As palavras dos políticos com cargos de responsabilidade devem merecer a atenção dos cidadãos por servirem de alertas e sugestões para construir um amanhã menos preocupante do que o hoje. Para isso, devem inserir-se numa linha de pensamento coerente, numa estratégia clara e perceptível que ajude cada agente económico a planear o seu esforço de forma útil ao desenvolvimento próprio e do País.
Deve ter sido nesse sentido que Cavaco Silva pede “ideias com visão de futuro” para Portugal. Mas não é fácil descobrir qual é a ideia estratégica de Cavaco Silva, se a tem. Do que temos observado ao longo de dezenas de anos verificamos que costuma mostrar-se adepto da continuidade, sem mudanças, com tabus, com receios, com a exagerada preocupação de que é preciso mudar apenas quando há a certeza de ser para melhor.
Ora a inovação exige mudança permanente, ter ideias para o futuro será um inconformismo com o presente e a procura de novas soluções para os problemas. As «ideias com visão de futuro» são um objectivo desejado, correcto, porque a vida é feita de mudança, embora ponderada resultante de estudo bem conduzido.
Mas a incoerência com as ideias expressas anteriormente, a aversão à mudança e o seu apego a soluções provadamente desadaptadas ao presente, obsoletas, que conduziram à actual situação, dificulta a interpretação da linha de pensamento prospectivo de planeamento do PR.
Será conveniente que se apoie a criação de novas ideias, embora apenas se aproveitem as mais convenientes perante os condicionalismos existentes, a fim de as mudanças contribuírem para melhorar a vida dos cidadãos. «Para pior já basta assim». Este conceito ficou expresso no post que referia a notícia Cientistas concorrem com ideias inovadoras.
Serão bem vindas todas as «ideias com visão de futuro» e, principalmente todas as decisões bem preparadas com vista a um amamanhã risonho para os nossos descendentes.
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