O artigo Ministros com carreira partidária licenciam-se mais tarde que os independentes refere-se a um «estudo dos politólogos António Costa Pinto e Pedro Tavares de Almeida sobre o perfil dos ministros portugueses entre 1976 e 2012» que conclui que «a idade média de conclusão da licenciatura dos governantes de carreira política foi de 32 anos nos dois executivos de José Sócrates e no actual de Pedro Passos Coelho. Enquanto os ministros escolhidos na sociedade civil haviam concluído o seu curso superior com 24 anos.»
O artigo que apresenta aspecto de seriedade, faz recordar uma ficção que, pelos vistos, não anda longe da realidade.
Na aldeia, situada perto da cidade, há um relacionamento cordial entre os aldeãos e muitos comerciantes, sendo alguns destres, naturais das pequenas terras suburbanas. A D. Genoveva, quando comprava um pull-over para o seu filho Zequinha, desabafou com o Sr. Gomes as preocupações com o miúdo que andava mal nos estudos, sem queda para os livros nem paciência para se sentar demoradamente a fazer os trabalhos de casa, parecendo só pensar na bola e outras brincadeiras com os vizinhos. Ela afligia-se com o que iria ser deste rapaz se não tivesse um mínimo de resultados nos estudos.
O Sr. Gomes ouviu pacientemente os desabafos, compreendeu a preocupação da mãe acerca do futuro do filho e lembrou-se de outros casos ocorridos na cidade e que ainda na véspera tinham sido motivo de conversa no Grémio do Comércio. E como tinha amizade à família da D. Genoveva lá lhe sugeriu uma solução possível – dissesse ao filho para se inscrever na Jota do partido do Presidente da Câmara e, se tivesse dúvida, que falasse com o filho do Almeida, dois anos mais velho, para saber como iria conseguir a inscrição.
A D. Genoveva não ficou muito segura com o conselho e, no dia seguinte, falou com outro comerciante, o Sr. Loureiro, que lhe confirmou a vida que passaram a ter dois ou três rapazes que seguiram essa via. Mas recomendou: diga ao Zequinha, para continuar a estudar mas sem se preocupar demasiado com as notas, que passe a não faltar a comícios e outras actividades do partido, seja simpático e prestável para seus colegas e chefes, colabore na colagem de cartazes, agite a bandeirinha, aplauda os discursos dos líderes e depois lhes diga que foi um belo e brilhante discurso. Dessa forma conquistará o apreço do chefe principal e obterá dele os favores para ser nomeado para funções de destaque, como assessor, candidato à assembleia municipal, a vereador, a deputado, podendo ir a secretário de Estado, a ministro e até um dia ser primeiro-ministro, o que seria uma honra para a terra e para os vizinhos e amigos.
Entretanto, baseado no conhecimento que tem com os homens de alta posição, pode fazer jeitos, meter cunhas em benefício de pessoas conhecidas para abreviar um pedido de licença de obras ou qualquer outro caso de burocracia, o que lhe rende umas atenções, uns robalos, umas alheiras, ou as duas coisas juntas, etc. Com isso vai acumular uma considerável fortuna em pouco tempo, como tem acontecido a muitos políticos bem conhecidos. Aliás, não se conhece nenhum ex-político que não seja rico, com abundantes e variados sinais exteriores de riqueza, com várias reformas douradas, e não só.
Mas a mãe Genoveva não via naquilo a realização do seu sonho de ver o filho ser tratado por Sr. Dr. e disse-o ao Sr. Loureiro que, de imediato, a tranquilizou. Não tenha receio, depois de fazer uns favores a gente com poder no ensino, nas grandes empresas, etc., aquilo a que os jornais chamam «tráfico de influências» e «corrupção», acaba por ocupar uns tachos valentes que lhe dão «currículo profissional» com «equivalência» para dezenas de cadeiras numa universidade privada e, depois e com a amizade entretanto adquirida com professores e directores, recebe o diploma que desejar. Não pense que estou a delirar, pois procuro seguir as notícias e vi que veio a público, há dias, que uma universidade deu 89 diplomas, com base em equivalências de «currículo profissional» e de uns pares de cadeiras para, com a boa vontade de professores complacentes, servirem de embalagem ou de capa do diploma. Vá por mim, D. Genoveva. O Zequinha que leve muito a sério a integração no ambiente de «louvaminhas» e concordância reverente com os chefes. Ele, depois de entrar na Jota, verá como é fácil percorrer o caminho e ele até é um rapaz bem dotado de boa presença e de palavra fácil para poder ser um conquistador de votos, e de diplomas.
Imagem de arquivo
O artigo que apresenta aspecto de seriedade, faz recordar uma ficção que, pelos vistos, não anda longe da realidade.
Na aldeia, situada perto da cidade, há um relacionamento cordial entre os aldeãos e muitos comerciantes, sendo alguns destres, naturais das pequenas terras suburbanas. A D. Genoveva, quando comprava um pull-over para o seu filho Zequinha, desabafou com o Sr. Gomes as preocupações com o miúdo que andava mal nos estudos, sem queda para os livros nem paciência para se sentar demoradamente a fazer os trabalhos de casa, parecendo só pensar na bola e outras brincadeiras com os vizinhos. Ela afligia-se com o que iria ser deste rapaz se não tivesse um mínimo de resultados nos estudos.
O Sr. Gomes ouviu pacientemente os desabafos, compreendeu a preocupação da mãe acerca do futuro do filho e lembrou-se de outros casos ocorridos na cidade e que ainda na véspera tinham sido motivo de conversa no Grémio do Comércio. E como tinha amizade à família da D. Genoveva lá lhe sugeriu uma solução possível – dissesse ao filho para se inscrever na Jota do partido do Presidente da Câmara e, se tivesse dúvida, que falasse com o filho do Almeida, dois anos mais velho, para saber como iria conseguir a inscrição.
A D. Genoveva não ficou muito segura com o conselho e, no dia seguinte, falou com outro comerciante, o Sr. Loureiro, que lhe confirmou a vida que passaram a ter dois ou três rapazes que seguiram essa via. Mas recomendou: diga ao Zequinha, para continuar a estudar mas sem se preocupar demasiado com as notas, que passe a não faltar a comícios e outras actividades do partido, seja simpático e prestável para seus colegas e chefes, colabore na colagem de cartazes, agite a bandeirinha, aplauda os discursos dos líderes e depois lhes diga que foi um belo e brilhante discurso. Dessa forma conquistará o apreço do chefe principal e obterá dele os favores para ser nomeado para funções de destaque, como assessor, candidato à assembleia municipal, a vereador, a deputado, podendo ir a secretário de Estado, a ministro e até um dia ser primeiro-ministro, o que seria uma honra para a terra e para os vizinhos e amigos.
Entretanto, baseado no conhecimento que tem com os homens de alta posição, pode fazer jeitos, meter cunhas em benefício de pessoas conhecidas para abreviar um pedido de licença de obras ou qualquer outro caso de burocracia, o que lhe rende umas atenções, uns robalos, umas alheiras, ou as duas coisas juntas, etc. Com isso vai acumular uma considerável fortuna em pouco tempo, como tem acontecido a muitos políticos bem conhecidos. Aliás, não se conhece nenhum ex-político que não seja rico, com abundantes e variados sinais exteriores de riqueza, com várias reformas douradas, e não só.
Mas a mãe Genoveva não via naquilo a realização do seu sonho de ver o filho ser tratado por Sr. Dr. e disse-o ao Sr. Loureiro que, de imediato, a tranquilizou. Não tenha receio, depois de fazer uns favores a gente com poder no ensino, nas grandes empresas, etc., aquilo a que os jornais chamam «tráfico de influências» e «corrupção», acaba por ocupar uns tachos valentes que lhe dão «currículo profissional» com «equivalência» para dezenas de cadeiras numa universidade privada e, depois e com a amizade entretanto adquirida com professores e directores, recebe o diploma que desejar. Não pense que estou a delirar, pois procuro seguir as notícias e vi que veio a público, há dias, que uma universidade deu 89 diplomas, com base em equivalências de «currículo profissional» e de uns pares de cadeiras para, com a boa vontade de professores complacentes, servirem de embalagem ou de capa do diploma. Vá por mim, D. Genoveva. O Zequinha que leve muito a sério a integração no ambiente de «louvaminhas» e concordância reverente com os chefes. Ele, depois de entrar na Jota, verá como é fácil percorrer o caminho e ele até é um rapaz bem dotado de boa presença e de palavra fácil para poder ser um conquistador de votos, e de diplomas.
Imagem de arquivo
1 comentário:
Podem os situacionistas dizer que o artigo linkado a seguir não cita pessoa muito credível, mas ninguém esperaria um exame de consciência de jotas do PSD!!!
"Jovenzinhos" do PSD "sem formação democrática" e do "lado errado da história"
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