Ao ler o artigo O que eles esperam para 2013 em que constam opiniões de várias figuras públicas de diversos sectores, procurei enquadrar as palavras dos notáveis com o princípio de que em democracia se deve governar as populações, com elas e para elas e o seu bem-estar deve ser objectivo fundamental ao qual se submetem os números que servem apenas como ferramentas e indicadores da eficiência do desempenho, e nunca como objectivos esmagadores dos interesses da população. Esta é o principal dos três pilares de um Estado, sendo os outros dois o território e a organização político-administrativa.
A máquina burocrática, os assessores e especialistas que enchem os gabinetes ministeriais, os tentáculos do polvo nas fundações, nas PPPs, nos observatórios, nas denominadas empresas públicas, nas instituições criadas com finalidades pouco claras para empregar afeiçoados do regime, as mordomias e a ostentação, etc. devem ser dimensionadas com a preocupação restritiva da necessidade e da utilidade pública.
Das frases constantes do artigo, selecciono as seguintes, com a esperança de as ver tomadas em consideração pelos governantes durante o ano:
«O desemprego é a expressão mais gravosa, também mais difícil do ponto de vista humano, e não pode ser uma variável secundarizada no domínio das políticas públicas. Espero que 2013 seja, nesse aspecto, um ano em que, em primeiro lugar, os governos governem bem, mas que saibam reconhecer que quando erram têm de mudar, e isso às vezes não é patente. Em segundo lugar, que a discussão à volta da despesa pública seja feita com maior consenso social e político, mas seja feita com pés e cabeça, sem emotividade, sem lógicas de curto prazo.”» (António Bagão Félix).
«É essencial apelarmos a todos os cidadãos e à sociedade civil para que, através das suas iniciativas, possam corresponder aos anseios, às necessidades, às urgências, designadamente de uma sociedade que precisa de mais coesão, mais confiança e mais proactividade.”» (Guilherme d’Oliveira Martins).
«…o aumento da carga fiscal vai reduzir bastante o rendimento disponível das famílias, muito mesmo para alguns escalões, e isso vai fazer reduzir o consumo e vai pôr em dificuldades presumivelmente muitas famílias endividadas.» (João Ferreira do Amaral).
«…pensar um modelo novo de sociedade, um modelo alicerçado na igualdade de todos os portugueses, onde o essencial não faltasse para nenhum dos portugueses e que aqueles que são os mais carenciados pudessem também encontrar um pouco mais de consolação e alegria … Teremos de, efectivamente, dar as mãos, em primeiro lugar, porque o espírito de solidariedade, para mim, é fundamental. A atenção de uns para os outros é imprescindível, de modo que o essencial não falte a ninguém.” »(Jorge Ortiga).
«Espero que no próximo ano haja maior equilíbrio na aplicação das medidas de austeridade e que a fome acabe, especialmente a que atinge crianças e idosos. É preciso maior respeito pelas pessoas … A justiça em Portugal precisa de ter mais coragem e maior eficácia »(Simone de Oliveira).
«que a economia em Portugal (…) consiga encontrar mecanismos para suavizar aquilo que já tem sido tão gravoso para a maior parte das famílias portuguesas. Nós temos condições endógenas para podermos ser um país de progresso. (…) e que também os nossos governantes percebam bem o valor desta palavra “solidariedade” e percebam, de uma vez por todas, ao longo do próximo ano, que as pessoas estão antes dos euros, que as pessoas estão antes da superação rápida, veloz, agressiva do défice.”» (Eugénio da Fonseca).
«… que cessem de atirar medidas para cima da população como se fossem armas de arremesso e que sejam capazes de melhor apresentar e discutir os problemas – não é as medidas, os problemas – para que saibamos melhor do que se trata, do que nos faz viver e sofrer, para que possamos melhor colaborar na procura de soluções e depois encontrar soluções. O estilo que foi seguido nestes últimos dois anos, e nos anos anteriores, aliás, é um estilo que enfraquece a democracia e enfraquece a liberdade, que é de pura e simplesmente fechar a informação, não explicar, não ajudar a compreender e depois atirar medidas para cima, para cima das pessoas, boas ou más, em geral más agora.”» (António Barreto)
«Tenho muitas dúvidas que as pessoas que se encontram à frente dos destinos do país se encontrem em condições de levar isto a bom porto. (…) Estão ligadas e são dependentes de interesses. (…) O impacto [da governação] é o que se está a ver: a criação de miséria.» (Mário de Carvalho)
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