Transcrição
O profeta Guterres
Jornal de Notícias. 06-06-2010. Por António Freitas Cruz
Não sei o que pensava o engenheiro Guterres quando fugiu do Governo aterrado por um fantasma a que chamou "pântano". A verdade é que, daí para cá, tudo se passou como se o antigo primeiro-ministro tivesse proclamado uma profecia.
Não quero especular sobre a natureza do "pântano". Nem preciso: é mais do que certo que se tratava de qualquer coisa ameaçadora.
De facto, quando olhamos hoje para a sociedade que somos sem os óculos cor-de-rosa dos que apenas se interessam pela conservação do Poder, a visão configura um quadro assustador: a corrupção anda à solta a todos os níveis, é visível a promiscuidade obscena entre a política e os negócios, todos os dias se conhecem novos exemplos de favoritismos, amiguismos e compadrios sem quaisquer disfarces.
Enquanto tudo isto atinge as raias da sem-vergonha, acentuam-se desigualdades tremendas entre os que podem e os que não podem, entre os que têm e os que não têm. E a mentira é o manto diáfano que não consegue esconder uma situação desesperada!
Não me digam que desenhei um exagero deprimente e que a realidade não confirma o pesadelo. Acredito que Guterres teve consciência de que jamais lhe seria possível varrer o pântano para debaixo dos tapetes.
Então, preferiu fugir. Tinha gasto sete anos a inventar uma geração de governantes incapazes e estouvados de quem os portugueses nunca sentirão saudades.
Aí, sim, teve um enorme sucesso!
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