Cultura ou identidade corporativa
(…) A existência de uma cultura ou identidade corporativa é válida. Normalmente assenta em valores positivos de lealdade, solidariedade e coleguismo ou camaradagem.
Gerir contra a cultura instalada, independentemente dos seus aspectos positivos ou negativos para o cumprimento da missão do sistema, é considerado ofensivo da legitimidade da qual o corpo social se arroga. Esta ofensa coloca o corpo social contra as políticas e as decisões da Administração. Quando esta situação acontece, ou seja, sempre que há um conflito de legitimidade, a discussão desloca-se para o campo da ética. E perde a luta quem não apresentar argumentos com maior peso moral, invocando considerações respeitantes a valores de dignidade, respeito, justiça e outros do género.
Em sistemas com corpos sociais grandes e de identidade vincada, o clima de conflitualidade pode inibir totalmente a capacidade ou a liberdade de acção governativa. Se, a título de exemplo, olharmos para o conflito à volta do processo de avaliação dos professores, verificamos que os professores «nunca lutaram contra a avaliação». Opunham-se e põem-se à maneira como é feita. (…)
(pág. 16-17)
NOTA: Este trecho do livro faz recordar as esperanças baldadas de reformas profundas em vários ministérios no início do Governo anterior. As esperanças criadas faziam prever ser o melhor Governo desde 1974, por ir aperfeiçoar aquilo de que todos se lamentavam em voz alta. Porém, não houve o saber, a sensatez e a sensibilidade para ter em atenção «a cultura instalada».
Este pormenor é um pequeno exemplo do valor didáctico deste livro, de grande utilidade para governantes, que o devem eleger «livro de cabeceira».
2 comentários:
Modéstia àparte, digo a "nota" há muito tempo, e ao próprio autor.
Falta salientar as insuspeitadas forma e conteúdo das resistências corporativas e dos obstáculos político-partidários levantados com o seu aproveitamento entusiástico e levantamento na opinião pública.Foi pena ! O prejuizo foi geral. É que não pode deixar de se passar por aí na absolutamente necessária reforma do Estado.Alguém a terá de fazer ! Inépcia ou falta de geito e a proclamada arrogância só ?
Realmente o País precisa de profundas reestruturações, de grandes mudanças do sistema governativo e dos serviços públicos. Da forma como est+a a máquina do Estado fica demasiado cara para produzir pouco mais do que NADA. Há exagerada preocupação em controlar tudo, para nada ser rigorosamente inspeccionado e tolher as iniciativas e a realização de objectivos pessoais e empresariais. O comércio ou distribuição é demasiado caro e encarecedor por haver sucessivos intermediários entre o produtor e o consumidor, mas a ASAE, em vez de reorganizar todos os circuitos, prende-se com medidas repressivas exageradas, que não favorecem ninguém. Enfim, como o povo não reclama devidamente e com força, vamos vivendo cada mais en crise...
Cumprimentos
João
Saúde e Alimentação
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