segunda-feira, 1 de março de 2010

No PSD dos três ficará um

Os temas abordados neste espaço com mais frequência referem-se à actividade governativa nos diversos níveis e sectores, por deles depender o futuro de Portugal e da vida das pessoas e por saírem de pessoas que, ao tomarem posse dos seus cargos, fizeram um juramento solene que as torna responsáveis perante a Nação. No entanto, a oposição, porque tem responsabilidades no Poder legislativo e de controlo do Governo e porque pretende vir a ocupar responsabilidades governativas, não pode deixar de ser observada a fim de se ter capacidade de tomar posição consciente em futuras eleições.

Nestas condições, o partido da oposição que pretende ser o principal candidato na alternância governativa democrática, deve estar sob as luzes da ribalta. E além dos seus problemas internos, não pode passar despercebida a divergência declarada sobre um problema de interesse nacional a qual mostra a índole dos candidatos em relação aos assuntos do Estado.

O Candidato a líder do PSD, Passos Coelho defende que Pinto Monteiro se demita ou seja demitido pelo Governo. «Eu julgo que este procurador-geral da República tem tido um desempenho, mesmo junto do Parlamento, que não é satisfatório e creio que seria um bom contributo para recuperar a credibilidade da justiça, nesta altura, que fosse designado um novo procurador-geral da República.»

Perante isto, o eurodeputado e candidato à liderança do PSD Paulo Rangel demarcou-se este domingo da sugestão feita pelo seu adversário Pedro Passos Coelho para o Governo substituir o procurador-geral da República.»

Por outro lado, o candidato à presidência do PSD Aguiar-Branco considerou hoje que o Governo e o Presidente da República são quem se deve pronunciar “em primeira instância” sobre as questões relacionadas com o procurador-geral da República.

Segundo ele, “o procurador-geral da República é nomeado conjuntamente pelo Governo e pelo Presidente da República. Acho que em primeira instância devem ser essas entidades a pronunciarem-se sobre essa matéria”, respondeu Aguiar-Branco aos jornalistas quando questionado sobre as declarações de Pedro Passos Coelho, que pediu hoje a José Sócrates que substitua Pinto Monteiro.

O líder da bancada parlamentar social-democrata sublinhou, no entanto, que o PGR “na sua actuação, tem contribuído mais para confundir do que para esclarecer”.

“Eu acho que o senhor procurador-geral da República tem tido uma actuação, quer pela forma, quer pelo momento e nas condições em que faz as suas intervenções, que não tem dado um contributo para o esclarecimento em matérias que tão sensíveis, que têm preocupado os portugueses”, realçou Aguiar-Branco.

Estas três posições que se enquadram na luta pelo poder dentro do partido deixam transparecer luz e sombra sobre o futuro dos portugueses.

Dos três o mais sincero, talvez mais puro e ingénuo, foi Passos Coelho, sem os castiços jogos de palavras que obscurecem a verdade que os políticos nos pretendem ocultar com o aspecto de a estarem a querer contar!

Quanto à posição de Paulo Rangel fica por explicar qual é o seu receio da substituição? Qual é o óbice que ele vê nessa mudança? Será que não há no País ninguém capaz de exercer o cargo com mais eficiência do que o actual PGR? Ou haverá aqui alguma cumplicidade? Será que prefere a estabilidade do pântano à melhoria esperada pela mudança?

E, por sua vez, a posição de Aguiar-Branco é obscura, demasiado formal. Parece não querer meter-se em assunto em que não tenha responsabilidade institucional. No entanto reconhece pontos fracos na actuação do actual PGR.

Dessa forma,dificilmente poderá ser um defensor activo dos interesses nacionais, do povo português.
Com estas águas tépidas, parece que há algo de sensato que merece ser meditado no post Estabilidade ou estagnação?

5 comentários:

A. João Soares disse...

Sobre a personalidade de cada um dos três candidatos, tem interesse ler o segundo parágrafo da crónica de Rafael Barbosa do JN de hoje O pequeno almoço.

Magno disse...

Caro João,
Permita me que expresse a minha opinião.
Se por um lado Pinto Monteiro e a sua pandilha, já deviam ter saido das funções que ocupam, não acredito, que o PSD seja alternativa real em Portugal, veja - se o governo de Betão de Cavaco Silva, e o desgoverno de Durão Barroso.
Por outro lado os candidatos do PSD, a meu ver apenas conhece meios meramente burgueses, e intreage com militantes que vivem numa realidade que não corresponde às reais dificuldades do país.
Mas ainda alguém acredita que se o PSD for governo, com Rangel, Aguiar Branco ou Passos Coelho Vamos ser melhores???
Veja - se o que os seus boys corruptos fazem pelas autarquias do país onde são maioria...
Abraço,
Magno

P.S. Nunca deixe de nos pôr todos a pensarm, com os seus pontos de vista o país precisa de pessoas como o Amigo João..

A. João Soares disse...

Caro Magno,

Obrigado pelas suas palavras. Quanto ao PSD ser alternativa, tem sido uma realidade, o poder tem saltado dele para o PS e vice-versa. Mas que os nossos partidos estão a funcionar muito mal, é outra realidade. Não foi por acaso que nas eleições de 2009 mostrei o voto em branco como sendo a melhor resposta que todos eles precisavam.
Como diz, a minha intenção é estimular as pessoas a pensarem e a votarem em consciência e não por arrastamento de falsos propagandistas.
Um dos grandes males do País é a apatia das pessoas, incultas, preguiçosas e avessas a raciocinar, e encaram os partidos com a mesma óptica com que olham para os clubes de futebol.

Um abraço
João

José Leite disse...

Talvez o menos mau ainda seja o Pedro Passos Coelho, pena é aquele pecado venial de andar debaixo das asas de um tal Ângelo Correia...

A. João Soares disse...

Caro Rouxinal,

A possível vantagem do Passos Coelho é não parecer muito vinculado aos vícios e manhas da política de que temos sofrido. Mas se tem como mentor o manhoso e astuto Ângelo Correia perde essa vantagem por deixar de ser isento, espontâneo e natural na escolha de soluções, tendo de se limitar às do cardápio do seu mestre.

Abraço
João