Há duas ópticas de aproximação deste problema que merecem ser analisadas por parte dos responsáveis pela qualidade de vida e pela justiça social dos portugueses.
Se olharmos para isto como 13º mês e pensarmos na percentagem de desconto, pode ficar-se com pena dos ricaços que descontem 4.758€ enquanto os que recebem menos que o salário mínimo nada descontam.
Mas isto é uma falácia só admissível como propaganda. Pois, se olharmos para isto como um SUBSÍDIO de Natal, somos forçados a fixar a atenção na importância líquida que cada português recebe para ajuda na compra de um par de peúgas e umas filhós para os filhos. E, nesta óptica, a importância líquida do SUBSÍDIO é de 485€ para os mais pobres e de 5.242€ para os mais ricos que ganham 10.000€ por mês. É uma diferença abismal entre estes dois valores, que nada se enquadra no espírito natalício e na Justiça Social.
Com esta medida do Governo, aumenta-se o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Se fosse dado um subsídio líquido igual para todos manter-se-ia o fosso. Para o reduzir, o que seria justo era dar valores inversos aos salários usufruídos, ou nada dar aos que recebem acima de um valor médio, e que não sentiriam a sua falta.
Compreende-se que os governantes não queiram melindrar os mais ricos, nem encarar as suas reacções e pressões políticas. Mas não devem esquecer-se de que a ira dos mais pobres poderá ser muito mais difícil de aceitar.
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Grande Angular - Novembro!
Há 15 minutos
7 comentários:
«...a importância líquida do SUBSÍDIO é de 485€ para os mais pobres e de 5.242€ para os mais ricos que ganham 10.000€ por mês.»
A frase é perfeita,mas a falácia que a precede é arrepiante. É arrepiante simplesmente porque o país está em crise, éum facto, precisamos tomar medidas, urgentes cutidentes, é um facto, as medidas apesar de impopulares e contra todo o politiquismos barato, estão a ser anunciadas e cumrpidas, é uma facto e é um facto ainda maior, de que no ano passado o 13º mês do trabalhador que ganhava o ordenado mínimo, vai ser exactamente o mesmo, para este ano e vai poder compar as mesmas filhoses e as mesmas meias que compraram o ano passado. A diferença está no trabalhador que o ano passado ganhava 10000 euros no seu 13º mês, vai finalmente contribuir para diminuir, grão a grão a dívida que se andou a criar e esse sim, vai ter menos dinheiros para comprar as filhoses e as meias que em vez de Pierre Cardin irão ser Chamaco e a Tia Bé (empregada de anos lá de casa que já trabalhava para os pais do trabalhador de 10000 euros por mês e que vai fazer umas horas à casa do menino, vai te de fazer as filhoses em casa, em vez do "Menino" e da "Menina" irei comprar as doçuras na Padaria da Moda, que ainda por cima vai ver o IVA aumentado.
O imposto suplementar de um direito adquirido dos trabalhadores portugueses foi uma medida justa tanto quanto possível, e que nos coloca a todos em pé de igualdade, tal qual uma democracia deve fazer.
Inverteer salários e dar terras a quem trabalha não resultou em Portugal na Reforma Agrária Comunista, nem em nenhum país comunista que se conheça, aonde também aí existem os trabalhadores que recebem 485 euros por mês e os directores que recebem 10000 euros por mês.
Façam-me o favor de parararem com as utopias e pensarem no concreto, ou Portugal será uma "Grécia" não no seu sentido clássico e glorioso, mas no mais actual e triste.
Todos temos de apertar o conto e também eu terei e dar parte do meu 13º mês, porque felizmente estou um pouco acima dos que ficam isentos, mas tenho a certeza que o sorriso dos meus familiares a abrirem as prendas da praça de sábado será o mesmo da do ano ano passado, quando abriram os presentes da Zara.
Parafraseando algo que foi dito por grandes Homens em alturas muito complicadas:
«Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas sim o que podes fazer pelo teu país.»
Cara Iris Restolho,
Lindo texto o seu, totalmente sintonizado com o conceito de 13º mês e de direitos adquiridos. Se a memória não me engana, este abono começou por ter o nome de SUBSÍDIO DE NATAL. E o raciocínio do post assenta no corte de direito adquirido que, como corte, não necessitada de ser igual para todos, proporcionalmente aos proventos. É com estes «pequenos» desníveis que se aumenta o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, que no nosso País já é maior do que na maioria dos Países civilizados.
O ideal expresso no post está conjugado com a sua última frase «Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas sim o que podes fazer pelo teu país.». Mas, infelizmente, os que mais podem fazer pelo seu país escondem-se atrás de mil artimanhas, em fugas ao fisco, em negociatas habilidosas e em investimento nos offshores.
E com o aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres, o País (todos nós) é muito prejudicado. Os trabalhadores deixam de ter entusiasmo e motivação para trabalhar mais e melhor e os que têm mais capacidade vão para o estrangeiro obter mais justa compensação do seu valor.
O actual Governo merece o nosso apoio, mas apoiar não é apenas elogiar mas sim principalmente alertar para pormenores que merecem mais atenção com mais realismo e mais preocupação de Justiça Social.
Obrigado pela visita e pelo comentário
Cumprimentos
João.
Só tenho pena de não ser dos que mais contribui neste imposto...
Caro amigo A. João Soares, e Inês, peço desculpa e não posso concordar com o que aqui foi dito.
Contudo, não posso deixar de alertar, para o simples facto, que este corte é ainda assim um duplo roubo, a palavra é a certa, duplo roubo, e porquê, porque o subsídio de Natal, é exactamente extraído ao trabalhador durante todo o ano pela entidade patronal, é só fazerem as contas, e vão ver que a matemática não engana, e explico:
1 - Peguem no vosso ordenado, e dividam-no por 4 semanas, aì saberão quanto ganham por semana.
2 - Depois, multipliquem o valor que ganham por semana, por 52 semanas, e obtém o vosso rendimento anual.
3 - Para saberem, multipliquem o vosso rendimento anual bruto (o que recebem sem descontos) e multipliquem por 12 meses, aí obtém a diferença para o referido Subsídio de Natal, que nos é pago todos os anos, ou seja, o Patrão não paga nada de extra, apenas entrega ao trabalhador aquilo que lhe reteve durante o ano.
Se recebêssemos à semana, nada disto se punha, e queria ver onde é que o Governo poderia ir Buscar esse imposto extraordinário...
Mas o mais grave, é em quem tem ordenado com componente variável, como o meu caso, e aí as contas são mais difíceis e o corte maior, mas eu ainda assim sei fazê-las, posso explicar.
É preciso ajudar o país a progredir sim, mas falemos então a verdade, e a verdade é esta.
Como sempre, caro amigo, estou ao dispor para lhe fazer estas contas, bem explicadinhas, a matemática não engana.
Um forte Abraço
Carlos Rocha
Caro Carlos Rocha,
A sua visão do problema é muito interessante. É diferente receber à semana ou ao mês, pois 52 semanas correspondem a 13 meses.
É bom procurarmos ver os problemas por todos os lados. Qualquer coisa assemelha-se a um poliedro, com as faces diferentes. E não devemos basear o nosso julgamento apenas olhando para uma.
Infelizmente o nosso povo, por deficiência do ensino, pouco dirigido para temas práticos da vida corrente, e pelo efeito da comunicação social que lança poeira para sermos sedados a fim de reagirmos a nada de importância. Ontem a TV do Estado perdeu mais de uma hora a falar de uma mulher que tinha nascido homem, mas pouco se refere aos problemas essenciais para a vida nacional. Tinha já perdido imenso tempo com o caso Carlos Castro e agora com o André, frequentemente com o Ronaldo, etc. E assim se contribui para embrutecer as pessoas.
Quem ainda tem alguma capacidade de raciocínio deve fazer o que está ao seu alcance para estimular as pessoas a pensar no essencial das suas vidas e da sociedade em que vivemos. O caso em questão trata de um sacrifício extraordinário exigido aos cidadãos para recuperar dos erros cometidos anteriormente mas, como é extraordinário devia ser mais radical e contribuir mesmo que pouco para a Justiça Social devendo aplicar o imposto ou os cortes de forma mais progressiva, indo buscar mais àqueles que têm maiores rendimentos.
O ideal expresso no post está conjugado com a conhecida frase «Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas sim o que podes fazer pelo teu país», mas, infelizmente, os que mais podem fazer pelo seu país escondem-se atrás de mil artimanhas, em fugas ao fisco, em negociatas habilidosas e em investimento nos offshores.
Oxalá os governantes, em cada decisão que afecte a vida dos cidadãos, tenham sempre presentes as realidades em que vive a maior parte da população e procurem reduzir o escandaloso fosso entre os mais pobres e os mais ricos, que, no nosso pais, é maior do que na generalidade dos países evoluídos.
Um abraço
João
(em 01Jul2011 15:57, por email)
assunto: [política] - Re: 13º mês para resolver a crise financeira e moral...
Boa tarde caro A. João Soares, meu amigo,
Agradeço o s/email e a opinião, sobre o difícil momento ao qual a tesouraria do nosso amado País está, e continuará a estar, sujeita, em vista do exercício de neocolonialismo económico e financeiro, posto em prática pelo eixo benelux-franco-germânico, do qual resulta esta recente mui indecente proposta... "that we cannot refuse"...
Recordava-nos ontem [30Jun2011] o imberbe PM - em mau jeito de marketeiro politiquês correcto -, que não há uma 2ª oportunidade para causar uma 1ª boa impressão.
Pois não. Não há!
No (meu) campeonato da "democracia à portuguesa", a quanto provenha da esquerda – ao (dito) PPD/PSD, incluindo a rapaziada nova e menos nova daquela clique que na década cavaquista se encheu à tripa forra com o FSE e agora vem gritar aqui d'elrei -, nunca dou nem darei qualquer benefício da dúvida.
Mais uma prova provada, de que "político é vendedor de veículo usado - desconfie sempre", a circunstância de o rapaz se ter iniciado em dar baile aos portugas (e à estranja), com a supina
demagogia de viajar em "económica": pois, 'tá bem abelha, não era para fazer publicidade, viu-se que, afinal, nada "inovou".
Prosseguiu a valsa, com a pretensão de extinguir governos civis: pois ´tá muito bem, sim senhores, mas vai resolver coisa nenhuma em termos de "redução de despesas públicas", com a agravante de o Estado - por via dos indicados pelo Governo para controlar politicamente os distritos de Portugal -, deixar de exercer o seu domínio em diversíssimas áreas que, antes de (se) entrar pela regionalização propriamente dita (que em referendo já foi chumbada), vão primeiramente regressar a formas de caciquismo local e distribuídas prebendas p'las capelinhas.
Ora, na mesma lógica
"antidespesista", há então que extinguir o controle governamental,
melhor dizendo, partidário, sobre a nomeação do procurador-geral desta república (posto que da confiança política de quem governa): assim, acabe-se com a procuradoria-geral desta república;
e, no mesmo passo, o tribunal (dito) constitucional; e o supremo tribunal (que também lá tem uma maioria ajuramentada da confiança, político-partidária, de quem está, em determinado ciclo governativo, assentado no poder); e por aí fora, até se extinguir outras representações das obrigações do Estado.
E que disse O Povo, à tal extinção dos governos civis? Que sim; que não. E os especialistas? Ah, pois; vamos ver... Ou seja, o rapazola sabe do ofício: vá de apalpar os ditos cujos ao Povo, que mostra mansidão; e vai daí...
Ontem [30Jun2011], no Parlamento, anuncia um "imposto extraordinário". Extraordinário, foi que, não lhe chegando o tempo de tribuna no próprio parlamento, vá de convocar conferência de imprensa "para se explicar melhor" (melhor?!), com jornalistas "para perguntas e respostas".
Que mecanismos de garantia da entrada do tal "imposto extraordinário", nos cofres do Estado, existem ou vão ser fabricados? Nenhuns, diferentes dos já existentes e que não impedem a fuga aos impostos... Leitura: trata-se de anúncio para troika ver.
E a frota automóvel do Estado, é ou não para ser drasticamente reduzida? E as "ajudas-de-custo" à rapaziada que mama nas exauridas tetas deste Estado a que chegámos, vão ou não ser eficaz e duramente reduzidas, já para não alvitar extintas? Etc., etc.
Há que morigerar, primeiro que tudo, por bons exemplos de venham de cima. Poder-se-á argumentar, que o governo XIX ainda está de fraldas e haveremos de dar tempo ao tempo. Pois se ainda está de fraldas, não pretenda comer-nos os bifes.
Abraço,
Abreu dos Santos
Caro Abreu dos Santos,
Obrigado pelo seu bem elaborado comentário. Parece que o neocolonialismo económico e financeiro poderá ter origem em espaços mais afastados, como diz Marcelo Rebelo de Sousa que acusa agências americanas concertarem estratégia a favor do dólar.
A demagogia de viajar em «económica» que refere parece ter sido um tiro de pólvora seca, e esperamos que as promessas que vão surgindo da boca de vários governantes sejam mais realistas e eficazes. Não bastam promessas para criar esperança e confiança nos portugueses e e para levar as agências financeiras a melhorar o «rating».
Não podem ser desperdiçadas oportunidades de fazer coisas certas. O destino não é aliciante e o escrito de de João César das Neves hoje no Destak, Golpe, em estilo de Notradamus, é um bom aviso.
Em vez de pensar em sacar mais dinheiro dos portugueses, devia ser pensado reduzir as despesas desnecessárias como Marques Mendes já explicou em Marques Mendes apresenta lista com dezenas de institutos públicos que podem ser extintos. Devia ser também estruturada a Administração Pública liderada por competência e não por compadrio e amiguismo. Se assim fosse e actuasse independente do partidarismo, não haveria tantas fugas ao fisco, tanta corrupção, tanta a gente a conduzir sem carta, tanta criminalidade e insegurança, etc.
Quanto ao tema deste post não nos devemos apegar à definição da origem do subsídio de Natal ; isso é uma coisa. Os cortes que a crise obrigou a fazer são outra. E o que está em causa é a disparidade injusta do sacrifício que é exigido a quem muito tem a quem quase nada tem. Se é uma situação extraordinária que o seja de verdade e não se prenda com o significado inicial.
Um abraço
João
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