No seu artigo no DN, a pólvora e a faúlha, João César das Neves apresenta uma sensata reflexão acerca dos «terríveis crimes de Anders Behring Breivik a 22 de Julho na pacata Noruega» que chocaram o mundo. Considera que este caso não deve ser avaliado redutoramente como se fosse um acto tresloucado de um homem perturbado, em desequilíbrio psíquico e emocional.
Não foi um caso pontual, fruto de uma irritação casual; foi resultado de uma ideia, alimentada e desenvolvida durante anos, que acabou por ser materializada «de forma atroz» demasiado traumatizante.
Como ideia, não pode ser considerada única, personalizada e neutralizada, mas como o autor diz, é pólvora à mercê de uma faúlha ou, como dizia Mao Tse Tung, uma seara madura que pode ser destruída por um fósforo ou um raio.
Na sua reflexão, o autor, refere que «a cada passo na Internet, conversas ou artigos de jornal ouvem-se alarmes, medos e acusações semelhantes (às de Breivik). Os actos do norueguês são insólitos, mas a sua retórica é comum… a sociedade está perdida, … bandidos infames roubam e corrompem o sistema e a nossa vida e felicidade estão gravemente ameaçadas. Os acusados variam muito, dos banqueiros aos muçulmanos, passando por jornalistas, multinacionais, comunistas, corruptos, nazis, maçons, judeus, americanos e outros ódios de estimação».
No entanto, o autor não vai ao ponto de identificar a causa real das circunstâncias que conduzem à acumulação da pólvora. Os lamentos desgostosos da população, dos jornalistas e dos bloguistas são motivados e levados a estado de desespero porque são vítimas exploradas por aqueles que têm, por missão e julgamento solene, de actuar, em cada momento, com o objectivo de os servir, de lhes garantir a melhor qualidade de vida nos vários aspectos.
Os cidadãos estão cada vez mais conscientes dos seus direitos e dos deveres dos responsáveis públicos de respeitar os direitos das pessoas, coisa de que raramente se lembram.
A Administração Pública, as Autarquias e os responsáveis pelos órgãos de Soberania não devem pensar e agir apenas em função dos números mas, essencialmente, tendo em vista o interesse colectivo dos cidadãos e actuando no sentido de garantir uma educação, um ensino, útil, boas condições de serviço de saúde, de apoio a crianças e idosos, de fornecer segurança a pessoas e bens, de Justiça, de justiça social que reduza o fosso entre os mais ricos e os mais pobres.
Sem tal cuidadosa governação para as pessoas, a pólvora aumenta e pode proporcionar situações de grande traumatismo pessoal e patrimonial, como tem sido visto em vários países geograficamente próximos e nos parceiros de Noruega, Reino Unido, Espanha, Itália, Grécia e, com frequência, França.
Os governantes e outros servidores públicos devem ter sempre em mente a necessidade de decidir a pensar nas pessoas para evitarem o aumento da pólvora. Sem esta, as faúlhas terão apenas um reduzido efeito local e pouco significativo. O que é perigoso não é a faúlha mas sim o ambiente explosivo que, por incúria, desmazelo ou incompetência, for sendo criado e aumentado..
Quando se desprezam os interesses dos cidadãos, pouco efeito se obtém com apelos ao ânimo e esperança e de pouco valem os avisos de que os sacrifícios pedidos aos portugueses não vão ser suaves, mesmo que estes avisos sejam devidamente explicados com verdade e lealdade. O que interessa é decidir com seriedade e respeito pelos interesses dos cidadãos o que exige recta intenção e esclarecimento cabal aos eleitores que devem ser sempre considerados detentores da Soberania Nacional (da Nação, dos cidadãos).
Imagem do Google
Em modos de Natal.
Há 1 hora
1 comentário:
Sobre a violência que está alastrando por vários bairros londrinos, podem ver-se estas três notícias que dão uma ideia da gravidade da situação. Esta não é trivial nem fácil de prevenir, a não ser que se olhe seriamente para as causas mãos profundas, a nível internacional. Deve haver mais moralidae nas acções dos políticos.
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