segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cobardia da incapacidade

Transcrição seguida de NOTA:

Jornal de Notícias. 12-07-2010. Por Manuel António Pina

O Ministério da Cultura manifestou "grande satisfação" pelo pedido de demissão do seu director-geral das Artes. A ministerial satisfação resulta de aquele director-geral ser responsável por "sucessivos atrasos nos concursos", pela construção de uma "barreira" entre o "Gabinete da ministra e os agentes culturais" e por "ineficácia dos procedimentos".

Daí o sonoro "uff!" público soltado pelo Ministério mal soube que o homem pedira a demissão, pois, apesar de ele ser tão mau, o Ministério nunca se tinha lembrado de o demitir.

O pedido "vem permitir finalmente (um ministerial "hurra!") que a DGA se liberte de constrangimentos vários que têm vindo a dificultar a sua acção", pondo o Ministério em condições de "alavancar o sector".

Recorde-se que o "sector" anda em polvorosa (num processo que, no elegante português da ministra, é "muito liderado" pelo BE) em razão de cortes cegos feitos pela ministra e desfeitos pelo primeiro-ministro, bem precisando que o "alavanquem".
E, para quem acha que touradas são "cultura", nada melhor para o "alavancar" que umas boas bandarilhas públicas num ex-funcionário.

NOTA: De acordo com o autor do texto, o ministério foi incapaz de demitir o constrangedor director-geral mas, depois de ele se ter demitido, atirou-lhe pedras. Bater em mortos não dignifica quem bate. Teria sido mais ético fazer uma rigorosa avaliação do desempenho de todos os colaboradores e demitir os que tivessem menor eficiência, mas com a ética e a honestidade de usar critérios de interesse nacional e não de caprichos partidários ou pessoais. É para defender os interesses de todos os portugueses, de Portugal, que devem actuar os governantes. Será esse o critério do ministério da Cultura?

Imagem da Net.

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