Depois das palavras de António Barreto transcritas no artigo anterior, é interessante ler o artigo de Viriato Soromenho Marques que a seguir se transcreve e em que não é fácil enfatizar qualquer das frases, pois todo o texto merece ser bem digerido
Legítima defesa
Diário de Notícias. 31-03-2011. por Viriato Soromenho Marques
Portugal atingiu o seu ponto mais baixo desde a instauração da III República. A integridade da sua economia, incluindo as suas empresas exportadoras e os seus bancos, a segurança das poupanças dos cidadãos particulares, a expectativa de emprego da juventude, a boa reputação do País nos meios diplomáticos e culturais externos, tudo isso que constitui o precioso capital material e simbólico de uma nação está hoje manchado de opróbrio. Portugal é vítima da sua própria liderança política. A mais incompetente, tanto técnica como moralmente, desde os tempos do terrorismo urbano da I República.
A culpa não é anónima. O primeiro-ministro (PM) resolveu conspirar abertamente contra o interesse nacional, ao abrir, em 11 de Março, uma crise política com o intuito de esconder ao País que nenhuma das medidas levadas a cabo pelo seu Governo nos iria livrar de pedir o apoio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Com um obrigatório e doloroso "ajustamento macroeconónico", implicando a entrada em cena das regras e dos dinheiros do FMI. O PM quis passar o ónus da culpa para a oposição. E esta, com a cumplicidade do Presidente da República, caiu na cilada. O Parlamento, em vez de censurar o comportamento anticonstitucional do PM, acabou por votar contra o PEC IV, num claro tiro ao lado.
O mais lúcido estadista português vivo, Adriano Moreira, já advertira há muitos anos para o nosso maior perigo colectivo: um défice de confiança gerado nas altas esferas que acabaria por tornar o Estado completamente exíguo. O sistema político implodiu. Os portugueses estão hoje entregues a si próprios, num limbo de incerteza e perigo. Refundar a República tornou-se uma questão de legítima defesa.
Imagem do Google
António José Seguro
Há 1 hora
2 comentários:
Eu diria nao refundar uma "republica" que pouco tem feito sem ser ajudar "os boys" mas mudar de regime!
Um abraco dalgodrense.
Caro Al Cardoso,
Realmente, estamos a necessitar de uma nova Constituição, mais sucinta, mais clara e menos restritiva da vida dos cidadãos, com uma máquina do Estado mais ligeira e menos dispendiosa.
Estarmos com os pneus a patinar na lama não nos permite iniciar a marcha para o desenvolvimento e a melhoria do bem-estar das pessoas.
Impõe-se que os jovens com menos de 40 anos se organizem e deles saia uma ideia bem estruturada para o País que desejam para viver e criar os filhos. Dos mais idosos já nada se pode esperar a não ser a continuidade dos vícios e manhas a que os políticos nos habituaram. Já pouca gente consegue conversar sobre os interesses nacionais sem descambar rapidamente para argumentos de luta pelo Poder entre os partidos.
Embora estejamos num momento óptimo para remodelar a vida social, política e até pessoal, repare que as conversas cairão nas sondagens e na conquista de votos dizendo mal do partido que mais se opõe ao nosso, mas sem traçar linhas estratégicas de desenvolvimento, de remodelação, de reestruturação. Procuro manter-me optimista mas está a torne+ar-se numa tarefa muito difícil, pois é difícil ver concretamente um raio de sol que ilumine as cabeças ocas dos nossos fazedores de opinião.
Precisamos de um Scolari que nos recorde de que temos uma bandeira, um País, 10 milhões de pessoas, a defender. Faltam líderes e o PR só trava, não passa de um empecilho.
Abraço
João
Sempre Jovens
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