sexta-feira, 18 de novembro de 2011

«Portugueses» conformados com austeridade

Hoje de manhã vi no PÚBLICO online a notícia Estudo mostra portugueses conformados com austeridade e fiquei a pensar que isso deveria ser a posição de todos os portugueses se os «cortes» fossem levados a cabo com a «equidade fiscal» como propôs o Presidente da República, isto é, abrangendo todos os cidadãos, segundo taxas por escalões em função do grau dos respectivos rendimentos.

Mas pouco depois soube que a minha pensão com restinho do subsídio correspondeu a menos 21,876% do que o recebido no ano de 2010. Não poderia deixar de me resignar se tivesse havido a equidade, atrás referida, mas, pelos vistos ela não é respeitada, a nação passou a ter portugueses e «portugueses» se estes podem estar conformados, aqueles não.

Mira Amaral, logo que se falou nos cortes do subsídio de Natal, apressou-se a vir a público a dizer que isso não lhe dizia respeito, o mesmo, de várias formas, foi expresso por outros milionários. Quer dizer que estes não se consideram portugueses para colaborar equitativamente na austeridade, como sugeriu o PR.

E, para cúmulo, há o caso do assessor João Pedro Martins Santos, constante do Despacho abaixo transcrito:

«Diário da República, 2.ª série — N.º 217 — 11 de Novembro de 2011
Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Despacho n.º 15296/2011
Nos termos e ao abrigo do artigo 11.º do Decreto -Lei n.º 262/88, de 23 de Julho, nomeio o mestre João Pedro Martins Santos, do Centro de Estudos Fiscais, para exercer funções de assessoria no meu Gabinete, em regime de comissão de serviço, através do acordo de cedência de interesse público, auferindo como remuneração mensal, pelo serviço de origem, a que lhe é devida em razão da categoria que detém, acrescida de dois mil euros por mês, diferença essa a suportar pelo orçamento do meu Gabinete, com direito à percepção dos subsídios de férias e de Natal.
O presente despacho produz efeitos a partir de 1 de Setembro de 2011.
9 de Setembro de 2011. — O Secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais, Paulo de Faria Lince Núncio


Com esta variedade de excepções, ao gosto de cada governante, poderá haver, realmente e de forma justificada, muitos «portugueses» conformados com as medidas discricionárias de austeridade.

4 comentários:

A. João Soares disse...

Afinal há alternativas como diz a notícia seguinte:
BE aponta taxas sobre bens de luxo e mais-valias urbanísticas como alternativa ao corte nos subsídios

E é essencial que se medite sobre o reparo da notícia seguinte:
Mário Soares acusa Governo de se desinteressar das pessoas e só ver números.

Seria que bom que os governantes pensassem com flexibilidade na procura das soluções mais eficazes e justas Não seria mau que dessem uma olhada à metodologia referida em
ensar antes de decidir

Mentiroso disse...

Substituindo portugueses por carneiros, não daria um sentido mais apropriado? Até a frase «Quer dizer que estes não se consideram portugueses...» parecia mais natural.
Só os carneiros se deixam matar à fome e lambem a mão que os degola nos serviços de saúde.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

Sabe bem que não gosto de ser muito agressivo nas palavras. Procurei que as aspas fossem interpretadas da forma que o amigo deseja.

As anedotas já começaram, o que mostra que o povo já não está totalmente adormecido. Começa a despertar.


Coelho e Portas estão num jantar em S. Bento.

Um dos convidados aproxima-se deles e pergunta-lhes:

- De que é que estão conversando de forma tão animada?
- Estamos fazendo planos para uma grande guerra na nossa democracia - diz Coelho.
- Uau!', exclama o convidado. E quais são esses planos?
- Vamos lixar 10 milhões de portugueses e um brasileiro, responde Portas.
O convidado parece confuso e pergunta: - Um.... brasileiro? Por que é que vão lixar um brasileiro?

Portas dá uma palmada nas costas de Coelho e exclama:

- Não te disse? Ninguém vai perguntar pelos portugueses!


O pensamento deles, como bem alertou Mário Soares, é e o povo que se lixe!, pois o que interessa é que os do bando e seus próximos vivam à grande, e esses é que são os «portugueses» que se conformam e até se regozijam com as medidas decretadas.

Abraço
João

A. João Soares disse...

Como interpretar a sanidade mental destes «portugueses» perante as seguintes notícias ???

Desemprego subiu 2,4% em Outubro

Indicador de consumo privado com novo mínimo histórico

Funcionários públicos perdem até 30% do rendimento com o Orçamento de Estado para 2012