Como bem diz João Salgueiro, os especialistas estão a abrir a verdade sobre as realidades nacionais, e a juntar-se ao que disse na sua entrevista, ao que Medina Carreira tem repetidas vezes afirmado aparece agora Fernando Nobre, todos a mostrarem que o referido no post Portugal visto de Espanha é uma radiografia real do que se está passando.
O texto que se transcreve foi recebido por e-mail do amigo Manuel Nicolau, sem indicação do autor.
"A Pobreza em Portugal é uma vergonha"
Fernando Nobre, fundador e presidente da AMI, quebrou o politicamente correcto que marcou o debate de dois dias na 3º Congresso da Ordem dos Economistas sobre a Nova Ordem Económica.
Nobre fez um discurso inflamado, provocando uma plateia cheia de economistas, que também são actuais e ex-responsáveis políticos, gestores e empresários, conseguiu palmas da plateia e introduziu um sentimento de urgência e indignação que, até esse momento, esteve ausente do debate.
"É uma vergonha a pobreza que temos em Portugal". "Não me falem dos problemas de aumento do salário mínimo. Quem é que aqui nesta sala consegue viver com 450 euros?". "Não me venham com cirurgias plásticas para as mudanças que vão acontecer no mundo. Nós, os cidadãos não as vamos aceitar", foram algumas das frases que deixou aos economistas presente.
Nobre, que também é médico e professor, interveio num painel que abordou o papel das organizações não governamentais (ONG) na nova ordem económica mundial defendendo que além do seu papel no apoio à sociedade e de compensação por falhas dos governos, as ONG têm um papel essencial na denuncia de injustiças e desequilíbrios, e na pressão para que o mundo possa mudar. E foi isso mesmo que fez.
O presidente da AMI diz que "em Portugal é preciso redistribuir melhor a riqueza", que "há dezenas, senão centenas de milhares de jovens a sair de Portugal porque perderam a esperança". Inconformado, disse que "combater a pobreza é uma causa nacional", e salientou: "Não me venham com os 18% de taxa de pobreza, porque se somássemos os que recebem o rendimento social de inserção, os que recebem o complemento solidário para idosos, os que recebem o subsídio disto, e o subsídio daquilo, temos uma pobreza estrutural no nosso país acima dos 40%". "Não aceito esta vergonha no nosso país"
O nível de desemprego, as baixas reformas, a precariedade dos contratos de trabalho foram outras áreas que lamentou.
Os empresários também não foram poupados. "Quando vejo a CIP a defender que o salário mínimo não aumente não posso concordar. Que país queremos? Quantos de nós aqui conseguiriam viver com 450 euros por mês?", perguntou à audiência, deixando depois um repto aos empresários: "Peço aos empresários para serem inovadores, abram-se ao mundo, sejam empreendedores".
"É o momento de repensar que mundo queremos", e recorrendo à frieza com que os médicos olham para a vida afirmou: "eu sei como vou morrer, sei como todos aqui vão morrer. E não é nessa altura, não é quando começarem a sentir a urina quente a correr pelas coxas, que vale a pena repensar a nova ordem económica mundial. É agora". As futuras gerações não vão perdoar, diz.
Sobre o estado das economias, salientou que não é economista, mas avisou para os riscos que pendem sobre as economias e que os economistas presentes não abordaram: o risco de um crash obrigacionista, a falência de fundos de pensões pelo mundo, os milhões investidos em produtos derivados. "Não é razão para cedermos a paranóias, mas é preciso questionar se as economias capitalistas estarão à altura do desafio", disse, acrescentando: "É precisa prudência, bom senso e cuidados com os cantos da sereia".
E voltando aos seus conhecimentos médicos terminou dizendo: "Perante uma hérnia estrangulada, um médico só pode fazer uma coisa: operar imediatamente. Ora a hérnia já está estrangulada [na ordem económica mundial]: nós temos que operar, temos de mudar as regras, os instrumentos.
É preciso bom senso, acção, determinação política", disse, avisando:
"Se não o fizermos, as próximas gerações acusar-nos-ão, com razão, de não assistência ao planeta em perigo".
A Necrose do Frelimo
Há 10 horas
4 comentários:
Meu amigo, será que me pode responder a esta questão:
Porque será que tanta gente vê o que está mal, encontra soluções para conseguir mudar o país e afinal está sempre tudo na mesma?
Eu, uma simples leiga na matéria interrogo-me porque que é que um país tão pequeno como o nosso é tão difícil de gerir, porquê?
E enquanto andamos em perguntas sem resposta o tempo passa e estamos a pagar tão caro essa passagem.
Querida Fê,
No post «Portugal Visto de Espanha», encontra algo que pode responder às suas dúvidas, assim como a entrevista com João Salgueiro (clicando no link).
Qualquer mudança perturba as pessoas nas suas rotinas e prejudica os que estão instalados a colher benefícios da situação actual. Isto leva a que os políticos e os seus beneficiados resistam à mudança e pretendam que tudo continue na mesma: corrupção, enriquecimento ilícito, tráfico de influências, preparação do futuro depois de deixar as funções, protecção aos futuros patrões etc.
As recompensas dos políticos são grandes, porque se o não fossem não se compreenderia o esforço das campanhas eleitorais, suportarem os nomes feios que lhes chamam, o perigo de atentado, etc, etc.
Não há nenhum que esteja lá por ser obrigado,. Basta ver os maus tratos verbais na AR, e a trela que colocam nos deputados para haver disciplina de voto, a que eles obedecem como cordeiros bem comportados, mesmo que o assunto não tenha interesse vital para o Estado.
Querida Fê. Se as coisas não mudam e continuam na mesma é porque os poderosos têm interesse nisso e estão indiferentes aos interesses de Portugal, dos portugueses.
Beijos
João
Pois o autor é:
Rui Peres Jorge
rpjorge@negocios.pt
que escreveu publicamente o texto no jornal de negócios:
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=392727
Agradeço a informação e coloco aqui o link do Jornal Jornal de Negócios Online e o do post "A Pobreza em Portugal é uma vergonha".
Assim, quem desejar ir à origem só precisa de fazer clic no link
Cumprimentos
João
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