Sentimentos de viúva e de neta de um herói, nas «Comemorações do 18ª Encontro Nacional de Combatentes» em Belém
Palavras da senhora D. Maria do Carmo Oliveira e Carmo, viúva do Cte. Jorge Oliveira e Carmo
Esta foi a narrativa breve de um acto de sacrifício e coragem de um português que morreu, conscientemente, pelos seus valores.
Um homem que, além de fiel aos valores transcendentes que justificam desde tempos imemoriais “morrer pela pátria”, era também filho, pai e marido.
É nesta perspectiva que quero aqui, com a memória da minha história, dirigir-me às Famílias, sobretudo às Mães e Mulheres que, como eu, vêem a vida bruscamente, brutal e definitivamente mudada.
Somos as mulheres e as famílias, dos que escolhem o ofício de servir o país pelas armas; as que temos que viver uma angústia diária, silenciosa e discreta quando eles partem para missões de risco. Eles contam connosco, pensam em nós, e também servem por nós.
Foi o exemplo de fidelidade e coerência aos valores espirituais, vividos até ao limite da vida a grande Herança que a nossa família aqui presente recebeu de um desses homens.
Esta é a nossa herança: crença nos valores espirituais, difícil e duradoura experiência, partilha tranquila de um sacrifício muito nosso e muito rico.
Uma herança que só faz sentido porque são os valores espirituais que fazem a diferença e a dignidade dos homens; e, porque acreditamos no futuro destes valores, sabemos que feitos como o do Jorge Oliveira e Carmo orgulham todos os portugueses, e já fazem parte das páginas que honram a História de Portugal.
E é esta herança que queremos – a minha Família e eu aqui presentes – oferecer hoje à Nação, neste dia de Portugal, partilhando-a com todos os nossos compatriotas, especialmente com todas as Mulheres Portuguesas.
Que Deus nos abençoe a todos.
10 de Junho de 2010
Mensagem lida por uma neta de doze anos do Cte. Jorge Oliveira e Carmo durante a missa por intenção de Portugal e de sufrágio pelos que morreram ao Serviço da Pátria, celebrada na Igreja de Sta. Maria de Belém, nos Jerónimos, em 10 de Junho de 2010.
“Não conheci o meu avô, mas sei o quão fantástico ele era.
Sei que ao ir para a guerra só estava a pensar no seu país. E também sei que, mesmo não estando vivo, nunca será esquecido.
Sim, eu não conheci o meu avô, mas conheço a minha avó e admiro-a muito, pois é difícil ir para a guerra e combater por aquilo que se ama, mas ainda é mais difícil ficar cá enquanto alguém que nós amamos do fundo do coração partiu para lutar pelo seu país.
Pelo seu acto de coragem o meu avô trouxe lágrimas aos olhos de muitos portugueses. E, claro, também aos meus.
Obviamente ficámos todos tristes com a morte de Jorge Oliveira e Carmo, mas sempre que ouvirem a história de como ele morreu ao tentar defender o seu país, não chorem, sorriam.
Sorriam de orgulho, sorriam por respeito, sorriam porque tenho a certeza que ele não queria lágrimas nos vossos olhos.
O que ele queria? Deixar Portugal orgulhoso.
E na minha opinião a sua missão foi cumprida.”
É esta a herança de esperança no futuro que queremos – a minha família e eu aqui presentes – oferecer hoje à Nação, neste dia de Portugal, partilhando-a com todos os nossos compatriotas, especialmente com todas as Mulheres Portuguesas.
Que Deus nos abençoe a todos.
Imagem da Internet
terça-feira, 22 de junho de 2010
Família dos combatentes
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