sábado, 12 de junho de 2010

Ainda se vive assim por aí

Apesar (ou talvez por isso) dos lindos discursos e atractivas promessas surgidos a qualquer momento sob qualquer pretexto, apesar de os deputados perderem imensas horas a fazer inquéritos de resultados inúteis que parecem simples masturbações intelectuais de quem não encontra capacidade para algo de útil em benefício do povo sofredor, deparamos com notícias como a que se transcreve:

Bairro sem saneamento e com banhos em bacias
Jornal de Notícias 12-06-2010. Marta Neves

Sete famílias partilham fossa e vivem em casas rodeadas por matagal.

Os moradores de um pequeno bairro de Mafamude, no centro de Gaia, vivem há mais de 70 anos sem saneamento nem casas de banho. As águas de uso doméstico passam-lhes rente à porta e as casas são circundadas por um matagal cheio de ratos e cobras. Apesar deste cenário, recusaram ser realojados noutra freguesia.

Sérgio Freitas, 70 anos, a viver na Rua do Casal, em Gaia, desde que nasceu, sente-se "abandonado". À porta de casa as silvas crescem desenfreadas e "ainda há pouco tempo" teve de matar uma cobra, "com mais de metro e meio, que andava a rondar as portas". "Já para não falar nas ratazanas", desabafou, ao JN, o morador, preocupado com o facto de ali, no bairro da antiga Quinta do Casal, "viverem crianças". Ao todo, são sete as famílias a viver sem condições.

Todas as pequenas habitações da artéria, sem saída, são circundadas por um extenso matagal. "Em tempos diziam que os terrenos eram da Real Vinícola, mas que depois passaram para a Caixa Geral de Depósitos. O certo é ninguém liga nenhuma", criticou Belmira Silva, 74 anos, que improvisou uma tábua à porta de casa, com "medo" que entrem bichos.

As famílias queixam-se do mesmo e como nenhuma tem saneamento são obrigadas a partilhar uma única fossa, enquanto as águas de uso doméstico (das bancas e das máquinas de lavar) correm ao ar livre, rua abaixo, em direcção a um campo.

"Já não é tempo de viver assim", afirmou Maria Eufémia, 73 anos, que cada vez que precisa de tomar banho tem de atravessar a rua e ir à casa da irmã. Aliás, ninguém na Rua do Casal tem casa de banho, improvisando a higiene do dia-a-dia em bacias.

"Instalei um pequeno cilindro lá em casa, mas não sei se os restantes vizinhos têm a mesma sorte", disse Sérgio Freitas.


Imagem da Internet

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