quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Silva Lopes tem medo do FMI

Transcrevo do post «Orçamento ou gestão competente?» a seguinte passagem que afinal não era tão arrojada como poderia parecer:

«Há economistas e gestores que consideram vantajosa a vinda de estrangeiros para sanar todos os vícios e manhas que se foram desenvolvendo nas décadas mais recentes. É lógico que políticos e outros parasitas do dinheiro público detestem a vinda do FMI, mas os portugueses que trabalham e produzem têm grande motivos para o desejarem a fim de verem o País limpo das pestes que o arrastaram para a desgraça.»

Silva Lopes veio confirmar a referida presunção ao dizer “Desta vez tenho medo do FMI”. Os argumentos que aponta, como velha raposa que é, não correspondem obrigatoriamente aos seus sentimentos e pensamentos. A hipotética vinda do FMI iria reduzir os seus privilégios de pertencente ao grupo dos beneficiados pelo Poder . Tem razão para ter medo, porque será natural que se o FMI vier acabará com acumulações de reformas, de tachos para reformados, de benefícios imorais aos cúmplices do descalabro de que estamos a ser vítimas, etc. e que meta na prisão muitas sanguessugas do dinheiro público.

Segundo texto que circula por e-mail,
«SILVA LOPES, com 77 (setenta e sete) anos de idade, ex-Administrador do Montepio Geral, de onde saiu há pouco tempo com uma indemnização de mais de 400.000 euros, acrescidos de várias reformas que tem, uma das quais do Banco de Portugal como ex-governador, logo que saiu do Montepio foi nomeado Administrador da EDP RENOVÁVEIS, empresa do Grupo EDP.

Com mais este tacho dourado, lá vai sacar mais umas centenas de milhar de euros num emprego dado pelos seus amigos do governo, que continua a distribuir milhões pelos seus cúmplices e coniventes.

Entretanto, o povp vai empobrecendo cada vez mais, num país com 20% de pobres, onde o desemprego caminha para níveis assustadores, onde os salários da maioria dos portugueses estão cada vez mais ao nível da subsistência.

Silva Lopes foi o tal que afirmou ser necessário o congelamento de salários e o não aumento do salário mínimo nacional, por causa da competitividade da economia portuguesa. Claro que, para este senhor, o congelamento dos salários deve ser uma atitude a tomar (desde que não congelem o dele, claro).»


Mandaria o bom senso que os «sábios» do grupo etário deste senhor deviam estar calados porque já mostraram que não souberam governar o País e evitar esta crise escandalosa que nos está a massacrar. As decisões que agora têm que ser tomadas vão afectar os mais jovens. E não os já bem instalados, viciados em maus actos contra a nação. Por isso, devia dar-se aos mais jovens a responsabilidade de gerir o seu futuro. Venha o FMI e, depois, dê-se as rédeas do poder a uma geração mais jovem e active-se a Justiça para condenar os prevaricadores. Não se compreende que os gerontes teimem em estar convencidos de que os ligeiramente menos velhos assumam responsabilidades, como a de administrador da EDP RENOVÁVEIS. Se os reformados fossem mandados repousar, libertariam muitos postos de trabalho para gente na idade activa reduzindo a taxa de desemprego.

Este caso é paradigmático e merece que estejamos atentos às contradições entre as palavras e as realidades da vida destes vendedores de «sábias verdades».

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