quinta-feira, 25 de março de 2010

PEC e os privilégios intocáveis

Transcrição seguida de nota:

PRIVILÉGIOS INTOCÁVEIS... AINDA O PEC…

Segundo A Magalhães Pinto, Economista, em todo o PEC não há, tanto quanto se sabe até ao momento, uma única palavra, uma única medida, que possa afectar os privilégios intocáveis da Classe política. Por ventura foi propositadamente para que na discussão possam propor e decidir que se baixem os salários dos políticos em 5 ou 10% e com isso aparecerão na TV todos ufanos pelo enorme contributo que estão a dar para reequilibrar as finanças públicas portuguesas.

Mas o problema não se resume a isso. Tenha-se em atenção à quantidade “enorme” e qualidade do pessoal político que existe por aí, quer a nível central quer local, pago pelo suor dos portugueses que trabalham.

Assim, imagine-se que reduzíamos os deputados a metade e que se estes trabalhassem 40 horas por semana, poder-se-ia considerar para o efeito um salário mensal da ordem dos 6.800,00€, 14 meses por ano.

Se isso se desse, a economia para as finanças públicas seria de mais de 10 milhões de euros. Cerca de um décimo do que o estado pretende economizar com as medidas na função pública. Ainda segundo ele “ e, para fecharmos com chave de ouro, imagine-se que com tanta gente “graduada” lá dentro, a Assembleia ainda tem que recorrer a trabalhos especializados feitos fora dela, com o que se gastam 3.593.304 euros. Como o dinheiro é barato para a AR! Fala o PEC de alguma coisa relacionada com isto? Não. É privilégio intocável,”

Mas se, para além da Assembleia da República, multiplicássemos estas medidas pelas centenas de câmaras municipais e pelos milhares de juntas de freguesia que temos verificaríamos, ainda, melhores resultados.

O articulista a finalizar diz: “Peço respeitosamente que me perdoem, senhores governantes e demais políticos, mas Vossas Excelências deviam ter vergonha daquilo que dizem e fazem. Sem se debruçarem em primeiro lugar sobre o que se passa no vosso mundo, Vossas Excelências deviam ter pejo no nosso. Com atitudes destas não merecem um cêntimo de respeito por parte dos humildes, abnegados e cumpridores cidadãos portugueses que trabalham de sol a sol para que V. Exas. possam ser donos de privilégios intocáveis, como estes, mais medievais do que actuais”

Vida Económica, 12 de Março de 2010

Publicado por Luís em A Tulha do Atílio em 24-03-10

NOTA: Sejamos objectivos. Os salários e as regalias dos políticos não podem baixar. São realmente intocáveis. E têm tendência para subir. A razão é que eles agem como um bando de malfeitores, com cumplicidades e conivências, em permanente troca de favores e, se as comadres se zangam ficam a saber-se muitas verdades. O Paulo Rangel disse no Verão passado na «universidade de Verão» do PSD em Castelo de Vide, que na política não tem lugar a ÉTICA. Segundo ele, citando Maquiavel, política e ética não se casam, não são miscíveis.

E são todos iguais, porque não podem zangar os outros! Repare-se que na aprovação por unanimidade da lei de financiamento dos partidos, felizmente vetada pelo PR, Todos concordaram. São verdadeiramente intocáveis até que...

2 comentários:

Mentiroso disse...

Afinal, há quem reconheça as minhas afirmações:
«A consideração e o respeito não são prerrogativas da posição ocupada, mas inerentes às características e qualidades pessoais de quem a ocupa.»
É uma hipocrisia tratar ladrões e vis bandidos com consideração. É também um modo de aprovar as suas acções e de colocar ao seu nível.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

Já aqui escrevi que o respeito aos ocupantes das cadeiras é uma atitude institucional, protocolar, independente das qualidades e do mérito das pessoas, não é respeito por elas. Seria interessante que as pessoas estivessem à altura dos cargos e desse respeito institucional. Nesse caso o respeito seria igual ao PM e ao Sr, Dr ou Eng. Na realidade, muitas vezes o respeito formal é frio e corresponde a um desejo homicida em relação à pessoa.

Só é pena que se candidatem tipos indignos e o povo vote neles. E já há grande parte do povo que se recusa a votar em gente menos digna, pela abstenção, o voto em branco ou o voto nulo. É pena que os dirigentes dos partidos ainda não tenham tirado as devidas conclusões.

Um abraço
João