Notícia diz que o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, se reúne com o economista chefe Pier Carlo Padoan e outros altos responsáveis da OCDE para discutir as reformas sobre as funções sociais do Estado.
Esta notícia conduz a dúvidas e incertezas preocupantes. A economia foi criada para benefício das pessoas, para facilitar a gestão dos seus interesses, como seres vivos, em sociedade. Constitui, por isso, uma actividade que ultrapassa as capacidades dos economistas tradicionais que não resistem à tentação de se escravizarem ao jogo dos números, de modelos matemáticos, sem sensibilidade nem propensão para descer ao campo das realidades onde, por vezes, a aplicação dos cálculos matemáticos, dos modelos sofisticados, produz efeitos dramáticos. A economia é uma ciência demasiado complexa para ser deixada exclusivamente aos economistas.
A austeridade que tem estado a destruir a actividade económica, depois de retirar quanto pôde às famílias, constitui um exemplo muito claro do fracasso dos economistas, que lesaram a economia em benefício de interesses da alta finança.
Se o interesse de Carlos Moedas é realmente obter opiniões, conselhos, e sugestões para a Reforma do Estado Social, não deve deixar de ouvir sociólogos, psicólogos e pessoas generosas com experiência de contactos com cidadãos mais carenciados que procuraram apoiar como, por exemplo, da direcção da Cáritas e os altos elementos da Igreja.
Se olhar apenas para os números e os utilizar nas gélidas calculadoras, corre o risco de aplicar a eutanásia a todos os cidadãos que não trabalham e aí correria o risco de não deixar de olhar para os seus ascendentes, familiares e amigos e pensar na sua própria vida dentro de poucos anos.
A dignidade humana deve ser respeitada e, por outro lado, como político que é, não esqueça que a maioria dos votos é proveniente dos não activos, daqueles a quem um seu «brilhante» camarada de partido chamou «peste grisalha». Procure temperar o seu entusiasmo jovem com a maturidade e a experiência amontoada durante muitos anos pelos mais «grisalhos».
Imagem de arquivo
DELITO há dez anos
Há 1 hora
2 comentários:
Caro João Soares
"Discutir as reformas sobre as funções sociais do Estado" não passa de um eufemismo para dizer "receber instruções para acabar com as funções sociais do Estado".
É bom não esquecer que Portugal há mais de um ano que deixou de ser um estado soberano.
Caro Fernando Vouga,
Há verdades que custam a aceitar e estas suas são mesmo muito dolorosas. Os políticos não mostram o menor sentido de responsabilidade perante os cidadãos que era suposto serem tidos como detentores da soberania, a qual seria garantida pelos eleitos para tal. Mas estes, submissos a estrangeiros e aos poderes financeiros, acabam por se ufanar de que oprimem os cidadãos mais do que o exigido pelos poderes a que obedecem, «custe o que custar».
Procuram sacar o máximo aos menos ricos, acabando com a classe média, mas sem darem oportunidade que as pessoas produzam riqueza e possam ficar com um mínimo para poderem viver com dignidade. Os apoios sociais deviam servir para essa vida com um grau de dignidade e comodidade que justifique o sacrifício de viver. Mas há muitos que vão deixando de suportar tal sacrifício e optem pelo suicídio como disse Paulo Morais no seu artigo de ontem.
Muito gostava de recuperar a esperança em dias melhores, mas cada vez são maiores as preocupações.
Abraço
João
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