Transcrição de notícia:
"Há que encorajar o investimento produtivo", diz João Salgueiro
Expresso. 8:31 Quinta feira, 11 de outubro de 2012
Para o ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos o programa da troika pode ajudar o país a criar uma alternativa à austeridade, que passe por um novo modelo para a economia que "encoraje o investimento produtivo."
A alternativa às políticas de austeridade é um modelo económico virado para "encorajar o investimento produtivo", considera o antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos João Salgueiro.
Numa entrevista à Lusa, Salgueiro disse que a solução para a crise terá de passar por um novo modelo para a economia. O Governo devia assim fomentar o "investimento produtivo": "Não há outro [caminho]. É o que todos os países fizeram. Temos de concentrar todas as nossas atenções no investimento produtivo."
E como é que se encoraja o investimento produtivo? "Não tem nada que saber", responde Salgueiro. "O capital para nós é ilimitado. A competência técnica é ilimitada. A capacidade empresarial é ilimitada. Temos todo o capital de que precisamos, se o atrairmos." Quanto às formas de atrair capital, Salgueiro diz que basta "criar condições para isso": "Vamos ver as boas práticas dos países que tiveram sucesso. Até o Vietname está a atrair investimento americano, tendo um Governo comunista!" Salgueiro aponta uma série de obstáculos ao investimento em Portugal que na sua opinião poderiam ser rapidamente afastados.
"Fale com algum empresário, dos poucos que ainda andam aí a mexer-se e pergunte quantos anos é que leva a montar uma fábrica. Na aquacultura, são precisas 32 autorizações, para fazer um hotel são não sei quantas, é preciso andar de repartição em repartição", afirma.
Atrair mais investimento estrangeiro
"Depois temos uma fiscalidade que todos os anos muda - quem é que quer investir num país que está sempre a alterar [o código fiscal]?" Mas não leva muito tempo a fazer essas reformas? "Não leva nada! A Autoeuropa ficou com uma fiscalidade fixa quando assinou o contrato [com o Governo português]. Os contratos de investimento preveem a fiscalidade, leva dois a três meses a negociar um acordo."
Salgueiro acha que o programa da troika não é um obstáculo para este novo modelo, antes pelo contrário: "Até torna mais fácil atrair o investimento. Se há um programa que nos obriga a ter contas equilibradas e apoia a exportação, isso é ideal para quem queira vir para cá."
O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos considera que a dimensão do país não é um problema para a captação de investimento: "Esse choradinho de que o país é pequeno não é verdade. E também não é periférico, é mentira, estamos entre duas grandes regiões do mundo", os Estados Unidos e a Europa Ocidental.
"Um país como a Coreia [do Sul] está muito mais longe dos EUA e da Europa, e desenvolveu-se bem", conclui Salgueiro.
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Mais uma conquista para António Costa
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Porém, os economistas que apoiam o Governo teimam nas soluções fiscais, no massacre dos pequenos e médios contribuintes, no empobrecimento, e ignoram a via do emagrecimento da máquina do Estado, da redução das despesas inúteis e improdutivas, como se conclui das seguintes notícias:
- Fiscalista Carlos Lobo defende "alteração do paradigma de política fiscal”
- “O massacre fiscal é gigantesco”, diz o fiscalista António Costa Santos, antigo governante do PS
- Seguro: próximo Orçamento do Estado "insiste no empobrecimento"
Quanto à austeridade, tem passado para a opinião pública ser culpa da troika, mas agora Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, procura colocar os pontos nos ii ao dizer que «os Governos nacionais são responsáveis pelas medidas de austeridade que aplicam» e ao sublinhar que "as decisões não são tomadas pelas instituições europeias, mas sim pelos Governos da Europa, e isso é muito importante em termos de responsabilidade, porque esta é parte do problema", já que alguns governos tentam passar a ideia de que as medidas que adotam lhes são impostas, "o que não é verdade".
E justifica as sua palavras porque "alguns governos dizem ao seu público que têm problemas porque 'eles', aqueles 'fulanos' em Bruxelas, ou em Frankfurt, no caso do BCE, ou em Washington, no caso do FMI" estão a impor-lhes algo, "e isto simplesmente não é verdade".
Entre nós e apesar do sacudir da água para o capote da troika surgem confissões de que a austeridade vai muito além daquilo que foi decidido com a troika como é o caso do IMO em que Governo quer aumento de IMI quatro vezes superior ao exigido pela "troika"
É pena que os governantes não se afastem da sua doentia obsessão pelas medidas fiscais e não enveredem pelas soluções do género da expressa pelo professor João Salgueiro. Precisamos de parar com a recessão e o empobrecimento e iniciar a reconstrução da economia nacional.
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