Nós, portugueses, encontramo-nos num momento difícil que desejamos ser o início de uma caminhada para a recuperação do progresso e do desenvolvimento, para bem de todos, principalmente daqueles que vivem muito abaixo da média de comodidade.
«A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se adiante». (Kieckegood).
A reconstrução de Portugal tem que ser tarefa de todos, começando pelos políticos, fazendo convergir todas energias para um objectivo comum, segundo uma estratégia bem definida com metas claras e medidas concretas coerentes daí resultantes.
Nem se podem desperdiçar esforços com erros evitáveis, nem se pode ser sonhador ao ponto de esperar atingir o objectivo sem cuidar de cada passo desde o primeiro momento. Por querer ir além daquilo que era possível e realizável, Ícaro viu as suas asas derreterem-se e, em vez de continuar a voar para o Sol, despenhou-se.
Ora, nós vamos atravessar um precipício passando sobre um arame de equilibrista e não podemos fazer um gesto errado para não nos despenharmos todos, irremediavelmente. Há que avançar com muito cuidado e rigor, sempre com os olhos no objectivo nacional.
António Barreto definiu com muita clareza a situação e os cuidados a ter na solução a adoptar, no seu discurso na Sessão Solene de 10 de Junho em Castelo Branco.
Também, na mesma Sessão Solene, Cavaco Silva salientou a necessidade de «linhas de rumo e caminhos de futuro que contribuam para a qualidade das políticas públicas e que devolvam aos Portugueses a esperança na construção, em comum, de um tempo melhor… Temos de ser realistas, pois as ilusões pagam-se caro…No interior, impõe-se tirar partido das potencialidades e das riquezas que só aqui existem… A sua (dos povos do interior) frugalidade e o seu espírito de sacrifício são modelos que devemos seguir num tempo em que a fibra e a determinação dos Portugueses estão a ser postas à prova. Não podemos falhar. Os custos seriam incalculáveis. Assumimos compromissos perante o exterior e honramo-nos de não faltar à palavra dada.»
Perante estes pontos de reflexão que devem ser orientadores das estratégias individuais e colectivas, não podemos desaproveitar o possível por corrermos atrás do desejável, a fim de não repetirmos o erro de Ícaro. Cada passo deve ser dado com o máximo realismo em função do desenvolvimento do bem-estar das pessoas. Neste ponto, também deve ter-se presente que há muitos melhoramentos estruturais a fazer, começando pela Justiça e pelo apoio às pequenas e médias empresas, sem ser necessário despender muito dinheiro.
Não devemos deixar de olhar para os bons exemplos que nos chegam da Grã-Bretanha e de outros países nórdicos, na forma como estão a encarar a austeridade para evitar crises como a nossa.
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