O economista Paul Krugman que, segunda-feira, vai receber na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, o grau de Doutor Honoris Causa atribuído, pela primeira vez, juntamente por três universidades portuguesas (Universidade de Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa e a Universidade Nova de Lisboa) diz que vê Portugal como o país mais difuso do euro e não se atreve a diagnosticar um futuro risonho para o nosso País.
Acerca de "incidentes" da sua carreira, o economista esclarece: "O que aprendi dessa experiência foi o poder de ideias económicas muito simples e, simultaneamente, a inutilidade de teorias que não podem ter conteúdo operacional. Em particular, a minha experiência num país onde era um enorme desafio até decidir se a produção estava a aumentar ou a cair deu-me uma alergia crónica a modelos que dizem que uma política potencialmente útil existe sem darem uma única forma de determinar que política é essa".
No mesmo sentido de alergia aos modelos matemáticos na política económica pronunciou-se a economista e professora universitária brasileira Maria da Conceição Tavares, no vídeo publicado em Recado a jovens economistas e a governantes onde explica que a economia é uma ciência social, nascida com o nome de economia política que se apoia na história e se dirige ao povo, à vida da sociedade, e para ela «o modelo matemático não serve para nada». E cita vários exemplos da inutilidade ou até inconveniente por inspirar esperanças que depois ficam goradas.
No entanto o nosso Governo está a deixar escravizar-se pelos números, embora, quando interessa para bons efeitos de falso marketing, o PM diga que despreza os números referentes a uma quebra de receitas fiscais e à revisão em baixa de -3 para -3,3% da recessão prevista pela Comissão Europeia para a economia portuguesa em 2012, e se mostre hoje “moderadamente optimista”quanto ao cenário macroeconómico, considerando que é cedo para avaliar a evolução das receitas fiscais. Mas, cuidado, já governa há mais de oito meses e, se deixa passar muito tempo, depois poderá já ser tarde.
Mas se os números, quando olhados com demasiada fé e utilizados como base para previsões, projecções e planeamento, podem sem ilusórios e nefastos, o mesmo não acontece para analisar a situação real no respeitante às pessoas e, como diz Maria da Conceição Tavares, a economia deve servir as pessoas.
Assim, é preocupante que haja cada vez mais desempregados a esgotar os tempos máximos de atribuição dos subsídios de desemprego (inicial, subsequente e social). Em Janeiro, o número de pessoas sem trabalho e sem direito a estes apoios ascendia já a 303.478, o que traduz uma realidade nunca antes registada. Em apenas um mês, a fileira dos desempregados sem direito a receber subsídio de desemprego ficou com mais 15.500, segundo indicam os mais recentes dados da Segurança social e do Instituto do Emprego e da Formação Profissional.
Não é por acaso que o líder da oposição mais uma vez, desafia o PM para que, “em vez da paixão pela austeridade, da obsessão pela austeridade”, coloque “também o emprego e o crescimento económico como a sua principal prioridade”.
Oxalá os nossos governantes analisem com o maior realismo a situação actual, façam uma lista das hipóteses possíveis de solução para a crise e, depois de avaliarem as vantagens e os inconvenientes de cada uma, escolham sensatamente a mais ajustada ao nosso caso concreto tendo como objectivo as melhores condições de vida dos portugueses, principalmente dos mais desfavorecidos, que estão já a lutar com enormes dificuldades.
Imagem de arquivo
Lápis L-Azuli
Há 44 minutos
2 comentários:
Paul Krugman é um tipo porreiro a quem ninguém passa qualquer cartolina porque já ninguém confia em ninguém. Economistas? Só o falecido a quem roubaram o nome da ponte...
Caro Anónimo,
Não podemos esperar pelo regresso do falecido, e não virá outro igual, com sensatez e dedicação ao País. Antes dele houve o primeiro PR, Dr. Manuel Arriaga, que prescindia de mordomias e de motoristas ou carruagem e ia para Belém de eléctrico.
Agora há quem pretenda o enriquecimento rápido por qualquer forma, para si, familiares e amigos a quem deva favores. Claro que poderá haver eventuais excepções.
Quanto à opinião e sugestões de Paul Krugman, sou levado a recordar a metodologia da preparação da decisão, em cujo ponto 3) se listam todas as soluções possíveis, mesmo as que pareçam menos ajustadas. É que neste ponto do estudo não se podem desprezar opiniões estranhas, mesmo que com elas não se concorde.
Quando em 1965-68 tive de lidar em aulas com este método tive um professor falecido há poucos meses, que ao entrar na listagem dizia «agora durante... minutos a asneira é livre. Mais tarde, em 1973, num problema real em que estavam em perigo muitas vidas, o mesmo professor, agora chefe da equipa, usou a mesma frase.
Por isso as palavras de Paul Krugman não devem ser desprezadas, assim como as de elementos da oposição ou da comunicação social. No momento de escolher a solução com mais vantagens e menos inconvenientes, devem estar à vista todas as soluções alvitradas. Às vezes a melhor é a que menos se esperava.
Só não usa esta ou outra metodologia parecida quem, devido á sua escassa preparação ou menos dedicação ao bem público sofrer de egocentrismo, demasiado amor próprio, convencimento de infalibilidade, ou do conceito «quero, posso e mando», arrogância, vaidade, e outros defeitos próprios de humanos sem humildade e vontade de acertar.
Para aprender e ter bom desempenho, é preciso ter humildade de que não se sabe tudo, querer ver e ouvir tudo o que possa melhorar as decisões.
Cumprimentos
João
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