quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Gestão descuidada do dinheiro público

Embora a crise tenha ramificações internacionais, é diferente conforme o cuidado e a competência com que o dinheiro público é gerido em cada país. A vida em cada momento é, em grande parte, consequência da boa ou má gestão pública. E, por isso, ela não pode ser curada se não se atacarem as causas mais profundas e se não forem analisados os diversos sintomas para, através deles, se chegar à raiz do problema com a precocidade conveniente.

São diversos os indícios de continuados descuidos, incompetências e irresponsabilidades na gestão o dinheiro público. A seguir referem-se alguns vindos a público nos dias mais recentes.

- Verbas destinadas a reconstruir a Madeira foram gastas em despesa de funcionamento

- Fundos destinados para o Norte, Centro e Alentejo foram gastos em Lisboa

- A quantidade de funcionários das Câmaras aumentou 7% em três anos, o que contraria as promessas de simplificação do sistema administrativo, e da burocracia (geradora de tráfico de influências, corrupção e enriquecimento ilícito) que empata a actividade económica e a vida dos cidadãos.

- Por outro lado, ou talvez por serem em quantidade superior ao estritamente necessário, Mais de seis mil acumulam funções no público e no privado o que mostra haver «uma ausência de fiscalização efectiva, por parte da entidade empregadora autárquica», que faz com que «situações de acumulações de funções públicas e privadas coexistam com o pagamento de trabalho extraordinário». É referido que há falta de «um controlo fiável de assiduidade e de cumprimento do tempo de trabalho», que faz com que as câmaras saiam a perder

- A tendência para a acumulação de funções tem sido agravada pela crise, criando uma salada de interesses, em que o funcionário, em cada momento, se vê dividido e confuso entre os interesses a que deve dar prioridade e se veja conivente com negociatas de que o interesse público sai sempre prejudicado.

Perante esta incúria e descontrolo do dinheiro público, este acaba por faltar para o essencial e surge a dívida de que tanto se fala. Assim, não se estranha a notícia de que a Loja do Cidadão no Seixal custou meio milhão e está fechada há dois anos. Também em Cascais a Loja do cidadão está a pagar renda há vários meses, já tem mobília mas ainda não se sabe quando abrirá.

Mas o caso mais estranho ocorreu na freguesia da Salvada, concelho de Beja, em que, pelo facto de a Câmara de Beja não ter saldado as suas dívidas, o subempreiteiro levantou a calçada. Em vez de completar a colocação desta na Avenida 25 de Abril voltou ao local para levantar a pedra a fim de a devolver ao fornecedor, ele próprio à espera de ser pago pelo fornecimento de material

Algo de muito insólito está a passar-se neste País que fez os descobrimentos e a comunicação entre o Ocidente e o Oriente, iniciando aquilo que viria a denominar-se a globalização.

Imagem do Google

4 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá,
É uma lástima que tudo isso aconteça!!!
Tem gente que entra só pra ganhar e não sabe politicar (organizar)...
Abraços fraternos de paz

A. João Soares disse...

Amiga Rosélia,


Realmente, a regra parece ser a de terem por principal objectivo obter o máximo de riqueza no mínimo prazo. Temos na actualidade a FUNDAÇÃO CIDADE DE GUIMARÃES que foi criada por uma equipa nomeada para preparar as festividades da Capital Europeia da Cultura em 2012. Auto-atribuíram-se elevadas remunerações e mordomias, durante 5 anos (2010-2015)à administração e ao Conselho Geral.Guimarães 2012 gasta 1,3 milhões de euros por ano em salários.

O verdadeiro objectivo parece ficar por aí, pois estando a poucos meses a entrada do ano 2012, o Presidente da Câmara Municipal, não vendo nada preparado, Presidente da Câmara retira confiança à administração da Guimarães 2012.
O Conselho Geral que também não tinha mostrado qualquer interesse na sua função, viu-se na necessidade de reunir e decidir exonerar a Presidente da Administração, Cristina Azevedo e substituí-la por João Serra. João Serra assume presidência da Guimarães 2012.

Agora, um grupo de cidadãos patriotas achou que, estando tanto dinheiro em jogo e havendo necessidade de fazer um bom trabalho de propaganda da cidade de Guimarães em favor do Turismo e, principalmente, da Cultura, decidiram observar de perto tudo o que a Fundação faz e tornar público, com o máximo de transparência. Será um meio de pressão para que os nababos bem pagos se tornem um pouco merecedores de algum do muito dinheiro que recebem.Cidadãos vão "fiscalizar" Capital Europeia da Cultura 2012.

Esta atitude é exemplar e vai obrigar a gerir bem melhor o dinheiro público, ao contrário dos acontecimentos que têm ocorrido na Grã-Bretanha onde está a ser usada uma violência criminosa, bárbara, vândala.

Beijos
João

Magno disse...

Realmente a falta de respeito por Portugal e pelos portugueses continua.
Com esta classe politica quem paga é sempre o mesmo.
Abraço,
Magno.
P.s. Sr. João como português tenho muito orgunho em que existam pessoas que nos ponham a pensar nestas realidade como o senhor faz aqui no seu blog. Obrigado

A. João Soares disse...

Caro Magno,

Considero-me um português oculto na maioria silenciosa, mas com um compromisso vital com Portugal, o meu único partido. Procuro pensar em tudo o que chega ao meu conhecimento, pois só acredito naquilo que passa pelo crivo da minha reflexão.
E cultivo a convicção de que devo comunicar o que sei, isto é, mais as dúvidas do que as certezas porque estas são muito poucas, porque aquilo que sabemos se não for comunicado aos outros desaparece esterilmente com a nossa morte. É preciso comunicar, com interrogações, com dúvidas para colocar os outros na curiosidade de aprender. Esta posição é oposta à daqueles que se julgam donos da verdade e a querem impingir forçadamente aos outros.
E é isso que me mantém fiel aos meus blogues.

Abraço
João