miniaturas dos Jerónimos em aço. Como os políticos não são mortais, convém que evitem ter de se chegar a esse grau de violência. Basta olharem para o povo e assumirem que o seu dever é gerirem o futuro do povo, melhorando as suas condições de vida. Devem governar o povo, governar para o povo e não como fazem, governar-se à custa do povo.
Um abraço
João

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

Esse argumento do Bagão Félix, está sintonizado com a ideia de que querem reduzir os reformados. Num tipo tão religioso, até repugna pensar que ele também pensa na eutanásia ou outro método parecido para eliminar aqueles que não produzem.

O Hitler não chegou a esse ponto, mas estes parece estarem apostados em reduzis os gastos com pensões e reformas de forma drástica

É muito condenável o pensamento de muitos políticos, que só pensam em manter o poleiro e desinteressam-se dos seres humanos que dependem das suas decisões.

Um abraço
João

Diogo disse...

Caro João,

Os políticos são apenas serviçais do grande capital. São eleitos com o dinheiro dele e existem para o servir. Não espere nunca que eles actuem em favor da população. O que há a fazer é manter o aço das miniaturas do Jerónimos bem afiado e usá-las o mais depressa e eficazmente possível.

Anónimo disse...

O cidadão comum também é culpado , continua a pôr gente do calibre que sabemos a governar , e todos pagamos por isso , a RTP é um exemplo ao serviço dos srs. do poder enquanto devia servir a população em vez disso é um ASILO ... e uma caixa sonora dos políticos deviam ter vergonha .